Solidariedade

Em tempos de pandemia, grupo de voluntários abre casa de acolhimento para desabrigados no Recife

O projeto sobrevive a partir de doações e conta com voluntariado de 15 pessoas ligadas à paróquias do Grande Recife

Vanessa Moura
Cadastrado por
Vanessa Moura
Publicado em 28/04/2020 às 8:49 | Atualizado em 28/04/2020 às 13:00
Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia
Casa de Acolhimento e Misericórdia, localizada no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife - FOTO: Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia

DIVULGAÇÃO
SELO PATROCINADO UNINASSAU - DIVULGAÇÃO

Um novo espaço de acolhimento nasceu no Recife: a Casa de Acolhimento e Misericórdia, localizada no bairro de Afogadas, Zona Oeste. O lar, que está em funcionamento desde o primeiro dia de abril, tem capacidade para 16 pessoas e foi criado principalmente pensando em proteger os desabrigados em tempos de pandemia do novo coronavírus. A iniciativa conta com o apoio de dom Limacedo Antônio da Silva, bispo auxiliar de Olinda e Recife e presidente da Comissão Regional Pastoral para a Ação Social da CNBB NE2.

>>A partir desta terça-feira (28), Prefeitura do Recife entregará cestas básicas para inscritos no Bolsa Família

>>Horta cultivada por detentos no Sertão de Pernambuco alimenta moradores de rua em Garanhuns

>>Após anos de espera, casal adota criança por videoconferência em Pernambuco em meio à pandemia do coronavírus

De acordo com o seminarista da Arquidiocese de Olinda e Recife, Ítalo Maciel, de 29 anos, que iniciou o projeto, a principal motivação para começar a desenvolver a Casa de Acolhimento, foi uma cena a qual presenciou no último dia 16 de março, primeiro dia do decreto estabelecido pelo Governo Estadual, que impôs o isolamento social. “Cheguei na praça perto da hora do almoço e vi cinco jovens com uma sacola cheia de macarrão, o alimento caiu, espalhou-se no chão, e ali mesmo eles começaram a comer”, revelou Ítalo. 

Após isso, o seminarista começou a mobilizar voluntários nas paróquias para oferecer refeições diárias aos desabrigados, onde compreendeu a necessidade destas pessoas em situação de vulnerabilidade: um lar. Sabendo disso, o grupo de voluntários abriu a Casa de Acolhimento e Misericórdia.

O espaço teve todos os cômodos mobiliados com doações da Cáritas Brasileira Nordeste 2, Paróquia Santo Antônio dos Prazeres, Comunidade Obra de Maria e da Prefeitura do Recife. As refeições foram preparadas com doações feitas pela Paróquia Nossa Senhora da Paz e pelo projeto Tribunal Solidário do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). Já este primeiro mês de aluguel, no valor de R$ 1.400, foi pago pelo padre Damião Silva. 

Os moradores da Casa de Acolhimento são dez homens com idades de 25 a 50 anos. Alguns são dependentes químicos, e por conta disso são acompanhados profissionalmente pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) de Afogados. “Em caso de atendimento médico, os voluntários acompanham nas consultas e ajudam a adquirir e a fazer a correta administração dos remédios”, afirma Ítalo.

Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia
Casa de Acolhimento e Misericórdia, localizada no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife - Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia
Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia
Casa de Acolhimento e Misericórdia, localizada no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife - Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia
Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia
Casa de Acolhimento e Misericórdia, localizada no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife - Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia
Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia
Casa de Acolhimento e Misericórdia, localizada no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife - Divulgação/Casa de Acolhimento e Misericórdia

Rotina 

No lar, os moradores criam galinhas e em breve poderão manejar uma horta. Momentos de espiritualidade são inseridos na programação diária dos abrigados, onde eles participam de orações e leituras biblícas. Oficinas de autoconhecimento e momentos de lazer também são oferecidos. O projeto prevê que a qualificação profissional seja incluída na rotina dos abrigados no período pós-pandemia, através de cursos que deverão ser oferecidos com ajuda voluntária. “Não queremos impor nada rígido porque o objetivo é que eles se sintam bem à vontade. O que se exige é uma disciplina natural de uma casa em tempos de quarentena, ou seja, ninguém pode sair”, contou o seminarista.

As tarefas de limpeza, alimentação e desenvolvimento de atividades socioculturais são divididas entre cerca de 15 voluntários envolvidos diretamente na manutenção da residência. “É como em outras famílias, aqui cada um tem sua atribuição, por exemplo, uns cuidam da cozinha, outros da limpeza, todo mundo tem responsabilidades”, explica Ítalo. 

Saber mais

Por ser um projeto sem fins lucrativos, a Casa de Acolhimento e Misericórdia depende exclusivamente de donativos arrecadados para se manter. Os que tiverem interesse em conhecer mais sobre a iniciativa, bem como realizar doações e oferecer voluntariado, devem entrar em contato através do perfil do projeto no Instagram @casadeacolhimentoemisericordia. A Casa de Acolhimento e Misericórdia fica localizada na rua Pirajá, número 140, em Afogados, Recife (PE).

Comentários

Últimas notícias