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GUERRA: bombardeio causa graves danos a escritório da AFP em Gaza

A guerra entre Israel e Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes do grupo islamista em solo israelense em 7 de outubro, no qual morreram 1.400 pessoas, a maioria civis.

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AFP

Publicado em 04/11/2023 às 9:51
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O escritório da AFP na Faixa de Gaza, um território bombardeado incessantemente pelo Exército israelense, ficou seriamente danificado por um ataque na quinta-feira, constatou um colaborador da agência nesta sexta-feira (3).

À noite, o Exército israelense disse que bombardeou "perto" do escritório, mas que não apontou para o edifício de "nenhuma maneira".

A AFP é a única das três grandes agências de notícias internacionais que dispõe de um "live video" que transmite ao vivo da cidade de Gaza. Apesar dos danos do impacto, a comunicação não foi interrompida.

Segundo o colaborador da AFP, que conseguiu se aproximar do local na manhã dessa sexta, um projétil explosivo entrou de leste a oeste no escritório da parte técnica, situado no último andar de um edifício de 11 andares. O disparo destruiu a parede oposta à janela e causou grandes danos a duas salas adjacentes.

A onda expansiva da explosão destruiu os depósitos de água situados no terraço do prédio, localizado na parte oeste do bairro de Rimal, perto do porto.

Um porta-voz do Exército israelense, contactado pela AFP, indicou que seus serviços haviam "verificado [a informação] diversas vezes" e que "não houve bombardeio [do Exército israelense] no edifício" em questão.

Mais tarde, um porta-voz militar declarou que, "segundo a informação que temos atualmente, parece ter ocorrido um ataque das FDI [Forças de Defesa de Israel] perto do edifício para eliminar uma ameaça iminente".

"É muito importante destacar que o edifício não era alvo do Tzahal [o Exército israelense] de nenhuma maneira e que não temos indícios de que houve falha no alvo deste ataque", acrescentou a porta-voz à AFP, sem dar mais detalhes.

"Houve um ataque do Tzahal nas imediações que pode ter causado escombros", acrescentou.

O presidente da AFP, Fabrice Fries, disse que a agência condenava "com a maior firmeza esse bombardeio contra seus escritórios na cidade de Gaza".

LOCALIZAÇÃO DA AFP ERA CONHECIDA DE TODOS

FADEL SENNA / AFP
Israel ampliou na sexta-feira (28) os ataques à Faixa de Gaza - FADEL SENNA / AFP

Sua localização "era conhecida por todos e foi lembrada várias vezes nesses últimos dias, precisamente para evitar um ataque como esse e permitir que possamos seguir cobrindo com imagens no terreno", acrescentou.

"As consequências de um disparo como esse teriam sido devastadoras se a equipe da AFP não tivesse sido retirada da cidade", advertiu.

Jodie Ginsberg, presidente do Comitê para a Proteção de Jornalistas, com sede em Nova York, lembrou que "os jornalistas e as redações dos meios de comunicação devem ser respeitados e protegidos".

"Atacar os meios de comunicação é um crime de guerra", escreveu nesta sexta-feira a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) em um comunicado publicado na rede social X, antigo Twitter. Também pede "uma investigação imediata".

Segundo as imagens ao vivo da câmera, que transmite 24 horas ininterruptamente, o bombardeio ocorreu na quinta-feira, poucos minutos antes do meio-dia (7h pelo horário de Brasília).

Nenhum dos oito membros, entre funcionários e colaboradores permanentes da AFP radicados habitualmente em Gaza, estava no local no momento do impacto. Todos foram enviados para o sul da Faixa de Gaza em 13 de outubro, depois que o Exército israelense pediu à população que deixasse o norte desse território, sob controle do movimento islamista palestino Hamas desde 2007.

A guerra entre Israel e Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes do grupo islamista em solo israelense em 7 de outubro, no qual morreram 1.400 pessoas, a maioria civis.

Desde então, Israel bombardeia massivamente o território palestino para "aniquilar" o Hamas. Mais de 9.000 pessoas, entre elas 3.800 crianças, morreram em Gaza, segundo o grupo islamista.

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