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Professores da Rede Municipal do Recife realizam carreata contra retorno das aulas

Segundo a categoria, a prefeitura tem imposto autoritariamente um calendário de reposição de aulas, que teria forçado tempos excessivos de interação virtual nocivos à saúde física e mental dos educadores

Bruna Oliveira
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Bruna Oliveira
Publicado em 15/09/2020 às 16:38 | Atualizado em 15/09/2020 às 18:43
DIVULGAÇÃO/SIMPERE
A carreata saiu da Academia da Cidade, no bairro de Campo Grande, em direção à Prefeitura do Recife - FOTO: DIVULGAÇÃO/SIMPERE

Atualizada às 17h08

O Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (Simpere) realizou, na tarde desta terça-feira (15), uma carreata contra o retorno das aulas presenciais, que estão suspensas desde março devido à pandemia do novo coronavírus. A categoria também denuncia uma suposta exploração dos professores e professoras, que, segundo eles, vem acontecendo no atual regime de aulas remotas. O protesto teve concentração na Academia da Cidade Chié, no bairro de Campo Grande, na Zona Norte da capital pernambucana, e seguiu para a Prefeitura do Recife, na área central da cidade.

Segundo a categoria, a prefeitura tem imposto autoritariamente um calendário de reposição de aulas, que, de acordo com ela, tem forçado tempos excessivos de interação virtual nocivos à saúde física e mental dos educadores, com reposição em fins de semana e feriados, além de fazer com o que os professores tirem de seu próprio salário os equipamentos necessários para as atividades. O sindicato afirma, ainda, que não houve diálogo algum com a categoria ou com a entidade de classe sobre o processo de reposição das aulas.

"Estamos lutando contra a exploração e opressão. Os educadores têm trabalhado até de madrugada, além dos sábados e feriados. Durante as aulas, se os professores não ligarem a tela em cinco minutos, são ameaçados de levar falta", declarou o diretor de finanças do Simpere, Carlos Elias.

Em nota enviada ao JC, a Secretaria de Educação do Recife informou que o calendário de reposição das aulas é uma opção para os professores que precisam cumprir a carga horária de 800 horas anuais e que nenhum educador pode ultrapassar as 44 horas semanais de trabalho. Além disso, o órgão afirmou que disponibilizou os materiais necessários para que os profissionais possam dar aula de forma remota.

"A gestão disponibilizou aos professores computador e modem, além do conteúdo para todas as modalidades de ensino - Educação Infantil, Anos Iniciais, Anos Finais, Travessia e Educação de Jovens e Adultos - que está disponível no site Escola do Futuro em Casa", diz trecho do texto enviado pela Secretaria.

Com início por volta das 14h, a carreata estava prevista para ter concentração no Classic Hall, no Grande Recife, no entanto, segundo a categoria, policiais estiveram no local para impedir a reunião de pessoas. Por isso, os manifestantes realizaram a concentração na Academia da Cidade para de lá seguir com a sua programação.

Aulas presenciais

Durante a carreata os professores também protestam contra o retorno das aulas presenciais, pois, de acordo com eles, no momento é impossível uma volta presencial apenas com protocolos de segurança. A categoria alega que as unidades escolares da rede do Recife se encontram em situação "deplorável", com salas de aula superlotadas, banheiros com torneiras quebradas, falta de água e sabão, além de não possuírem ventilação adequada.

A Secretaria de Educação, por sua vez, negou as denúncias acerca da infraestrutura do parque escolar e afirmou que esse não é o padrão das unidades de ensino. "Vale ressaltar que o fornecimento de material de limpeza é permanente nas escolas da rede municipal de ensino, assim como o abastecimento de água", disse a nota.

Sobre a volta às aulas, a Secretaria de Educação do Recife afirmou estar pronta tanto em relação à infraestrutura como ao planejamento pedagógico para o retorno dos alunos e que cumprirá todo o protocolo de segurança anunciado pelo Governo de Pernambuco.

Apesar da volta às aulas estar na pauta do protesto dos professores, ainda não foi estabelecida pelo Governo uma data de retorno das aulas municipais, públicas e particulares em todo o Estado.

Veja a nota da Secretaria de Educação na íntegra

"A Secretaria de Educação do Recife informa que o calendário de reposição das aulas é uma opção para os professores que precisam cumprir a carga horária de 800 horas anuais, conforme o parecer do Conselho Nacional de Educação, ressaltando que nenhum professor pode ultrapassar as 44 horas semanais. A gestão disponibilizou aos professores computador e modem, além do conteúdo para todas as modalidades de ensino - Educação Infantil, Anos Iniciais, Anos Finais, Travessia e Educação de Jovens e Adultos - que está disponível no site Escola do Futuro em Casa. As aulas também são transmitidas pela rádio e televisão. A carga horária está sendo computada desde o dia 02 de abril, quando iniciaram as atividades não presenciais.

A Secretaria de Educação do Recife informa, ainda, que são improcedentes as eventuais denúncias acerca da infraestrutura do parque escolar, como alega o Simpere. Esse não é o padrão das unidades de ensino. A rede municipal está pronta tanto em relação à infraestrutura como ao planejamento pedagógico para o retorno das aulas presenciais e cumprirá todo o protocolo de segurança anunciado pelo Governo de Pernambuco, cuja preparação está sendo feita por etapas, bem como adotará outras medidas, observando as especificidades da rede do Recife.

Vale ressaltar que o fornecimento de material de limpeza é permanente nas escolas da rede municipal de ensino, assim como o abastecimento de água. As unidades escolares seguem o padrão Escola do Futuro, cujo objetivo é levar inovação e qualidade pedagógica para as escolas municipais, além de investir na construção e requalificação de novas escolas e creches."

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