Cemitérios do Grande Recife abrem mais covas para receber corpos de vítimas da covid-19
Gestor das necrópoles em Olinda, por exemplo, diz que situação é muito preocupante, chegando a quase um colapso
Com o crescimento dos casos de covid-19 e o aumento de mortes, cemitérios do Recife e Região Metropolitana estão tendo que abrir mais covas para receber os corpos das vítimas da doença que, até esta terça-feira (3), levou a óbito 11.068 pessoas só em Pernambuco. Em Olinda, o coordenador dos cemitérios municipais, Edivaldo Alves, diz que a situação é bastante preocupante e que já há lista de espera por vagas nas duas necrópoles administradas pela prefeitura - em Guadalupe e Águas Compridas. Para evitar um colapso, a gestão municipal planeja abrir 600 vagas em um mês, verticalizando os cemitérios com a construção de gavetas, saída encontrada para vencer a falta de espaço nos terrenos.
No Recife, a prefeitura garante que 27% das covas ou gavetas destinadas exclusivamente para mortos pelo coronavírus ainda não foram ocupadas nos cemitérios de Santo Amaro, na área central, e no Parque das Flores, em Tejipió, Zona Oeste. Um contêiner foi instalado na área externa do Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI), em Areias, para ampliar a capacidade de armazenamento de corpos. A justificativa da Secretaria Municipal de Saúde é que a unidade ampliou em 300% a oferta de vagas na UTI para pacientes com covid-19, o que "exige adequação específica da estrutura física, como o aumento proporcional do necrotério", diz, por meio de nota. Lá sã o 40 leitos para doentes de covid-19.
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Pernambuco registrou, conforme a Secretaria Estadual de Saúde, 303.047 casos confirmados da covid-19, sendo 32.640 graves e 270.407 leves. Foram 1.613 novos infectados contabilizados só nesta terça-feira. Também foram confirmados mais 38 mortes. No Recife, o levantamento aponta 74.762 pessoas doentes e em Olinda, 13.805.
EXPANSÃO
"Estamos na corrida para conseguir ampliar os cemitérios. Temos lista de espera por covas. Avalio como muito preocupante a situação em Olinda, quase um colapso", diz Edivaldo. "Recebemos entre 2 e 3 cadáveres por dia para enterrar em cada cemitério, vítimas de covid. É o mesmo número que chegava em abril e maio do ano passado, quando a pandemia começou", diz o gestor de Olinda. "Essa quantidade foi depois diminuindo durante o ano. Mas agora em 2021, após as festas de Natal e final de ano, voltou a acontecer", comenta.
O cemitério de Guadalupe tem 1.380 covas e o de Águas Compridas, 1.180. O plano da prefeitura é criar mais 400 vagas no primeiro e 200 no segundo. "Embora a população de Olinda tenha triplicado e os cemitérios tenham se mantido do mesmo tamanho, daríamos conta de atender a população se não houvesse a pandemia", observa Edivaldo.
SOBRA
Na capital pernambucana, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informa que foram abertas ou construídas 5.639 covas e gavetas em Santo Amaro e no Parque das Flores. "Desse montante há ainda 27% de covas/ gavetas sem uso (1.572 vagas). A cidade não corre o risco de colapso funerário, pois possui plena capacidade para sepultamentos relacionados à covid-SRAG", afirma o órgão.