GUERRA: bombardeio causa graves danos a escritório da AFP em Gaza
A guerra entre Israel e Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes do grupo islamista em solo israelense em 7 de outubro, no qual morreram 1.400 pessoas, a maioria civis.
O escritório da AFP na Faixa de Gaza, um território bombardeado incessantemente pelo Exército israelense, ficou seriamente danificado por um ataque na quinta-feira, constatou um colaborador da agência nesta sexta-feira (3).
À noite, o Exército israelense disse que bombardeou "perto" do escritório, mas que não apontou para o edifício de "nenhuma maneira".
A AFP é a única das três grandes agências de notícias internacionais que dispõe de um "live video" que transmite ao vivo da cidade de Gaza. Apesar dos danos do impacto, a comunicação não foi interrompida.
Segundo o colaborador da AFP, que conseguiu se aproximar do local na manhã dessa sexta, um projétil explosivo entrou de leste a oeste no escritório da parte técnica, situado no último andar de um edifício de 11 andares. O disparo destruiu a parede oposta à janela e causou grandes danos a duas salas adjacentes.
A onda expansiva da explosão destruiu os depósitos de água situados no terraço do prédio, localizado na parte oeste do bairro de Rimal, perto do porto.
Um porta-voz do Exército israelense, contactado pela AFP, indicou que seus serviços haviam "verificado [a informação] diversas vezes" e que "não houve bombardeio [do Exército israelense] no edifício" em questão.
Mais tarde, um porta-voz militar declarou que, "segundo a informação que temos atualmente, parece ter ocorrido um ataque das FDI [Forças de Defesa de Israel] perto do edifício para eliminar uma ameaça iminente".
"É muito importante destacar que o edifício não era alvo do Tzahal [o Exército israelense] de nenhuma maneira e que não temos indícios de que houve falha no alvo deste ataque", acrescentou a porta-voz à AFP, sem dar mais detalhes.
"Houve um ataque do Tzahal nas imediações que pode ter causado escombros", acrescentou.
O presidente da AFP, Fabrice Fries, disse que a agência condenava "com a maior firmeza esse bombardeio contra seus escritórios na cidade de Gaza".
LOCALIZAÇÃO DA AFP ERA CONHECIDA DE TODOS
Sua localização "era conhecida por todos e foi lembrada várias vezes nesses últimos dias, precisamente para evitar um ataque como esse e permitir que possamos seguir cobrindo com imagens no terreno", acrescentou.
"As consequências de um disparo como esse teriam sido devastadoras se a equipe da AFP não tivesse sido retirada da cidade", advertiu.
Jodie Ginsberg, presidente do Comitê para a Proteção de Jornalistas, com sede em Nova York, lembrou que "os jornalistas e as redações dos meios de comunicação devem ser respeitados e protegidos".
"Atacar os meios de comunicação é um crime de guerra", escreveu nesta sexta-feira a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) em um comunicado publicado na rede social X, antigo Twitter. Também pede "uma investigação imediata".
- Crise humanitária em Gaza cresce, enquanto Blinken procura apoio para cessar-fogo
- GUERRA: brasileiros deixarão Gaza até quarta-feira, afirmou Mauro Vieira
- GUERRA: Hamas afirma que bombardeio israelense contra ambulâncias em Gaza deixou 15 mortos
- GUERRA: chefe da diplomacia dos EUA pede 'pausas' humanitárias em Gaza
Segundo as imagens ao vivo da câmera, que transmite 24 horas ininterruptamente, o bombardeio ocorreu na quinta-feira, poucos minutos antes do meio-dia (7h pelo horário de Brasília).
Nenhum dos oito membros, entre funcionários e colaboradores permanentes da AFP radicados habitualmente em Gaza, estava no local no momento do impacto. Todos foram enviados para o sul da Faixa de Gaza em 13 de outubro, depois que o Exército israelense pediu à população que deixasse o norte desse território, sob controle do movimento islamista palestino Hamas desde 2007.
A guerra entre Israel e Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes do grupo islamista em solo israelense em 7 de outubro, no qual morreram 1.400 pessoas, a maioria civis.
Desde então, Israel bombardeia massivamente o território palestino para "aniquilar" o Hamas. Mais de 9.000 pessoas, entre elas 3.800 crianças, morreram em Gaza, segundo o grupo islamista.