VANDALISMO

Barraqueiros de coco se reúnem para cobrar medidas após roubos em quiosques em Boa Viagem

Trabalhadores cobraram requalificação dos quiosques, segurança e retomada das atividades

Amanda Rainheri
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Amanda Rainheri
Publicado em 03/07/2020 às 19:40
Tião Siqueira/JC Imagem
Quiosques da orla de Boa Viagem foram vandalizados durante a pandemia - FOTO: Tião Siqueira/JC Imagem

Após os episódios de vandalismo envolvendo os quiosques localizados na Avenida Boa Viagem, Zona Sul da capital, trabalhadores se reuniram na tarde desta sexta-feira (3) para pedir providências do poder público. Os barraqueiros querem que a Prefeitura do Recife autorize obra de requalificação das estruturas, fruto de parceria com uma empresa, que já tem projeto aprovado. Também pedem segurança e a reabertura dos quiosques, que estão fechados há mais de 100 dias. 

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"São 105 dias nessa situação, a orla de Boa Viagem vai virar uma orla fantasma", lamenta a presidente da da Associação dos Barraqueiros de Coco do Recife (ABCR), Josiane Miranda. A situação enfrentada por quem depende do comércio na orla, segundo ela, é complicada, tanto pela perda de produtos durante o período do fechamento, quanto pela ação de vândalos, que arrombaram os quiosques, causando prejuízo. 

Maria Izabel da Silveira, de 57 anos, já sofreu com arrobamentos nove vezes desde que a pandemia do novo coronavírus chegou a Pernambuco e o comércio foi fechado. No último sábado (29), as portas de alumínio da barraca foram levadas. “Eu vivo de calmante. Fui para o médico. Porque é impossível manter o controle numa situação com essa. Chegando conta, mãe doente, as filhas tendo que pagar faculdade. Não sei onde a gente vai parar, porque a gente vive dali. Eu sobrevivo do quiosque”, desabafou.

Para Izabel, o prejuízo já chega a R$ 15 mil. Segundo a presidente da ABCR, muitos trabalhadores em situação semelhante à de Izabel temem não poder retomar as atividades, por não terem como arcar com os custos da reforma para o atendimento ao público.

Tião Siqueira/ JC Imagem
Quiosques da orla de Boa Viagem foram vandalizados durante a pandemia - Tião Siqueira/ JC Imagem
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Quiosques da orla de Boa Viagem foram vandalizados durante a pandemia - Tião Siqueira/ JC Imagem
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Quiosques da orla de Boa Viagem foram vandalizados durante a pandemia - Tião Siqueira/ JC Imagem
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Quiosques da orla de Boa Viagem foram vandalizados durante a pandemia - Tião Siqueira/ JC Imagem
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Quiosques da orla de Boa Viagem foram vandalizados durante a pandemia - Tião Siqueira/ JC Imagem
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Quiosques da orla de Boa Viagem foram vandalizados durante a pandemia - Tião Siqueira/ JC Imagem
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Quiosques da orla de Boa Viagem foram vandalizados durante a pandemia - Tião Siqueira/JC Imagem
 

A solução, para eles, seria a autorização por parte da prefeitura da execução de uma obra, que será realizada com recursos privados, de uma empresa parceira. O projeto foi elaborado pela associação en aprovado pela prefeitura. Segundo a vereadora Aline Mariano (PP), que faz parte da articulação entre os trabalhadores e poder público, um decreto chegou a ser assinado no dia 3 de junho e outro, que deve autorizar a execução das obras, deve ser assinado nos próximos dias. "Foram inúmeras reuniões com a prefeitura e o secretário João Braga sinalizou que iria fazer. Só falta a assinatura do decreto para que seja feita a requalificação", afirma.

Em entrevista ao JC esta semana, João Braga, da pasta de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, afirmou que a prefeitura solicitou, em 2019, à ABCR um projeto para requalificar os quiosques a partir de um acordo com empresas. Segundo ele, não haverá recurso público devido a falta de verba. Braga informou ainda que até o final de julho o projeto será divulgado. A intervenção deve beneficiar estruturas localizadas nos bairros de Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa. 

Sobre a reabertura dos quiosques da orla, a vereadora informou que solicitou uma audiência junto à Casa Civil para a próxima semana, para discutir a retomada das atividades no local, seguindo protocolos para evitar a disseminação da doença. "Os quiosques voltariam a funcionar sem os bancos, para evitar consumo no local e aglomerações, por exemplo.  Os trabalhadores estão muito preocupados, são mais de 100 dias parados e, como houve liberação para caminhadas, dá para os comerciantes abrirem para a população."

Entre os argumentos dos trabalhadores para a retomada das atividades está a abertura de quiosques em parques e outros locais da cidade. Sobre o assunto, a reportagem entrou em contato com o Governo do Estado e com a Prefeitura do Recife. Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco informou que, embora o Decreto Estadual nº 49131, de 19/06/2020, permita o acesso às praias, a atividade de comércio no local permanece vedada. "A Secretaria esclarece ainda que, como os quiosques são permissionários da Prefeitura do Recife, a reabertura será regulamentada pela gestão municipal, em momento oportuno", diz um trecho do comunicado.

Também em nota, a gestão municipal afirmou que o Decreto Estadual 49.131, de 19/06/2020, veda o comércio nas praias. Além disso, o funcionamento de bares, restaurantes e lanchonetes, como se enquadram os quiosques da orla, ainda não está autorizado no estado de Pernambuco." 

Em comunicado, a Polícia Militar de Pernambuco informou que o policiamento ostensivo no local é realizado pelo 19° BPM, que "independentemente do esforço no combate à epidemia do Covid-19 mantém inalterado o esquema de segurança no bairro, incluindo a orla de Boa Viagem." O órgão disse ainda que os índices de violência, tanto de homicídios quanto de crimes contra o patrimônio, caíram "drasticamente" entre março e junho, período de distanciamento social no Estado. 

 

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