Prevista desde o ano passado e aguardada por moradores da Zona Sul da capital, a requalificação da Avenida Boa Viagem, principal cartão-postal do Recife, deve dar novos passos a partir do início de setembro, quando os bancos da orla começarão a ser substituídos. A intervenção custará aos cofres municipais R$ 2,1 milhões e inicia após uma série de críticas da oposição à gestão municipal nas últimas semanas, em pleno ano eleitoral. As necessidades, no entanto, vão além.
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O trecho mais dramático em termos de conservação é o que fica próximo ao limite com Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. No local, há quase a ausência completa das estruturas e os bancos que restam têm ferros expostos e enferrujados. Mas a situação se repete em praticamente todos os 8 quilômetros da orla. O servidor público Joilson Barreto, de 44 anos, caminhava nesta segunda-feira (24) à tarde pela avenida e criticou o estado de conservação do local. "Em quatro quilômetros de caminhada, encontrei 50% dos bancos deteriorados", afirmou. Segundo ele, o período de pandemia poderia ter sido utilizado para adiantar as obras. "Na (Avenida) Boa Vista, conseguiram fazer", observou.
Os bancos que existem hoje foram implantados entre os anos de 2006 e 2007 e construídos em concreto. Em 2018, a gestão municipal chegou a desembolsar entre R$ 350 mil e R$ 400 mil para a substituição de 700 peças que compõem os bancos da orla. Dois anos depois, o desgaste é visível nas estruturas.
A engenheira Isabel Oliveira, 27, é moradora de Boa Viagem e lamenta a situação não só dos bancos, mas da orla de forma geral. "Precisa de uma reforma, principalmente depois deste período de pandemia. Muita coisa foi quebrada e vandalizada", afirma. A opinião é compartilhada pelo comerciante Cristiano Santos, 44, que há 11 anos trabalha na avenida. "A orla está completamente abandonada. As pessoas chegam aqui reclamando, dizendo que está mal cuidada, que tem bancos quebrados, brinquedos quebrados nas pracinhas. É feio para quem de fora ver isso."
O descaso se estende a outros equipamentos da Avenida Boa Viagem, como os Jardins. O Primeiro e o Terceiro parecem escapar da atenção do poder público. Os bancos ou não têm encosto, ou não têm assento. Em alguns casos, faltam ambos. Além de quebradas, as estruturas ainda estão pichadas. Ao problema se somam buracos no piso e lixo deixado no chão.
Resposta
Em nota, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informou que lançou no último dia 2 de julho a licitação para a contratação de empresa para a realização dos serviços nos bancos da orla, com custo de R$ 2,1 milhões, todo de recursos próprios. A intervenção, segundo a pasta, inicia em setembro e têm 90 dias de prazo, devendo ser concluída até meados de dezembro. "No momento estão sendo confeccionados os bancos, que irão atender às normas técnicas da ABNT sobre estruturas de concreto em meio agressivo como o da orla, como alta salinidade, incidência de chuvas, intensidade alta de sol", diz um trecho. O comunicado ainda destaca que outros serviços de recuperação e manutenção já foram iniciados, como os do calçadão e da ciclovia, e deverão ser concluídos até o final de setembro. Sobre esses, não foram informados valores.
Responsável pelos jardins de Boa Viagem, a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Recife informou que a limpeza nos três locais é feita diariamente e a capinação mensalmente. A pasta disse ainda que uma equipe será enviada ao local para analisar necessidades de melhorias. Sobre os parques infantis, que também são de responsabilidade da secretaria, a gestão afirmou que os equipamentos, fechados devido à pandemia do novo coronavírus, "passam por manutenções sempre que há necessidade." Segundo a nota enviada à reportagem, foi iniciada na última sexta-feira a manutenção nos portões de entrada, apoio das escadas, bancos dos balanços e cordas. As melhorias devem ser finalizadas em 20 dias.
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