Famílias palestinas processam governo dos EUA por ajuda militar a Israel
Desde o início da guerra de Israel contra o Hamas, os Estados Unidos promulgaram leis para fornecer mais de US$ 12,5 bilhões em ajuda militar a aliado
Cinco famílias palestinas processaram o Departamento de Estado americano, nesta terça-feira (17), pelos bilhões de dólares em ajuda militar que Washington forneceu a Israel, exigindo a aplicação das normas dos Estados Unidos para conter o fluxo de armas, devido às denúncias de abusos dos direitos humanos.
A ação, apresentada nesta terça-feira e à qual o Departamento de Estado tem 60 dias para responder, exige a aplicação da chamada Lei Leahy, da qual os demandantes e o grupo de direitos humanos afirmam que Israel foi ilegalmente isentado.
A lei proíbe a assistência em segurança a unidades que enfrentam acusações credíveis de cometer abusos dos direitos humanos.
Desde o início da guerra de Israel contra o movimento islamista palestino Hamas em outubro de 2023, os Estados Unidos promulgaram leis para fornecer mais de US$ 12,5 bilhões (R$ 77 bilhões, cotação atual) em ajuda militar direta ao seu aliado estratégico.
Em uma entrevista coletiva em Washington nesta terça-feira, o palestino-americano Said Assali, um dos demandantes, afirmou que sua tia e seus seis filhos morreram em um ataque aéreo israelense sobre a cidade de Gaza, alegando que armas dos Estados Unidos foram utilizadas para realizar o ataque.
"Nossas famílias pagaram um preço insuportável pela recusa do Departamento de Estado em aplicar suas próprias leis", disse Assali.
Dois ex-funcionários do Departamento de Estado disseram aos jornalistas que as autoridades americanas aplicam uma "exceção israelense" informal ao avaliar as ações militares do país.
"A realidade é que Israel opera sob um conjunto diferente de regras. O Departamento de Estado criou esse processo único, oneroso e de alto nível para determinar [que] se aplica apenas a Israel", afirmou Charles Blaha, um ex-funcionário do Departamento de Estado que trabalhou nessas determinações.
Josh Paul, que renunciou ao Departamento de Estado no ano passado em protesto contra a política dos Estados Unidos em Gaza, fez uma avaliação semelhante.
O Departamento de Estado se recusou a comentar sobre a apresentação da demanda.