Atualizada às 22h09
Com 25% da capacidade total e recebendo apenas alunos maiores de 18 anos, as atividades de cursos livres foram retomadas nesta segunda-feira (17) em Pernambuco. Há cinco meses sem aulas presenciais devido à pandemia do novo coronavírus, o setor inclui cursos de idiomas, qualificação e formação profissional, além das autoescolas. De acordo com calendário divulgado pelo Governo de Pernambuco, esta é apenas a primeira das quatro etapas, que se seguirão nas próximas segundas-feiras, até o dia 8 de setembro, quando o segmento poderá funcionar com 100% da capacidade.
Para a reabertura, os espaços tiveram que se adequar ao protocolo montado pela gestão estadual. Nesta segunda-feira (17), além dos procedimentos que já têm se tornado rotina em diversos locais, como o fornecimento de álcool em gel, aferição de temperatura e demarcação do piso para manutenção do distanciamento social, foi possível observar também algumas medidas como a delimitação de um espaço nos elevadores para cada ocupante, e protocolos específicos montados para cada tipo de curso. O setor não inclui cursos técnicos, preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares. Estes ainda não têm data definida para a retomada.
No Senac Pernambuco, por exemplo, onde estudam mais de 10 mil alunos, foi preciso criar um novo método de trabalho em todos os ambientes, incluindo bibliotecas e salas de aula. Segundo o diretor de Educação Profissional da instituição, Eliézio Silva, cerca de 70% dos estudantes do Senac são de cursos livres. Nesta segunda, houve o retorno de 60 turmas, em média, e de aproximadamente 1.200 alunos nas sete unidades espalhadas nas cidades de Recife, Paulista, Vitória de Santo Antão, Garanhuns, Caruaru, Serra Talhada e Petrolina.
Daniel Monteiro, de 57 anos, cursa fotografia no Senac. Ele conta que passou dois meses tendo aula online e concorda com a retomada das atividades presenciais neste momento. Segundo Daniel, a primeira aula após o retorno foi um treinamento sobre os procedimentos de biossegurança, ensinando a lavar as mãos e utilizar a máscara adequadamente. "Como eles tomaram todos os protocolos de segurança, eu não me sinto em risco, não tenho receio de estar na sala. Agora estamos tendo aula com espaçamento, tudo individualizado", acrescenta.
Entre os cursos que já voltaram a ter aulas presenciais estão o de cabeleireiro, barbeiro e costureiro. “Como trabalhamos com diversos segmentos, precisamos criar protocolos com especificidades. O de gastronomia é diferente do de beleza, por exemplo. Nosso segundo passo foi capacitar todos nossos colaboradores com relação ao segmento e aplicação dessas medidas. Oferecemos essa capacitação para nossos alunos de forma remota. Todos os nossos prédios estão com uma sinalização padronizada para orientar as pessoas", comenta.
Sobre a redução na quantidade de estudantes, Eliézio declara que ocorreram perdas, mas que elas foram minimizadas porque, desde o início da pandemia, em abril, a instituição vinha oferecendo cursos de forma remota. A transição do modelo presencial para o híbrido (mistura elementos do ensino presencial e do a distância) também já estava acontecendo há anos. Por essa razão, ele concordou com o retorno escalonado das atividades, até para que haja uma adaptação maior à nova realidade.
A opinião dele é compartilhada pela diretora pedagógica do CNA Recife e Olinda, Annie Bittencourt. Na escola de idiomas, que oferece cursos de inglês e espanhol, há um total de 1.928 alunos, distribuídos nas cinco unidades (Casa Forte, Aflitos, Boa Viagem, Unicap e Casa Caiada - Olinda). "Acho bom ter sido gradual porque lidamos com pessoas. Por mais que tenhamos treinado toda a equipe, se fossem todos de uma vez seria mais difícil de organizar. Essa separação por etapas ajuda a capacitar melhor a equipe, então acho uma boa solução", afirma.
Para adequar as unidades do CNA às recomendações sanitárias, foram investidos cerca de R$ 3 mil em cada uma. Durante os cinco meses em que as aulas presenciais não eram permitidas, houve uma perda de 20,43% de alunos. Nesta semana, as atividades acontecem em apenas duas salas em cada unidade, já que foram priorizados os espaços com janelas. À medida que as etapas da retomada forem evoluindo, as outras salas serão usadas, com a higienização diária dos condicionadores de ar. Tapetes sanitizantes, dispensadores de álcool em gel, distanciamento de cadeiras, uso de máscaras e faceshields e até protocolo próprio foram adotados pela instituição.
"Desde o final de junho a gente vem se preparando. O CNA nacional produziu um manual de regras de condutas para todo o Brasil. Aqui em Recife nós criamos um específico para os nossos alunos, baseados nos protocolos do Governo de Pernambuco. Criamos esse livretos e enviamos para todos os alunos virtualmente. Com ele, a gente treinou a equipe", disse. As etapas para os cursos livres avançam a cada segunda-feira dos meses de agosto e setembro. No dia 24, as instituições podem voltar a funcionar com 50% da capacidade, com alunos a partir de 15 anos. No dia 31, a retomada será de 75%, com alunos a partir de 11 anos e, no dia 8 de setembro, 100% da capacidade pode retornar.
O estudante Lucas Dalcin, 18 anos, aluno do curso de idiomas, avaliou que o protocolo sanitário trouxe a segurança necessária para a volta às aulas presenciais. Ele faz parte de uma turma que retornou na noite desta segunda-feira (17). "Foi tudo bem esquematizado. Cheguei e já checaram minha temperatura, perguntaram se eu estava com algum sintoma e deram álcool em gel. Na sala de aula, todo mundo estava separado e também tinha um limite de espaço para o professor. Fiquei satisfeito", disse.
Veja calendário da retomada
1ª Etapa - a partir do dia 17 de agosto
Podem voltar até 25% da capacidade de cada instituição, com alunos a partir de 18 anos
2ª Etapa - a partir do dia 24 de agosto
Podem voltar até 50% da capacidade de cada instituição, com alunos a partir de 15 anos
3ª Etapa - a partir do dia 31 de agosto
Podem voltar até 75% da capacidade de cada instituição, com alunos a partir de 11 anos
4ª Etapa - a partir de 08 de setembro
Podem voltar 100% da capacidade de cada instituição
Comentários