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Veja quais hospitais de campanha foram criados para atender pacientes com coronavírus em Pernambuco

Pernambuco está levantando hospitais de campanha em todas regiões, por esforços do Estado e dos municípios e com auxílio de recursos do Governo Federal

Maria Lígia Barros
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Maria Lígia Barros
Publicado em 14/04/2020 às 18:11 | Atualizado em 14/04/2020 às 18:47
ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO
CONTAS Compra de respiradores e problemas na transparência de hospitais de campanha são apontados pelo TCE - FOTO: ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO

Para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, Pernambuco está levantando hospitais de campanha em todas regiões, por esforços do Estado e dos municípios e com auxílio de recursos do governo federal. Segundo levantamento do Jornal do Commercio, pelo menos 15 unidades de saúde temporárias em 8 cidades foram anunciadas desde a chegada da covid-19. São 721 leitos extras nos 11 empreendimentos que já começaram a ser construídos ou foram finalizados. Apenas quatro equipamentos em dois municípios estão em operação, com 161 leitos extras.

Na Região Metropolitana do Recife (RMR), que já concentra a maior parte da rede de saúde pública, são 9 unidades de portas abertas ou em fase de construção, o que representa no mínimo 581 novos leitos só nos hospitais de campanha.

A capital já inaugurou quatro obras das sete previstas, todas com verba municipal. A última foi o Hospital Provisório Recife 1, na Rua da Aurora, em Santo Amaro, área central, que ainda está sendo equipado e deverá iniciar as operações até a próxima segunda-feira (20). Feito em 20 dias, a unidade hospitalar é maior que qualquer outra da gestão, com capacidade para atender 100 pacientes em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e 60 em enfermaria.

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As outras Unidades Provisórias de Isolamento (UPIs) já estão em funcionamento nas policlínicas Amaury Coutinho (41 leitos), na Campina do Barreto; Barros Lima (42 leitos), em Casa Amarela; e Arnaldo Marques (38 leitos), no Ibura. As estruturas foram montadas na área contígua dos equipamentos, para dar vazão à demanda que surge com o avanço da doença, que já acometeu 733 pessoas no Recife.

Os quatro equipamentos juntos ofertam 281 vagas exclusivas para o tratamento da covid-19. Mais três com a mesma finalidade serão entregues - um anexo construído do zero no Hospital da Mulher e outros dois que ainda não foram detalhados. Para financiar todo plano de contingenciamento, que contempla outras iniciativas além dessas, o município implantou um corte de gastos de R$ 180 milhões a partir da revisão de contratos da administração.

Já Paulista, na RMR, está erguendo desde a última quarta-feira (8) um hospital com 60 leitos para atendimentos de média complexidade, no Clube Municipal do Nobre, no Centro. A cidade soma 75 casos de coronavírus. A previsão é de abrir as portas no dia 27 de abril, daqui a duas semanas, segundo a secretária municipal de Saúde, Fabiana Bernart. Na época em que foi feito o anúncio, a expectativa era de que a obra durasse 10 dias.

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“O município vai estruturar duas salas vermelhas dentro do hospital para atuar caso o paciente necessite ser estabilizado, com toda estrutura de urgência e suporte. Já estamos em fase final de implantar a estruturação física e ainda nesta semana colocaremos a estrutura de oxigênio”, disse.

A operação custará aproximadamente R$ 1,2 milhão mensais. “O Estado mandou cerca de R$ 650 mil do Estado e o Ministério (da Saúde), R$ 1,5 milhão, em parcela única. Esses valores custeiam a implantação e primeiro mês de despesas gerais do hospital, com aluguel da estrutura, equipamentos e pessoal”, explicou.

Em Olinda, também no Grande Recife, serão implantados dois hospitais de campanha. Um deles, fruto de investimento municipal e estadual, é na maternidade Brites de Albuquerque, onde foram abertos 20 leitos de enfermaria e serão disponibilizados mais 40 de UTI. A estrutura é da prefeitura, e o governo de Pernambuco vai equipar gerir a unidade. O segundo equipamento será construído por Olinda no prédio do Centro de Abastecimento Farmacêutico (Caf) e vai oferecer 60 leitos.

O Cabo de Santo Agostinho divulgou no início de abril que está implantando dois novos hospitais; um com 90 leitos, na Praça 9 de Julho, e outro com 30, no estádio Gibão, em Ponte dos Carvalhos - ambos para pacientes de baixa a média complexidade.

A reportagem do JC entrou em contato com a prefeitura para saber o investimento e o andamento das obras, mas, até o momento da publicação, não teve resposta. Em entrevista concedida ao jornal no último dia 3, a secretária municipal de Saúde, Juliana Vieira informou que a previsão da finalização era no dia 22. À época, a gestão não havia definido o orçamento, mas sabia que aproximadamente 70% do seria de recurso municipal, e, o resto, repasse do Governo Federal

Agreste

Toritama, no Agreste pernambucano, saiu na linha de frente ao inaugurar em apenas dez dias um hospital de campanha, no último dia 2, antes mesmo de o vírus chegar no município. Desde então, já descartou três casos e está investigando mais três. O único caso confirmado foi notificado como da cidade, mas foi de uma gestante de 35 anos que foi diagnosticada no Recife. Ela e o bebê passam bem.

O prédio de uma escola localizada ao lado da principal unidade de saúde foi reformado para acolher até 40 pacientes do coronavírus. O prefeito Edilson Tavares explicou ao JC que todas as pessoas que buscam o serviço de saúde com sintomas gripais estão sendo levadas para o novo anexo, a fim de não contagiar outros pacientes.

De acordo com ele, o equipamento tem estrutura para tratar casos de graus baixo a médio. “Temos monitores multiparâmetro, de triagem, bombas de infusão, a parte de oxigenoterapia, termômetros”, citou. “A nossa deficiência é o respirador”, disse. Isso porque a compra das seis máquinas que o município realizou foi cancelada em razão da alta demanda em todo País. No momento, ele opera com o único aparelho que adquiriu no ano passado.

“Com ele, a gente consegue garantir o tratamento primário e secundário. Se o quadro agravar, a gente pode entubar, e, no intermédio, chamar a ambulância e transferir o paciente para o hospital de referência”, detalhou.

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“O risco que a gente corre hoje é se tiver duas pessoas ao mesmo tempo precisando ser entubadas, ou se tiver alguém esperando senha (de transferência). Hoje tem essas dificuldade, não se está conseguindo tão rápido quanto antes”, revelou.

O prefeito pontuou que espera conseguir dois novos respiradores, ou através dos fornecedores ou com o Estado, a quem já solicitou.

O Governo de Pernambuco também está levantando três anexos em unidades de saúde da rede estadual, e um deles é no Agreste. O Hospital Mestre Vitalino (HMV), em Caruaru, hospital de referência no coronavírus, deverá receber mais cem leitos exclusivos para o pacientes da covid-19, conforme divulgou o secretário André Longo em coletiva de imprensa na última quarta-feira (8). Procurado pela reportagem, o HMV informou, no entanto, que o Estado não repassou detalhes de investimento, quantitativo de leitos e equipamentos. A previsão é que o governador Paulo Câmara assine a medida nos próximos dias.

Sertão

O Hospital Professor Agamenon Magalhães (Hospam) de Serra Talhada e a UPA/UPAE de Petrolina, ambos no Sertão, também serão contemplados com a ampliação.

Além do esforço por parte da secretaria estadual de Saúde, a prefeitura de Petrolina está montando 100 leitos no Centro Dom Carmelo, espaço cedido pela Diocese do município, no bairro Pedra do Bode, próximo ao centro da cidade. A estrutura é destinada para pacientes que não necessitem de UTI. O valor do investimento não foi repassado. Nessa segunda-feira (13), o prefeito Miguel Coelho despachou a compra de 11 aparelhos respiradores mecânicos em caráter emergencial para equipar a nova unidade. O estoque de EPIs que Petrolina já possui e que recebe de doações de parceiros também vai muni-la.

A criação de outro hospital de campanha está prevista por um acordado da administração com o Exército, “ em caso de situação extrema emergência”. A gestão garantiu que, se necessário, terá condições de disponibilizar outros leitos intermediários em equipamentos municipais e hotéis.

No último boletim dessa segunda (13), foram reportados 6 casos confirmados, sendo um já recuperado, mais três estão em investigação e 17 descartados.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

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