Chuvas

Chuvas fortes no interior de Pernambuco nesta época do ano são consideradas atípicas, diz geógrafo

As cidades do Agreste e do Sertão foram alvos de fortes chuvas durante essa semana

Gabriela Carvalho
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Gabriela Carvalho
Publicado em 05/11/2020 às 11:29 | Atualizado em 05/11/2020 às 13:41
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Fortes chuvas no município de Petrolina em 2020 - FOTO: Divulgação

As fortes chuvas que causaram transtornos em alguns municípios do interior de Pernambuco nesta semana estão se formando devido à influência do sistema Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). É o que explica, segundo o professor e geógrafo Lucivanio Jatobá, as precipitações "anormais" que ocorrem no Nordeste atualmente. Em entrevista à Rádio Jornal, nesta quinta-feira (5), o geógrafo contou que, apesar de ser um fenômeno comum, dessa vez, ele veio um pouco "fora da curva".

"Essa Zona de Convergência tem muitas nuvens e sai da Amazônia até o Oceano Atlântico. Só que ela é mais frequente na região do Sudeste e, no verão, ela pode chegar até o Nordeste como, por exemplo, no estado da Bahia. O que aconteceu agora foi um pouco fora da curva. Houve uma antecipação e uma migração mais para o Norte desse sistema", explicou.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) emitiu alerta na última segunda-feira (2) para chuva com intensidade de moderada a forte no interior do Estado. Na noite da terça-feira (3) ela renovou o aviso meteorológico por mais 24 horas

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As cidades do Agreste e do Sertão foram alvos de fortes chuvas durante essa semana. A mais afetada foi Sanharó, que contabilizou 289 milímetros de precipitação, segundo monitoramento da Apac. A precipitação no município deixou duas famílias desabrigadas e cerca de outras 300 temporariamente desalojadas. 

De acordo com o professor, esse fenômeno da Zona de Convergência tende a acabar em breve, mas já alertou que o Nordeste semiárido por ter mais ocorrências de chuva no próximo ano. 

"Estamos com uma anomalia térmica na superfície do Oceano Pacífico negativa chamada La Niña, que é o inverso do El Niño. Quando há a La Niña ocorre mais chuvas no Nordeste e quando há o El Niño há uma tendência de seca. Como não estamos com essa expectativa do El Niño, espera-se que as chuvas sejam mais abundantes no semiárido."

Além disso, outros dois fatores são importantes para a quantidade de chuva no Sertão. O geógrafo contou que as chuvas no Nordeste semiárido também estão muito relacionadas com a temperatura da superfície do Oceano Atlântico. Quando essas temperatura estão mais elevadas no Atlântico Sul, a tendência é de ter mais chuvas no Sertão.

O professo também disse que o Sol se encontra, há dois anos, em um período de baixa atividade com poucas manchas solares, o que também coopera para o índice de chuvas. "Esses três fatores concorrem para que a gente tenha uma estação de chuvas no Nordeste com uma situação de anormalidade climatológica ou acima da normalidade. É uma situação boa para o Nordeste brasileiro", afirmou.  

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