COVID-19

Coronavírus: praias e ruas desertas preocupam pescadores e comerciantes no Litoral Norte

Menos de seis meses após a chegada das manchas de óleo, comércio e pesca vivem novo drama

Amanda Rainheri
Cadastrado por
Amanda Rainheri
Publicado em 24/03/2020 às 15:35 | Atualizado em 24/03/2020 às 15:45
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

O sossego não durou nem seis meses. Pescadores e comerciantes do Litoral Norte do Estado viveram dias difíceis quando as manchas de óleo chegaram em grandes quantidades à costa pernambucana, em outubro de 2019. Foram semanas de vendas em baixa e poucos turistas nas areias. Agora os fantasmas voltam a assombrar. Para evitar a disseminação do novo coronavírus (covid-19), o governo determinou o fechamento de bares e restaurantes, além das praias do município. O resultado são ruas e praias desertas, que preocupam quem precisa tirar o sustento desses locais. 

>> Hotéis de Pernambuco perto de fechar as portas por causa do novo coronavírus

>> Trabalhador do turismo reflete imagem da desolação causada por coronavírus

Na Ilha de Itamaracá, os cartões-postais estão vazios. Na Praia do Forte Orange, um dos pontos turísticos mais visitados, não há sinal de turistas ou de comércio. Um único estabelecimento estava aberto na manhã desta terça-feira (24) para obras. "Tudo parou de funcionar no sábado (21), sem previsão de retorno", conta o garçom Marcelo Santana, de 34 anos. "É necessário fechar, mas não sabemos como vão ser os próximos meses. Iremos precisar de ajuda do governo para continuar", afirmou. 

Segundo ele, no local é comum ver a Guarda Municipal e a Polícia Militar retirando pessoas que insistem em ficar nas areias. A aposentada Edilma Brasil, 64, é uma das pessoas que ainda frequenta a praia. "Se ficar em casa, a gente entra em depressão. No domingo, apareceu polícia pra tirar a gente da água. Hoje vim rápido até a praia e já estou voltando para casa", afirmou a idosa, que disse estar tomando cuidados de higiene, como lavar as mãos frequentemente com água e sabão. 

Nascido e criado em Itamaracá, o comerciante André Luiz da Cruz, 55, nunca viu situação parecida. "Acho que tem que ser feito o que for necessário para salvar a vida das pessoas. A gente aqui vai se virando como der", afirmou. Dono de um restaurante, ele já precisou demitir dois funcionários e implementou um sistema de entrega de comida. "Mas as vendas caíram 99%. Estou tendo que economizar com tudo", lamentou. 

Para ele, preocupa a possibilidade de o vírus chegar à ilha, que ainda não tem casos contabilizados, de acordo com a prefeitura. "Nunca tive problemas com o acesso à saúde aqui, mas sei que nossos postos e hospitais não vão dar conta de atender as pessoas, caso chegue", pontuou. 

Desde o fim de semana, o acesso à ilha está permitido apenas a moradores e pessoas que precisem realizar a travessia. Uma fiscalização está sendo feita no posto do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRV) para bloquear o acesso de pessoas que não comprovem domicílio no local.

"Estamos alertando as pessoas que não faz sentido entrar na ilha, porque as praias, os restaurantes, bares e todo o comércio de beira de praia estão fechados. Liberamos a entrada de moradores e pessoas que tenham casas no local", afirma a secretária de Saúde de Itamaracá Josilda Valença. Ela coordena um comitê montado no município para monitorar o vírus. Segundo a gestora, equipes da Vigilância Sanitária, da Guarda Municipal e da Polícia Militar atuam em conjunto para sensibilizar a população e orientar os comerciantes quanto ao decreto do Governo do Estado, que exige o fechamento dos estabelecimentos comerciais. 

Quanto a uma possível ajuda aos comerciantes por parte da gestão pública, a secretária afirma que o assunto já está na pauta. "Nos preocupa criar alternativas para auxiliar os trabalhadores informais. Ainda não existe um encaminhamento, mas garantimos que isso entra na pauta quase diariamente", afirmou. 

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
AMARILDES PESSOA - Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Itapissuma) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Itapissuma) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Itapissuma) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Itapissuma) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
ANDRÉ LUIZ - Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Praia de Jaguaribe) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Praia de Jaguaribe) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Praia de Jaguaribe) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Praia de Jaguaribe) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (COROA DO AVIÃO) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação na ilha de Itamaracá durante pandemia do coronavírus (Forte Orange) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Itapissuma

Sem os restaurantes, barracas e ambulantes para fornecer peixes, a pesca na região também foi afetada. Em Itapissuma, logo do outro lado da ponte, as consequências já são sentidas há uma semana pelos pescadores da colônia Z-10, a mais antiga da Região Metropolitana do Recife. "Estamos vendendo muito pouco, só a quem vem até aqui comprar. A situação é de dificuldade. Estamos comendo nosso próprio peixe pescado", conta o pescador Amarildes Pessoa, de 65 anos.  Segundo ele, a situação é mais preocupante do que a do óleo. "Pelo menos lá se resolveu rápido. Agora vai demorar muito, a gente não sabe como vai ser", lamentou. 

Comentários

Últimas notícias