Covid-19

Em pesquisa, médicos do Hospital das Clínicas avaliam impactos da pandemia durante gestação e pós-parto

Pesquisadores envolvidos no estudo não descartam a hipótese de que o acesso inadequado ao pré-natal, por conta da pandemia do novo coronavírus, tenha provocado graves consequências nas gestações

JC
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Publicado em 25/08/2020 às 7:54 | Atualizado em 25/08/2020 às 7:54
BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM
Gestantes e puérperas (mulheres que tiveram bebê há, no máximo, 42 dias), serão vacinadas contra a covid-19 no Recife a partir desta quarta-feira (5) - FOTO: BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM

A partir de uma análise de dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) sobre os atendimentos hospitalares nos Serviços de Obstetrícia de Pernambuco, o Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vai avaliar as influências da pandemia do novo coronavírus na saúde e na assistência prestada às mulheres e aos seus filhos, na gestação e no pós-parto, através da pesquisa clínica “O Impacto da Covid-19 sobre a Saúde Materna e Perinatal: O que mudou?”. 

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Conduzida pelos profissionais do HC, Débora Leite, Elias Melo, Aline Maranhão e Dirce Santos, a pesquisa busca comparar os cinco últimos anos antes da Covid-19, de janeiro de 2015 até dezembro de 2019, com os dados de janeiro a dezembro deste ano. 

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Débora Leite, ginecologista e obstetra do HC, coordena a pesquisa e explica que essa comparação pode criar um panorama entre as restrições de acesso aos serviços de saúde e os índices de morbidade e mortalidade entre mãe e filho neste período de pandemia. “Por sermos hospital de referência na gestação e parto de alto risco, recebemos nos plantões mulheres em estados clínicos agravados, mesmo sem o diagnóstico de Covid. Queremos analisar essa situação e comparar os dados atuais com o período imediatamente anterior à pandemia e determinar se as restrições do acesso aos serviços de saúde interferiram com os índices de morbidade (doenças) e mortalidade maternas e perinatais (período que vai da 22ª semana do feto até o 28º dia completo após o parto)”, disse.

Os médicos pesquisadores envolvidos no estudo não descartam a hipótese de que o acesso inadequado ao pré-natal, pela paralisação dos serviços ou pelo medo de comparecer às consultas por conta do vírus, tenha provocado graves consequências nas gestações. 

Para Débora, o estudo pode ajudar os pesquisadores a montar novas estratégias para que, em novos casos de crise sanitária, os serviços de assistência materno-infantil não apresentem piora e permaneçam garantindo o cuidado de seus pacientes.

“Será importante investigar também essas causas que tangenciam a pandemia para que erros não aconteçam numa nova situação extrema, com a Covid ou outra doença. Essa análise poderá ajudar a definir quais estratégias devem ser adotadas no futuro. Entendemos que a assistência à gestante e ao recém-nascido são serviços essenciais a uma população”, afirmou a médica. 

 

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