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Soberania versus clima 2: a árdua tarefa de todos na COP26, conferência do clima

"Os 195 países signatários do Acordo de Paris sobre o clima, se reunirão em Glasgow, Escócia, para decidir como, quando e quanto implementar das medidas necessárias para que o aquecimento global da terra não ultrapasse 1.5 graus". Leia o artigo de Raul Jungmann

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Raul Jungmann

Publicado em 28/10/2021 às 6:14 | Atualizado em 23/11/2021 às 3:08
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Domingo, 31 de outubro, os 195 países signatários do Acordo de Paris sobre o clima, se reunirão em Glasgow, Escócia, para decidir como, quando e quanto implementar das medidas necessárias para que o aquecimento global da terra não ultrapasse 1.5 graus célsius. Caso contrário, o cenário previsto pelo 6º Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas da ONU é devastador, com a recorrência de eventos extremos - desde elevação dos oceanos, secas, temporais, tufões etc, com reflexos em migrações, pandemias, violência social, conflitos, confrontos e guerras por recursos naturais mais e mais escassos. Se a expectativa é grande, as metas expressas nas NDCs - Compromissos Nacionalmente Determinados, de redução de emissões de CO2, dióxido de carbono, já feitos por 75 países, responsáveis por 30% das emissões, deixam a desejar. Para Peter Giger, ambientalista suíço, "por gerações tiramos lentamente os blocos de sustentação do clima. Periga que, em algum momento, removamos um bloco fundamental levando ao colapso de um dos principais sistemas de circulação oceânica global, por exemplo, a Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico, que fará com que todo ou parte do sistema climático global caia em uma emergência planetária". Estes riscos e emergência tropeçam em duas questões básicas. Uma, que o nosso sistema internacional das nações é anárquico e não possui uma governança global dotada de "enforcement" compatível com o tamanho do desafio da crise climática. Outra, que o sistema tem por base Estados-Nação, para os quais a soberania se sobrepõe às exigências de cooperação global, por envolver a questão da segurança e estoque dos seus recursos naturais. Donde a desconfiança entre todos é a regra que predomina, os menos desenvolvidos supondo uma trapaça com cores e narrativa ambiental dos países ricos, para desfazer as suas vantagens competitivas, e estes não liberando recursos e tecnologia para os primeiros, sem que compromissos e metas sejam antecipadamente firmados e cumpridos sob monitoramento de instituições independentes, porém com maioria dos países desenvolvidos. Superar essas assimetrias e desconfianças será a árdua tarefa de todos em Glasgow. Novamente, enquanto é tempo...

Raul Jungmann, Ex-ministro da Reforma Agrária, Defesa e Segurança Pública.

 

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