AFP
O Vaticano vai impulsionar a formação de bispos de todo o mundo na luta contra a pedofilia, graças a um acordo entre a comissão vaticana contra as agressões sexuais a menores e o Ministério para a Evangelização, anunciou o site Vatican News nesta sexta-feira (21).
O papa Francisco, que em 2014 criou a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores com o objetivo de acabar com o grave fenômeno da pedofilia dentro da Igreja, deseja que as entidades trabalhem juntas durante ao menos três anos na formação dos bispos.
A comissão foi criticada duramente por um de seus membros mais influentes, o jesuíta Hans Zollner, que renunciou recentemente ao cargo que ocupava nesse órgão recentemente, alegando que a entidade apresentava problemas estruturais relacionados ao cumprimento, à responsabilização e à transparência.
"A comissão deve resolver problemas urgentes", denunciou Zollner.
Segundo o acordo anunciado nesta sexta, serão organizadas, sobretudo, sessões de capacitação para os bispos recém-ordenados.
Em uma entrevista ao Vatican News, o responsável pela comissão, o cardeal americano Sean O'Malley, explicou que o órgão vai "desenvolver programas com o objetivo de atender as vítimas".
"Se contássemos no passado com a informação que temos agora sobre como proteger e compreender [essa problemática], a história da Igreja teria sido diferente", reconheceu.
"Estamos tentando contar também com a experiência de uma vítima para que os novos bispos possam ouvir em primeira mão o testemunho dramático e os efeitos que esse terrível crime tem sobre suas vidas", acrescentou O'Malley.
Francisco pediu à comissão para "sair e trabalhar com os bispos de todo o mundo para que se capacitem e consigam assim acompanhar e trabalhar com as vítimas" de forma a superar esse drama.
O responsável pelo dicastério (ministério), o cardeal Luis Antonio Tagle, declarou ao Vatican News que se trata de um desafio para sua pasta, já que implica em conhecer tanto as leis e normas aprovadas pelo Vaticano como as dos países envolvidos.
O'Malley considerou que a criação da comissão, há oito anos, gerou "expectativas pouco realistas" sobre como acabar com o fenômeno do abuso sexual de menores na Igreja e no mundo.
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