QUARENTENA

Trabalho em home office e férias escolares? Especialistas explicam como conciliar

Lidar com as demandas dos filhos em casa e manter a produtividade no trabalho tem sido tarefa difícil para os pais

Amanda Rainheri
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Amanda Rainheri
Publicado em 17/04/2020 às 19:54 | Atualizado em 17/04/2020 às 19:54
CORTESIA
A advogada Ana Carolina Lessa e a família têm criado estratégias para lidar com quarentena - FOTO: CORTESIA

Trabalho em home office e crianças de férias em casa formam uma das combinações mais desafiadoras neste período de quarentena. Há um mês, em 18 de março, escolas públicas e particulares suspendiam as aulas presenciais devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Em abril, as instituições particulares resolveram adiantar as férias escolares. De lá pra cá, lidar com a presença dos filhos em casa e manter a produtividade no trabalho tem sido tarefa difícil para os pais.

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A advogada Ana Carolina Lessa, de 43 anos, é mãe de duas meninas, Ana Clara, de nove anos e Maria Antônia, de seis. "Tem sido uma missão bem difícil. Trabalho com advocacia empresarial e coordeno uma área do escritório. No início da quarentena, as meninas achavam que a gente estaria de férias em casa com elas. Agora entendem melhor que de fato eu e meu marido estamos trabalhando de casa", conta.

Para manter a produtividade, Ana montou um escritório em casa, de onde coordena os trabalhos. "Acordo, tomo café, banho e mudo de roupa, como se, de fato, fosse sair para o escritório. Quando tenho alguma reunião por videoconferência, procuro algum canto mais reservado da casa, para que não haja interferência", conta.

A estratégia também foi adotada pelo assessor parlamentar Rafael Bezerra, 33. Ele e a esposa, que é psicóloga, revezam o escritório, de forma que ambos possam trabalhar e, ao mesmo tempo, cuidar das tarefas da casa e de Lúcia, a filha do casal, de sete anos. "Tentamos fazer uma divisão de turnos, a manhã para ela e a tarde para mim. Enquanto minha esposa faz os atendimentos, eu assumo as atividades domésticas e as atividades da nossa filha. À tarde, ela faz o mesmo."

Mestre em gestão estratégica e professor de processos organizacionais do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Carlos Schuler defende que estabelecer uma rotina ajuda a manter a produtividade em casa. "O ideal é ter um ambiente reservado para utilizar como escritório. É preciso criar uma rotina como se você fosse sair mesmo de casa. Tomar banho, se arrumar, colocar uma roupa de trabalho, o que é necessário, principalmente para quem utiliza videoconferência online. Outra dica, para não se perder ao longo do dia, é criar uma lista de tarefas e ir marcando o que já foi feito", orienta.

No início da quarentena, as filhas de Ana Carolina tinham aulas a distância, com materiais enviados pela escola. Desde o início do mês, no entanto, as crianças estão de férias. "Temos tentado manter uma rotina para que elas continuem estudando pela manhã, sem atividades eletrônicas, sem televisão", conta a advogada. Para entreter as meninas sem abusar das telas, a família aposta em outras atividades. "Compramos cordas de pular, elásticos, tintas, cartolina e procuramos fazer brincadeiras de antigamente."

Nos fins de semana, a família, que vive no Rosarinho, Zona Norte do Recife, vai, com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), até a frente do prédio da avó materna das crianças, na Madalena, Zona Oeste, com cartazes e mensagens para a avó, que não podem visitar devido ao isolamento social.

Crianças

Especialista em infância e adolescência, a psicóloga Giedra Hollanda orienta os pais a explicarem de forma clara aos filhos a situação. "Adolescentes e crianças maiores têm mais facilidade para entender a questão. A dificuldade maior são, geralmente, as crianças menores de seis anos. Nesses casos, pode se utilizar estratégias do tipo troca. Dizer: 'agora a mamãe vai trabalhar, mas quando sair a gente vai brincar'. Existe a privação, mas também o ganho.

A psicóloga lembra ainda que é necessário ter paciência para explicar e não brigar com os filhos. "Isso porque a criança não entende no mesmo nível, então cobrar isso é um erro muito grande. Ela vai entender que o pai ou a mãe gritou com ela."

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