Fundação Joaquim Nabuco

Processo de tombamento do campus Casa Forte da Fundaj é aberto

De agora em diante, nenhuma construção poderá ser erguida no entorno das edificações do campus, na Zona Norte do Recife, até que a poligonal da área de proteção do conjunto arquitetônico a ser tombado seja delimitada

Amanda Azevedo
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Amanda Azevedo
Publicado em 28/07/2020 às 21:50 | Atualizado em 28/07/2020 às 22:54
FUNDAJ
A Fundaj pede a preservação de três edificações - FOTO: FUNDAJ

A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) divulgou, nesta terça-feira (28), que a Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) deferiu o pedido de tombamento do campus Casa Forte da instituição. De agora em diante, nenhuma construção poderá ser erguida no entorno das edificações do campus, na Zona Norte do Recife, até que a poligonal da área de proteção do conjunto arquitetônico a ser tombado seja delimitada. 

A aproximadamente 20 metros do campus da Fundaj em Casa Forte, na Avenida Dezessete de Agosto, já no Poço da Panela, está o terreno de 12,1 mil metros quadrados onde o Atacado dos Presentes planeja construir uma filial. Em um abaixo-assinado a favor da construção, a empresa afirma que "o empreendimento atende a todas as legislações, ambientais, e de adequação viária, com respeito absoluto ao meio ambiente". Em 6 de julho, a Fundaj enviou ofício à Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife pedindo o cancelamento da licença da obra. No dia 20, a prefeitura solicitou a apresentação de estudo de impacto da construção no Patrimônio Histórico, Cultural e de Mobilidade não contemplados no Relatório Ambiental Preliminar (RAP).

Fundaj pede a preservação de três edificações

A Fundaj pede a preservação de três edificações em nível estadual, urbanístico, paisagístico e histórico: o Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães (já classificado como Imóvel Especial de Preservação IEP nº151), o Gil Maranhão e o Paulo Guerra. O mesmo pedido foi feito ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ainda aguarda liberação.

“No momento em que o processo foi deferido pelo secretário Gilberto Freyre Neto, toda a área solicitada de tombamento está sob proteção prévia. Essa deliberação é um passo importante para garantir a preservação do patrimônio histórico desta Casa”, afirmou o presidente da Fundaj, Antônio Campos. 

Para a abertura, foram levantados dados, documentos e imagens ilustrativas, todos de pública transparência e uso coletivo, explicou a Fundak. O memorial descritivo foi assinado por Frederico Almeida, coordenador-geral do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), e Antônio Montenegro, arquiteto e servidor da Fundaj. O processo de tombamento demorou menos de um mês para ser iniciado. ”Foi realmente rápido de ambos os lados. A Fundaj juntou documentação que facilitou abertura e o andamento por parte da Secretaria de Cultura”, explicou Antônio Campos, que aguarda a conclusão da ação em até seis meses.

Pernambuco possui um Sistema de Tombamento composto pela Secult-PE como órgão gestor, o Conselho Estadual de Cultura(CEC) como órgão executor e a Fundarpe como órgão técnico.

Complexo Cultural Gilberto Freyre

No campus, será instalado o Complexo Cultural Gilberto Freyre. O Solar Francisco Ribeiro receberá a Pinacoteca, com espaço para exposições permanentes e de curta duração. Já nas edificações anexas ao casarão funcionam hoje a Galeria Mauro Mota e a Sala do Conselho Deliberativo (Condir), além de outros espaços utilizados como arquivo para o administrativo e para livros da Editora Massangana.

Onde hoje funciona o Condir, será instalado o Memorial Gilberto Freyre. Era nesse espaço que o sociólogo fundador da Fundação Joaquim Nabuco despachava. Quando o Complexo for inaugurado, contará também com a Cinemateca Pernambucana, que está instalada provisoriamente no primeiro andar do Museu do Homem do Nordeste.

Para garantir a acessibilidade, mas preservando as características do Solar Francisco Ribeiro, um elevador será montado na parte de trás do casarão. Nessa mesma área serão instalados os equipamentos de climatização que garantirão a preservação de todo o acervo. Erguido no século XIX, o casarão foi o marco zero para a criação do instituto de pesquisas que mais tarde se tornaria a Fundação Joaquim Nabuco. O anexo, onde será instalada a Cinemateca Pernambucana, também terá um elevador garantindo acessibilidade em ambos os prédios.

Edifício Gil Maranhão

O Edifício Gil Maranhão, prédio de 1960 projetado pelo arquiteto Carlos Falcão Corrêa Lima, tem área total aproximada de 1200 m², é um exemplar notável do modernismo brasileiro. Conta com pavimento térreo e superior e tem a estrutura em concreto armado. A fachada tem como destaque o painel cerâmico Canavial, do artista Francisco Brennand, com um espelho d`água. Também apresenta planos extensos de esquadrias em ferro e vidro e trechos revestidos com azulejos.

O edifício está localizado mais ao fundo do terreno de modo a criar um amplo jardim voltado para a Avenida Dezessete de Agosto. Nele, estão instalados, no térreo, o Museu do Homem do Nordeste, o Cinema da Fundação/Museu e a sala de exposições Waldemar Valente. No piso superior funciona, provisoriamente, a Cinemateca Pernambucana, que será levada para o anexo do Solar Franscisco Ribeiro, dentro do Complexo Cultural Gilberto Freyre. Com a transferência, esse piso superior voltará a expor o acervo do Museu do Homem do Nordeste, que conta com uma reserva técnica de 16 mil peças.

Edifício Paulo Guerra

Por sua vez, o Edifício Paulo Guerra, da década de 1980 e projetado pelo arquiteto Wandenkolk Tinoco, tem 2.400 m² de área. É composto pelo pavimento térreo e mais duas torres articuladas, cada uma com três pavimentos. Sua estrutura é em concreto armado. Está localizado imediatamente após o conjunto oitocentista do Solar Francisco Ribeiro. Tem características da arquitetura modernista brasileira. No edifício funcionam hoje a Editora Massangana, a Sala Calouste Gulbenkian, a presidência e todo setor administrativo da Fundação Joaquim Nabuco.

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