Em tempo de coronavírus, dormir, se alimentar bem e beber água são dicas para se manter saudável

Para garantir uma boa imunidade não é preciso ir atrás de remédios. Importante é uma boa noite de sono, alimentação equilibrada, muita água e atividades físicas, diz médico

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 03/04/2020 às 19:17 | Atualizado em 03/04/2020 às 20:23
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Consumir frutas e sucos pode diminuir o nível do colesterol - FOTO: Divulgação

Em meio à pandemia do novo coronavírus, cada vez mais pessoas buscam medicamentos e dicas de como se manter saudáveis. "Não há melhor remédio para imunidade que ter uma boa noite de sono, alimentação equilibrada e beber bastante água. Além de cuidar da mente e mover o corpo", recomenda o médico Gustavo Godoy, coordenador-técnico do aplicativo Atende em Casa Covid 19, lançado semana passada pela Prefeitura do Recife.

Ele reforça a importância de manter o isolamento social para evitar a disseminação da doença. Mas ressalta que é preciso atenção com o sedentarismo. "Um dos desafios hoje de estar em casa é fazer atividade física. Não dá para ficar o dia inteiro sentado no sofá. Tem que dar um jeito e se exercitar", observa o médico.

Como sugestão, Gustavo Godoy indica o aplicativo Movimenta Recife, que contém videoaulas de ginástica e dança para serem praticadas em casa, nos níveis básico, intermediário e avançado. Há também uma seção com atividades de práticas integrativas (yoga, automassagem, meditação). O mesmo material está disponível no site www.movimenta.recife.pe.gov.br.

GRUPOS DE RISCO

Toda a população deve se prevenir do Covid-19, mas algumas pessoas devem ter atenção redobrada por integrarem grupos de risco da doença: idosos, diabéticos, hipertensos, profissionais de saúde, cardíacos, asmáticos ou quem faz tratamento de quimioterapia, radioterapia e hemodiálise. Grávidas não integram essa lista, desde que a gestação esteja seguindo sem intercorrências e não seja de risco.

"Naturalmente, com o processo de envelhecimento, vai baixando a energia do corpo e diminuindo a imunidade. Com o avanço da idade, doenças crônicas como hipertensão, diabetes e problemas no coração e no pulmão tendem a afetar mais o organismo, o que aumenta o risco de complicação, no caso de a pessoa contrair covid-19", observa Gustavo. Pessoas com mais de 60 anos, portanto, precisam se cuidar mais por estarem mais vulneráveis.

"A diabetes é um problema sistêmico, que afeta todo o corpo, não só a questão hormonal, mas todo o metabolismo. Um diabético tem a imunidade prejudicada em relação às outras pessoas", diz o médico. Atividades físicas regulares, dieta balanceada e saudável e não consumir álcool, tabaco e outras drogas são recomendações do Ministério da Saúde para se prevenir da diabetes.

Gustavo Godoy diz que pacientes com câncer e que estão fazendo quimioterapia ou radioterapia ficam mais suscetíveis a adoecer porque a imunidade cai, o que aumenta as chances de contrair infecções. "Fazemos algumas medicações para controlar a proliferação das células. A consequência disso é a diminuição da imunidade", explica o médico. Pacientes que estão fazendo hemodiálise, que passaram por algum transplante ou fazem tratamento prolongado com corticóide devem se cuidar mais.

REMÉDIOS

As redes sociais são cada vez mais usadas para disseminar informações de como se prevenir do novo coronavírus. Mas há remédios que previnem o Covid-19? Tem medicamentos proibidos durante o tratamento da enfermidade? Ingerir vitaminas C e D ajuda a evitar a doença?

"Existe muita especulação mas nada ainda comprovado cientificamente em relação aos medicamentos. Uma delas foi sobre a recomendação da Organização Mundial de Saúde para não usar ibuprofeno no tratamento do novo coronavírus. Logo depois a entidade voltou atrás. São muitas informaçoes mas sem confirmação científica", destaca o médico infectologista Demetrius Montenegro. Ele atua no Real Hospital Português e no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), ligado à Universidade de Pernambuco (UPE).

Em caso de gripe, o médico recomenda remédios que o doente costuma tomar, como descongestionante nasal, para dor ou para febre. "É fazer a medicação que a pessoa sempre fez, sem inventar muita novidade. Mas na atual situação, é preciso ficar mais atento e avaliar para a possibilidade de ser coronavírus", diz Demetrius.

O médico informa que não há garantia de que vitamina D evita a contaminação. "Não é uma vitamina que vai proteger do coronavírus. A proteção é o isolamento social. Por isso as principais recomendações são manter-se isolado em casa e lavar sempre as mãos. Procurar um hospital apenas se tiver gravidade maior", explica o infectologista. Ele sugere que as pessoas façam reposição de vitaminas por meio de uma alimentação regular e de qualidade.

PESQUISA

A notícia de que a cloroquina, droga usada no tratamento de malária e lupus, poderia curar o covid-19, provocou uma corrida da população às farmácias. "Também não há comprovação do efeito benéfico. Em outros países foi usada em pacientes com mais gravidade, que estavam na UTI e com ventilação mecânica. A OMS vai iniciar uma grande pesquisa, com vários núcleos, para investigar a eficácia da droga. O Huoc vai participar", diz Demetrius.

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