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Queda de Andrew Cuomo mostra que a caça aos assediadores nos EUA não é de brincadeira

"A punição pública a um assediador não é a única boa notícia para o mundo feminino. Quem vai substitui-lo no cargo é a vice-governadora Kathy Hochul, 62 anos, notória defensora das mulheres e que já liderou campanha contra casos de estupros em universidades americanas". Leia o artigo de Terezinha Nunes

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TEREZINHA NUNES

Publicado em 17/08/2021 às 6:15
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O mês de agosto, escolhido como símbolo da luta das mulheres brasileiras contra a violência de gênero que tem como símbolo a cor lilás - já exibida em prédios públicos - traz, a nível mundial, um grande avanço neste campo.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, 63 anos, que entrou em desgraça depois que ficou comprovado que assediou onze mulheres a ele subordinadas, não resistiu ao escândalo provocado pelas revelações e anunciou que renunciará ao cargo dia 24 deste mês.

A punição pública a um assediador não é a única boa notícia para o mundo feminino. Quem vai substitui-lo no cargo é a vice-governadora Kathy Hochul, 62 anos, notória defensora das mulheres e que já liderou campanha contra casos de estupros em universidades americanas.

A queda de Cuomo no auge de sua popularidade - chegou aos 77% de aprovação pelo trabalho de combate à pandemia, quando enfrentou o negacionista Donald Trump - mostra que a caça aos assediadores nos Estados Unidos, desencadeada em 2017 pelo movimento Me Too não é de brincadeira e atinge todos os setores, da politica à economia, passando por Hollywood.

Além disso não é pouca a disposição da vice Hochul de aproveitar sua permanência no cargo para demonstrar sua insatisfação com o comportamento de Cuomo. Tão logo ficou comprovado o assédio ela detonou o companheiro de chapa:"o assédio é inaceitável em qualquer local de trabalho ainda mais no serviço público. Admiro a coragem das vítimas e acredito nas suas palavras".

Na semana passada, em entrevista à NBC ela prometeu fazer " uma mudança cultural significativa" um claro recado a Cuomo e concluiu: " No final do meu mandato ninguém descreverá minha administração como um ambiente de trabalho tóxico".

Hochul será a primeira mulher a governar Nova York, um estado que tem 233 anos. Para desespero de Cuomo, que sonhava com um quarto mandato no auge da pandemia - as eleições são ano que vem - ela já declarou que será candidata em 2022.

Outra mulher tão forte quanto a vice, a procuradora geral Letítia James, que conduziu as investigações que levaram a desmascarar o atual governador, também vai se candidatar ao cargo.

Pelo visto, mudança pró mulheres tá vindo a galope.

Terezinha Nunes, jornalista

 

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