Com a reabertura de setores da economia, após meses fechados por causa da pandemia do novo coronavírus, a rotina de quem usa o transporte público também remonta cenários vividos em tempos pré-covid-19, com ônibus, paradas, plataformas e trens cheios. Nesta quinta-feira (30), o aumento no horário de funcionamento das linhas Centro e Sul do metrô do Recife, além da reabertura de um dos ramais de linha Diesel (VLT), pode ter aliviado o problema dos passageiros, mas está longe de ter resolvido. Isso porque os ônibus que circulam na Região Metropolitana do Recife (RMR) seguem com a frota de 70%, mesmo com a suspensão do plano de contingência que atendia os passageiros durante horário reduzido do metrô.
O gerente de operações do Grande Recife Consórcio de Transporte, Mário Sérgio, explica que, com o retorno do horário do metrô, não será mais necessário colocar em prática um plano de contingência que Grande Recife havia montado para suprir a demanda. O plano consistia em criar linhas que interligavam os terminais integrados, para dar a opção aos usuários que ficaram sem o metrô. "Nós supríamos a ausência do metrô porque o usuário pegava esses ônibus. Com a operação continuada do metrô, das 5h30 às 21h, a gente vai suspender o plano", comenta. Segundo ele, o esquema não afetava a circulação normal dos ônibus, já que funcionava no horário fora do pico.
Durante os últimos dias, ainda segundo Mário Sérgio, a demanda das linhas é avaliada o tempo inteiro, de forma individual, e são feitos os ajustes necessários. "Não necessariamente o ajuste é colocar mais veículos. A gente teve uma melhoria do tempo das viagens nesses meses, com menos carros nas ruas. Desta forma, o ônibus consegue fazer mais viagens", afirmou. Os ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR) circulam com 70% da frota, apesar de algumas linhas estarem com todos os veículos rodando devido à demanda de passageiros, como é o caso da 080 - Joana Bezerra/Boa Viagem.
De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, nas últimas semanas, o órgão tem registrado uma demanda de 50% de passageiros. Ainda não há expectativa de quando a frota retornará a 100%, mas o órgão relata que os dados são analisados diariamente.
Confira a íntegra da nota enviada pelo órgão:
O Grande Recife informa que, mesmo com a retomada de vários setores da economia, a demanda de passageiros transportados da Região Metropolitana permanece na casa dos 50% nas últimas duas semanas. Por isso, não houve ampliação da frota, que está programada para operar com 70% dos veículos. O Consórcio ainda esclarece que as principais linhas estruturadoras do sistema de transporte estão operando com 100% da programação.
Já a expectativa de Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) é de que a expansão dê mais alternativas aos usuários, ao mesmo tempo que desafogue as estações, com o acréscimo de 146 mil lugares e de 47,5% nas viagens na linha Centro e 48,6% na linha Sul. A partir desta quinta-feira (30), todas as estações das linhas Centro e Sul voltaram a funcionar sem pausas, das 5h30 às 21h. A linha Diesel, que estava paralisada durante o período de quarentena mais rígida, já que a demanda de passageiros é menor, retorna com apenas um ramal: o Cajueiro Seco/Cabo, com funcionamento das 5h30 às 20h, de segunda a sexta-feira, com exceção da estação do Cabo, de onde o último VLT sai às 19h09. Aos sábados, o ramal abrirá até as 14h.
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De acordo com a CBTU, atualmente, 125 mil passageiros dependem do metrô para se locomover. Durante os períodos iniciais da pandemia, o número chegou a 60 mil usuários por dia. Já os dados anteriores aos primeiros casos de coronavírus no Estado são muito maiores: 380 mil pessoas. "A movimentação caiu demais. Continua, até hoje, fraca. Hoje temos 103 mil passageiros na linha Centro e 22 mil na linha Sul. Antes da pandemia, tínhamos 260 mil na Centro e 120 mil na Sul. Não tivemos o retorno dos passageiros até agora e estamos carregando apenas em torno de 30% do que a gente carregava antes", comenta Salvino Gomes, chefe de comunicação da CBTU.
Ele explica que a redução nos horários ocorridos nos últimos meses se deu devido à quantidade de funcionários da CBTU no grupo de risco. Apenas na empresa, que tem cerca de dois mil funcionários, entre concursados e terceirizados, cerca de 50% foi afastado no período inicial da pandemia. Nos últimos meses, quatro pessoas que trabalhavam na companhia faleceram em decorrência da covid-19. "Fechamos o VLT porque o maquinista do VLT também pilota o metrô. Priorizamos o que transporta mais pessoas. Agora, com o retorno de alguns colegas ao trabalho, resolvemos concentrar nossas forças no ramal de maior demanda, que é o Cajueiro Seco/Cabo", acrescenta Salvino.
O aumento do horário do metrô do Recife agradou os passageiros que precisam do transporte para se locomover. É o caso do autônomo Paulo Roberto. "A economia está retomando em vários setores, e precisa ter o aumento do horário do metrô para que atenda bem ao usuário", comentou. Já a porteira Rocelia Severina não acredita que a expansão do funcionamento das estações vai melhorar o serviço oferecido. "Há um intervalo muito grande entre um trem e outro, aí fica difícil. A gente sempre chega atrasado onde a gente quer", declara.
A extensão do horário de funcionamento representa, em números, que a linha Centro, que antes dava 141 viagens, passará a dar 208 diariamente, com acréscimo de 80 mil lugares. A linha Sul, que dava 111 viagens, passará a circular 165 vezes, com acréscimo de 66 mil lugares. Já em relação aos trens, a linha Centro, que possui doze composições, roda atualmente com dez, enquanto que a linha Sul tem oito trens e está rodando com sete. "Com o novo horário, tem a possibilidade das pessoas reorganizarem sua agenda, porque todo mundo ia para o Centro da cidade com medo de perder o metrô. Com isso, a gente ajuda a descentralizar o transporte", diz Salvino.
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