Atualizado às 14h23
Passado um mês da localização do corpo de Igor Bernardo Gomes, policial militar da Rádio Patrulha encontrado morto aos 24 anos dentro do próprio carro em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) encerrou o caso nesta quarta-feira (2). O inquérito aponta "ação suicida" como causa da morte, mas a família questiona a versão da Polícia.
As investigações foram conduzidas pelo delegado Francisco Júnior Vasconcelos Santos, titular da Delegacia de Desaparecidos e Proteção à Pessoa (DDPP/DHPP). Mais informações serão apresentadas pela PCPE em coletiva de imprensa marcada para as 10h desta quinta-feira (3).
Antes do anúncio da PCPE, parentes e amigos da vítima se reuniram na manhã desta terça, em frente ao Palácio Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, para cobrar respostas. Eles foram recebidos pelo secretário-executivo da Casa Civil, Eduardo Figueiredo, que lamentou a morte do PM e informou da conclusão do inquérito. Ao saber da notícia, o grupo se deslocou para a delegacia.
A mãe de Igor, Daniele dos Santos Silva, contestou a possibilidade de o filho ter cometido suicídio e disse que vai acionar o Ministério Público. "Eu vou até o fim da minha vida e vou mostrar ao delegado e à sociedade que meu filho não se matou", falou.
Ela afirmou que o caso foi encerrado "sem provas". "Eu vou atrás das provas de balística que (o delegado) não deu, não foi destravado o computador, não foi destravado o celular, não quis repassar os vídeos da rua. Meu advogado esteve na delegacia ontem, saiu às 17h30 e o delegado não tinha ainda as perícias concluídas, e agora disse que tem todas as provas", levantou.
Para Daniele, Igor foi assassinado. "Meu filho foi morto, e eu quero saber o motivo. Custe o que custar."
Em nota, a PCPE afirmou que "a conclusão foi técnica, com lastro nas diligências realizadas e laudos periciais do Instituto de Criminalística e do Instituto de Medicina Legal".
Relembre o caso
Igor Bernado Santos Gomes desapareceu no dia 23 de outubro, após deixar a casa da namorada, Clara. De acordo com ela, o policial ele saiu por volta das 11h, dizendo que iria encontrar um corretor de imóveis, e teria enviado uma mensagem para a namorada dizendo que a amava. Depois disso, a família não teve mais contato. O rapaz foi achado dentro do próprio carro, no dia 2 de novembro, por moradores da região de Boa Viagem, por conta do forte odor que vinha do veículo, estacionado na Rua Carlos Pereira Falcão.
À época, a Polícia Civil informou que Igor estava com o banco reclinado. Os peritos do Instituto de Criminalística (IC) falaram que o corpo apresentava uma perfuração de bala na testa, e, pelo estado avançado de decomposição, já estava morto há dias quando foi encontrado. Ao lado do corpo, foi achada uma pistola ponto 40, utilizada em serviço, com uma munição deflagrada.
Em entrevista à TV Jornal, o advogado da namorada, Carlos André Dantas, afirmou acreditar que o PM foi morto no dia do desaparecimento. "Carro estava travado por dentro. O delegado falou que tem imagens do estacionamento deste carro desde o dia em que ele desapareceu. Nesse caso, acreditamos que o fato aconteceu exatamente no dia em que ele desapareceu. Por isso que o corpo foi encontrado em avançado estado de decomposição", comentou.
As imagens de câmeras de segurança de um edifício, cedidas à emissora, mostram o policial militar com tontura dentro de elevador em 23 de outubro, um dia antes de desaparecer.
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