Atualizada às 18h55 do dia 05/03/2020
Macas amontoadas pelo chão, falta de materiais hospitalares e más condições sanitárias. Assim é a situação do Hospital Otávio de Freiras (HOF), localizado no bairro de Tejipió, Zona Sul do Recife, de acordo com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que realizou vistoria na unidade de saúde na última quarta-feira (4). Após constatar as condições, o órgão agendou uma audiência com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) no próximo dia 11, para cobrar um posicionamento.
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Em nota, a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde da Capital afirmou que encontrou pacientes amontoados inclusive em áreas de deslocamento, como corredores e portas de elevadores, "o que além de ferir a dignidade dos pacientes ainda compromete a segurança da emergência e da enfermaria na hipótese de evacuação do local." O órgão ainda informou ter encontrado moscas e até mesmo gatos dentro da unidade de saúde, além de uma fossa exposta e de condições precárias na cozinha do hospital. A falta de material, outro problema encontrado pelo MPPE, teria inclusive causado a remarcação de procedimentos cirúrgicos de pacientes.
A reunião com o poder público está marcada para às 14h do próximo dia 11, na sede das Promotorias de Justiça da Capital, bairro de Santo Amaro, área Central da cidade. Na ocasião, devem ser ouvidos o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, além da diretoria da unidade de saúde, que é referência em doenças respiratórias.
RESPOSTA
Em nota, a diretoria afirmou que "trabalha constantemente para realizar reparos na unidade com o intuito de oferecer mais conforto aos pacientes e acompanhantes do serviço." De acordo com o hospital, nas últimas semanas, a unidade já iniciou trabalho de manutenção e reparo no setor de pneumologia e outras enfermarias, com troca de pisos, portas e outras restaurações estruturais em todas as áreas do hospital, com a pintura e correção de infiltrações. "Vale lembrar que, por ser um hospital de alta complexidade com fluxo ininterrupto de pacientes com quadros clínicos que inspiram cuidados 24 horas, a unidade não pode isolar completamente as áreas para realização de restauros. Por isso, os trabalhos demandam mais tempo e precisam seguir cronogramas específicos para readequação", diz o comunicado.
A SES informou que a manutenção, que trabalha diuturnamente, é acionada diariamente para o conserto de equipamentos e objetos que são depredados, assim como para higienizar áreas que sofrem com o acúmulo de materiais descartados indevidamente. "Para se ter uma ideia, são repostos, frequentemente, utensílios básicos que são furtados ou depredados da unidade, como lâmpadas, pias e torneiras. Essas situações acabam prejudicando as ações corretivas e as melhorias estruturais realizadas pelas equipes do serviço", diz a nota enviada pelo governo.
Sobre a acomodação dos pacientes, a unidade de saúde afirmou que todos os pacientes admitidos no serviço são acomodados em macas tradicionais. Em relação à presença de animais na unidade, a direção esclareceu que mantém um trabalho permanente no sentido de diminuir a presença de gatos nos espaços da unidade. "Além de reforçar a limpeza de refeitórios e área externa para evitar o acúmulo de alimento para os animais, a unidade promove, rotineiramente, ações de conscientização junto aos profissionais, pacientes e familiares no sentido de não alimentar os gatos que rondam a propriedade". A unidade também trabalha em articulação com o município, que realiza a castração e vermifugação dos animais, assim como faz a busca de abrigo para os mesmos. Por fim, sobre a presença de pragas e insetos, a unidade segue cronograma de controle de insetos e demais pragas nas dependências internas e na área externa do hospital.
O Hospital Otávio de Freitas é referência estadual em urologia, traumato-ortopedia e doenças respiratórias, principalmente tuberculose. Por mês, a unidade registra em suas emergências (urologia, cirurgia geral, clínica médica e traumato-ortopedia adulto e pediátrico) cerca de 2,3 mil atendimentos. Nos ambulatórios, são cerca de 8 mil consultas (médicas e não-médicas) mensais. A unidade realiza, por mês, cerca de 1,5 mil cirurgias, entre procedimentos de emergência e cirurgias eletivas.
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