A Polícia Federal em Pernambuco cumpriu, nesta quinta-feira (10), onze mandados de busca e apreensão nas cidades de Recife, Olinda, Camaragibe, Itapissuma, Gravatá e Ipojuca. Os mandados foram expedidos foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região e são cumpridos por meio da Operação Articulata em sedes de empresas, endereços residenciais e em um órgão público. Os locais e nomes das pessoas não foram divulgados pela corporação.
A ação partiu da análise de materiais apreendidos na Operação Casa de Papel, que investigou irregularidades em contratos de licitação durante a pandemia da covid-19 em algumas prefeituras do Grande Recife. Na ocasião, a operação revelou possível participação de pessoa com prerrogativa de foro no esquema de corrupção, organização criminosa, favorecimento em licitações, entre outros crimes ali apurados.
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"O objetivo é colher material de prova para cada vez mais responsabilizar essas pessoas, como computadores, documentos, contatos, até mesmo dinheiro e aparelhos celulares, para que todo esse material possa passar por uma perícia técnica para poder responsabilizar o autor que tem participação e foi identificado na Operação Casa de Papel", explica o chefe de comunicação da PF, Giovani Santoro.
Sem nome divulgado, o servidor público alvo da operação é comissionado e teria privilégio de foro. Além disso, agia como articulador entre a empresa investigada e o órgão público. "No decorrer da Casa de Papel, existia um investigado que, a despeito dele ter tentado sabotar a investigação e apagar o conteúdo do celular, conseguimos recuperar boa parte do teor do aparelho, e identificamos um vínculo estranho entre essa pessoa e uma pessoa com prerrogativa de foro. Eles conversaram várias vezes na data da operação policial, marcaram reuniões dentro do órgão público, e isso atraiu a atenção dos investigadores", explicou a delegada Andrea Pinho.
Por isso, a PF achou necessária o desmembramento da investigação. "Verificamos, também, vínculos entre fornecedores de estado e essa pessoa com prerrogativa de foro. Esses encontros eram, no mínimo, inusitados, porque aconteciam fora da agenda e não tinham um motivo aparente. Diante dessas evidências, nós entendemos, pela necessidade de aprofundar a investigação", contou a delegada.
O nome da operação deflagrada foi inspirado no termo em latim do adjetivo articulado, numa alusão ao papel de articulador supostamente exercido pelo servidor público.
Operação Casa de Papel
A operação Casa de Papel foi deflagrada no dia 16 de junho de 2020 pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF), e apurou irregularidades na compra emergencial de materiais médicos, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Foram constatados indícios de que a empresa contratada pertence a um grupo econômico do setor gráfico, que estaria sendo beneficiado com contratos públicos milionários há mais de uma década.
Os contratos, feitos com dispensa de licitação, são das prefeituras de Recife, Olinda, Cabo de Santo Agostinho e Paulista. Juntos, eles equivalem a um valor aproximado de R$ 9 milhões. Na época, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão nessas cidades, tanto nas prefeituras quanto na sede da empresa e nas residências de seus sócios.
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