Saúde

Menina de 10 anos voltou para casa em jatinho fretado pelo governo do Espírito Santo

A menina deixou o hospital por volta das 5h30 desta quarta-feira (19), acompanhada da avó e da assistente social capixaba que acompanhou todo o processo de interrupção da gravidez realizado no Recife.

Ciara Carvalho
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Ciara Carvalho
Publicado em 19/08/2020 às 12:54 | Atualizado em 19/08/2020 às 13:17
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A menina de 10 anos, que foi submetida a um aborto legal no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), voltou para casa em um jatinho fretado pelo governo do Espírito Santo. A menina deixou o hospital por volta das 5h30 desta quarta-feira (19), acompanhada da avó e da assistente social capixaba que acompanhou todo o processo de interrupção da gravidez realizado no Recife. Em Vitória, capital do Espírito Santo, a criança será recebida por representantes do Conselho Tutelar, do Ministério Público e da Secretaria Estadual de Saúde.

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A terça-feira (17) foi dia de emoção e despedida para a equipe médica e todos que acompanharam a menina, desde a chegada dela à unidade na tarde do último domingo (16). A mudança no comportamento e no semblante da criança foi uma das coisas que mais chamou atenção de quem esteve ao seu lado esses últimos dias.

"Era outra criança, muito mais leve, sorrindo, brincando. Ela ficou muito feliz com todos os presentes que ganhou, disse que queria voltar logo para casa para poder jogar bola no campinho", contou a enfermeira obstetra Paula Viana, do Grupo Curumim, que fez parte na rede de assistência dada à criança no Recife e acompanhou a menina desde a chegada do aeroporto no domingo.

Segundo Paula, a criança chegou triste e muito fechada, falava pouco e estava sempre muito séria. "Ela é muito linda, mas tinha uma tristeza no olhar, aguentou toda a dor calada. O semblante dela só começou a mudar depois que o procedimento foi feito. Agora, na saída, ela é outra criança. Nós ficamos muito felizes e cheios de esperança pela nova vida que ela terá a partir de agora", disse.

O carinho recebido em forma de presentes deixou a menina muito feliz. Antes da viagem, ela costumava brincar com a equipe médica, perguntando se podia comer os chocolates e doces que ganhou. "Ela ficava dizendo: 'Agora eu posso tudo', tava se sentindo muito acolhida por todos, a gente conseguia ver alegria no rosto dela", contou a enfermeira.

VÍDEO DE JUNINHO PERNAMBUCANO

Na terça-feira, antes de voltar para casa, a menina ganhou uma surpresa. Ela recebeu um vídeo do ex-jogador Juninho Pernambucano, enviado da França, onde o ex--atleta mora. Juninho mandou uma mensagem carinhosa, de incentivo para a menina. A gravação foi muito recebida com muita emoção, já que a criança adora jogar bola. "Ela sempre falava isso, do quanto ela adora jogar futebol. Ela ficou muito feliz com a surpresa e a mensagem", contou Paula.

A assistente social e coordenadora do Pro-Marias (Programa de Atenção a Mulheres e Adolescentes em Situação de Violência Sexual e Doméstica do Cisam), Valquíria Pereira Ferreira, também fez questão de se despedir da criança. "O sentimento é de alívio. Estou muito feliz de poder ter ajudado a atender o desejo dela, de interromper a gravidez e poder recomeçar a vida", disse a assistente social.

RECOMEÇO

Além de todos os presentes, a menina de 10 anos levou na bagagem um documento elaborado pela equipe técnica do Cisam, recomendando ao Ministério Público do Espírito Santo que sejam adotadas medidas protetivas para garantir a segurança e a integridade física. A recomendação da equipe é a de que ela passe a morar em um novo endereço, para que tenha a chance de um verdadeiro recomeço.

O documento foi assinado pela coordenadora do Pro-Marias . O serviço funciona no Cisam e foi um dos responsáveis pelo acolhimento da menina na unidade. Valquíria afirma que o anonimato é condição essencial para livrar as vítimas do preconceito e do julgamento que cercam os casos de estupro.

"Ela agora precisa ser protegida e acolhida, com todos os cuidados para que não fique exposta. Isso será fundamental para a nova vida que ela vai levar", reforçou. O documento com as recomendações também é encaminhado ao Conselho Tutelar, Secretaria de Saúde e Secretaria de Ação Social do Espírito Santo.

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