Quando a pandemia do novo coronavírus chegou a Pernambuco, a marisqueira Eliane Gomes, de 51 anos, viu a renda cair pela metade. Ela, o marido e quatro filhos vivem com apenas R$ 300 em uma casa erguida sobre estacas em meio ao rio, no bairro de Brasília Teimosa, Zona Sul do Recife. As palafitas são o retrato de uma dura realidade, privada de tudo, inclusive de dignidade. Para atender essas localidades, o Instituto João Carlos Paes Mendonça de Compromisso Social (IJCPM) realizou nesta terça-feira (28), uma nova entrega de cestas básicas e kits de limpeza. Ao todo, 500 famílias foram atendidas nessa etapa.
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Essa é a terceira entrega que o IJCPM faz nesses locais. Somente em palafitas, já foram distribuídas 1,3 mil cestas. No Recife, o instituto já doou 12,6 mil cestas básicas a alunos e moradores dos bairros do Pina, Brasília Teimosa e também na Ilha de Deus, na Zona Sul. Ao todo, são 23 mil nos quatro Estados em que atua (Bahia, Ceará, Sergipe e Pernambuco).
Segundo Fábia Siqueira, coordenadora de desenvolvimento social do IJCPM, o instituto se reorganizou durante a pandemia para prestar assistência às comunidades. "Nas palafitas, em especial, a gente sabe que há um grau de vulnerabilidade social muito alto e, por ser de difícil acesso, elas são pouco assistida. É um apoio que chega em momento necessário", argumenta.
Para Eliane, a ajuda é indispensável. "A gente tem vivido de doações, então chega em boa hora. Tenho conseguido trabalhar, mas as vendas do marisco caíram muito. Antes, a gente conseguia tirar R$ 600. Hoje, só R$ 300", desabafa.
As localidades atendidas são mapeadas por jovens da própria comunidade, que integram o projeto #Juntospelacomunidade. Ao todo, são 35 integrantes, que vivem no Pina e Brasília Teimosa e conhecem de perto o drama de quem mais precisa. É o caso de Iggor Pedersoly, 32. Morador de Brasília Teimosa, ele está envolvido em atividades do instituto há cerca de seis anos e decidiu se tornar voluntário durante o período de pandemia. "É muito gratificante, porque quando a gente chega nesses espaços, as pessoas se identificam com quem é da comunidade. Quando a gente criou o projeto foi com esse objetivo, levar solidariedade para as pessoas através de quem está próximo. É emocionante ver os olhares felizes quando chegamos de barco", conta.
ASSISTÊNCIA
Além das cestas, o IJCPM tem uma série de iniciativas voltadas para a assistência de pessoas em situação de vulnerabilidade durante a pandemia. O instituto auxiliou o preenchimento do cadastro para pessoas de baixa renda terem acesso ao auxílio emergencial do Governo Federal, doou cerca de 33 mil máscaras e instalou coletores biológicos no Pina e em Brasília Teimosa para que o descarte das máscaras seja feito de forma adequada. A ajuda também chegou às universidades e às unidades de saúde. O IJCPM passou a apoiar o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no desenvolvimento de ações de monitoramento do novo coronavírus e doou 10 respiradores nos Estados atendidos.
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