Se a rotina de trabalho dos profissionais do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco já não era fácil antes da pandemia do novo coronavírus, que já infectou mais de 60 mil pessoas no Estado, ela se tornou ainda mais dura durante o período de quarentena pela qual Pernambuco vem passando. Com a chegada do vírus, os profissionais que atuam na linha de frente da proteção civil tiveram que se adaptar às novas práticas de trabalho.
Nos quartéis e nas ruas, novas medidas de segurança foram adotadas para evitar que os bombeiros e a população não fossem contaminados pelo coronavírus. "Houve um aumento na quantidade dos equipamentos de proteção que utilizávamos para socorrer vítimas de acidente, por exemplo", contou o Soldado Neto, 29, que completou 2 anos como bombeiro em meio à pandemia.
O Corpo de Bombeiros de Pernambuco adotou como medidas de segurança o reforço da higienização das mãos, desinfecção de materiais nas viaturas, materiais de salvamento e alojamentos. Além disso, paradas matinais de trabalho deixaram de ser realizadas para evitar aglomerações, pessoas do serviço administrativo passaram a trabalhar por meio do teletrabalho, entre outras medidas.
Em conjunto com a Polícia Militar de Pernambuco, o soldado Neto também participou de fiscalizações de pessoas e estabelecimentos para que os decretos estabelecidos pelo governo do Estado durante a pandemia fossem cumpridos. Para ele, esse período foi mais desgastante. "O trabalho ficou mais cansativo, porque além de ter um cuidado maior com as medidas de segurança, muitas vezes a população não queriam dar ouvidos às orientações passadas", desabafou.
"Vidas não têm preço"
Com 29 anos de trabalho dentro do Corpo de Bombeiros, o tenente Werben Monteiro, 49, passou por uma situação marcante por volta de uma semana atrás. Ele estava de plantão no trabalho quando uma mulher grávida de 8 meses passou mal próximo ao quartel geral e não quis ser levada para o hospital com medo de ser infectada pelo coronavírus.
"Ela entrou no quartel e a convencemos a ser socorrida para a maternidade mais próxima, porque ela precisava ir para o bem da saúde dela e do bebê", disse o tenente.
Mas o medo estampado por boa parte da população, também acompanha os profissionais na volta para casa. Casado, o tenente Werben mora com sua esposa e suas duas filhas de 18 e 22 anos. "Quando chego deixo tudo do lado de fora de casa e vou logo tomar banho. É necessário que a população também se previna, porque vidas não têm preço", concluiu.
Teletrabalho
Quando a pandemia do coronavírus chegou em Pernambuco, a capitã Cibely Marinho, 37, estava com três meses de gestação. Mesmo diante da crise de saúde pública, ela contou à reportagem do JC que não teve muitas preocupações, porque a corporação teve o cuidado de fazer testes e mandá-la para casa, antes mesmo das gestantes serem incluídas oficialmente no grupo de risco da covid-19.
"Graças a Deus encarei tudo de forma tranquila. O Corpo de Bombeiros também fez monitoramentos dos profissionais, testes para detectar a doença, o que fez com que em nenhum momento eu sentisse um descontrole", declarou.
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Em casa, no entanto, a capitã precisou se reinventar e contar com a tecnologia para desenvolver seu trabalho. "É algo novo, desafiador, um verdadeiro período de transição. Tive que aprender a fazer videoconferência e utilizar outras formas de trabalho", contou. A capitã Cibely se encontra na corporação há 13 anos e já trabalhou no socorro em ambulâncias e praias.
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