Os serviços de enfermagem do Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, foram interditados na noite desta quarta-feira (4) por decisão do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE), que votou por unanimidade a favor da suspensão das atividades de enfermeiros e técnicos depois que foi constatada falta de condições de trabalho adequadas para os profissionais da área. A interdição ocorre cinco dias após o HGV ter tido área isolada preventivamente após estalos na estrutura do edifício.
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“Os dezoito conselheiros do Coren-PE, sendo oito técnicos e dez enfermeiros, analisaram toda a situação do hospital e avaliaram que os profissionais estão assustados e trabalham em pânico desde que foram constatados os problemas na estrutura. Dessa maneira, sem segurança, terminam sem condições de prestar a assistência adequada aos pacientes. Por isso, decidimos interditar a enfermagem de três blocos do hospital”, esclarece a presidente do Coren-PE, Marcleide Cavalcanti.
A chefe do setor de fiscalização do conselho, Ivana Andrade, a enfermeira fiscal Andréa Lemos, o procurador-geral Bruno Becker, o conselheiro e tesoureiro do órgão, Fábio Lins, reunira-se com a supervisora de enfermagem do HGV, Mauricéia Dutra, e com a gerente de enfermagem do bloco cirúrgico da unidade, Alessandra Giló, para levantar informações sobre todos os procedimentos realizados em relação aos profissionais de enfermagem que atuam nos setores do bloco isolado ou em setores próximos, desde o dia da interdição.
“A interdição feita pela Defesa Civil foi exclusivamente do bloco G3, mas a direção do hospital decidiu por interditar as áreas mais próximas do bloco G2, vizinho ao G3, na tentativa de passar maior segurança e evitar o clima de medo entre profissionais e pacientes”, disse a supervisora de enfermagem da unidade. Segundo ela, estão sem funcionar nove salas do bloco cirúrgico eletivo, uma sala de recuperação de cirurgia eletiva e o laboratório (área de exames). Além disso, Mauricéia Dutra explicou que as cirurgias eletivas foram transferidas para o bloco cirúrgico de urgência, no G2, que conta com oito leitos.
A equipe do Coren-PE também ouviu profissionais do bloco cirúrgico de urgência, que relataram a sensação de medo em trabalhar sem o laudo conclusivo da real situação da estrutura física do hospital. “Há profissionais com pânico. Estamos respeitando o lado psicológico deles e tentamos realocá-los em setores mais distantes do bloco problemático”, diz Mauricéia.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) diz que permanece monitorando o prédio por meio de uma empresa de engenharia especializada e que novas análises estão sendo realizadas por diversos órgãos, entre os quais está o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Pernambuco (CREA-PE), para examinar a situação e realizar os trâmites necessários.
Leia a nota na íntegra
"A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) lamenta a deliberação do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) sobre a interdição ética dos serviços de enfermagem no Hospital Getúlio Vargas (HGV). Importante frisar que a decisão foi tomada sem nenhum embasamento técnico da área de engenharia e que a SES-PE tomará todas as medidas administrativas e judiciais necessárias para garantir a assistência aos pacientes.
A unidade continua atendendo a população nas mais diversas especialidades, como urologia, neurologia, neurocirurgia, cirurgia vascular e geral, ortopedia e clínica médica. Sobre a interdição, deve-se frisar que tem alcance restrito ao trabalho dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, não alcançando os demais profissionais das equipes médicas.
Vale destacar, ainda, que a rede estadual de saúde tem dado o suporte necessário à unidade, visando garantir a assistência aos usuários do SUS em Pernambuco. A direção do HGV ainda tem dialogado, permanentemente, com as equipes da unidade e suas lideranças sobre toda a situação.
Sobre a estrutura da unidade, além do isolamento preventivo e provisório do Bloco G3, novas análises estão sendo realizadas por diversos órgãos, entre os quais o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Pernambuco (CREA-PE) para averiguar a situação e dar os devidos encaminhamentos.
A Secretaria também está trabalhando em um estudo de intervenção para resolver definitivamente os problemas de acomodação estrutural do Bloco G da unidade, cujo cronograma será apresentado nos próximos dias para as entidades profissionais.
Por fim, a Secretaria Estadual de Saúde esclarece que continua monitorando permanentemente, por meio de contrato com empresa de engenharia especializada, a estrutura do prédio do HGV e todos os laudos apresentados atestam a segurança da estrutura."