Após queda de 87% no número de pacientes que foram atendidos no período junino deste ano no Hospital da Restauração (HR), no Recife, o chefe do setor de queimados da unidade, Marcos Barreto, foi enfático ao defender a manutenção da proibição de fogos e fogueiras em Pernambuco nos próximos anos. A medida foi adotada durante a pandemia do novo coronavírus, para evitar intoxicação, acidentes e aumento de problemas respiratórios que podem levar a uma superlotação de hospitais. E surtiu efeito. Do dia 13 até o dia 24 de junho, foram registrados apenas oito casos envolvendo acidentes com queimadura contra 59 no ano passado. Para ele, esses números baixos refletem o impacto de uma medida que ele defende há anos: proibir de vez o uso recreativo do fogos e fogueiras no São João.
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Não dúvidas para o médico que a grande redução de casos de atendimentos tem relação direta com a proibição de fogos e fogueiras em várias cidades de Pernambuco, inclusive Recife, onde fica localizado o HR. Por isso, para ele, “foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.” Ainda, afirma que essa é uma luta que ele trava há muito tempo. “Sempre bati nessa tecla de proibir fogos e fogueiras por causa das consequências que eles trazem”, defende o chefe do setor. O médico espera que o exemplo de 2020 sirva de norteamento para os próximos anos.
Números
Dos sete casos, foram três graves, envolvendo queimaduras na mão, tórax ou pescoço, e cinco leves, precisando de tratamento ambulatorial. Entretanto, o que mais chama atenção do médico é o número de crianças atendidas: apenas uma. O restante dos pacientes se divide em duas mulheres e cinco homens. “É importante destacar apenas um caso envolvendo crianças. Ano passado, dos 59 casos, 32 foram com crianças. Todo ano a maioria dos pacientes são os pequenos e esse ano foi minoria”, aponta o médico. A queda de pacientes na infância foi de 97% em relação ao ano de 2019.
Ainda, o chefe do setor comemora a redução do atendimento de pacientes com problemas respiratórios. “Não só reduziu acidentes com fogos e queimaduras, mas também pessoas asmáticas e com problemas respiratórios que são prejudicadas pelas fumaças. A quantidade de pacientes com esses problemas caiu muito, principalmente as crianças”, reforça Marcos. Todos os anos anteriores, crianças foram internadas na unidade de pediatria do Hospital para nebulização. Esse ano, não foi preciso se preocupar com essa demanda, já que o único caso envolvendo essa faixa etária foi com queimaduras.
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Fiscalização no Recife vai até o fim do mês
A Prefeitura do Recife não publicou este ano a autorização para a instalação das barracas de venda de fogos de artifício e de fogueiras na cidade, proibindo, por sua vez, fogueiras e fogos no município. Para garantir que seja cumprido, a cidade está fazendo a fiscalização do comércio de madeira, com apoio da Guarda Municipal, e também do acendimento de fogueiras, sendo feitas vistorias noturnas. As ações conjuntas acontecem até o fim do mês de junho e contam com 18 brigadistas ambientais da SMAS, dividido em turnos, e 23 agentes da Semoc.
Caso fogueiras sejam encontradas acesas, o cidadão responsável será orientado a apagar a fogueira e receberá uma notificação. Se houver reincidência, poderá ser aplicada uma multa que varia de R$ 250 a R$ 5 mil. O valor também se aplica caso seja constatado o uso indevido da madeira. O cálculo é feito conforme o tipo de árvore podada ou cortada – raridade da espécie, porte da planta e lesões geradas à árvore. Os recifenses também podem ajudar no combate. Quem observar as práticas ilegais pode denunciar à Central de Fiscalização da SMAS (0800.720.4444).
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