Sindloja Caruaru propõe escalonamento de horários e outras medidas alternativas ao fechamento de atividades em Pernambuco
O sindicato representa empresas do comércio varejistas de bens, serviços, turismo e gêneros alimentícios
Com o fechamento das atividades econômicas e sociais em Pernambuco a partir desta quinta-feira (18) para conter o avanço da covid-19 no Estado, o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Caruaru (Sindloja), no Agreste de Pernambuco, publicou uma carta aberta ao governador Paulo Câmara, na qual afirmou discordar das medidas restritivas impostas. Além disso, a entidade fez sugestões de medidas alternativas ao fechamento das atividades empresariais. O sindicato representa empresas do comércio varejistas de bens, serviços, turismo e gêneros alimentícios.
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De acordo com o Sindloja, o setor produtivo foi muito penalizado diante da suspensão de atividades e restrições de horários de funcionamento, sem que houvesse uma apresentação de políticas públicas que pudessem amparar os empresários dos setores.
"Os empresários estão no limite de um colapso financeiro, e infelizmente centenas de empresas poderão fechar as portas, pois tal decreto inviabiliza a continuidade de atividades, ensejando possibilidade de
demissões em massa", disse trecho da carta.
Ao todo, o Sindloja sugeriu seis medidas alternativas ao fechamento; entre elas escala de horários para o início e fim das atividades econômicas; obrigar os ônibus a trafegarem com todos os passageiros sentados com máscaras e com as janelas abertas, não permitindo pessoas em pé; fazer campanha de conscientização da população, entre outras que podem ser conferidas no fim da matéria.
Por meio do documento, o sindicato também afirmou que defende que o distanciamento social não seja sinônimo "do fechamento de atividades e proibição do trabalho", já que, segundo a entidade, 90% do comércio e serviços de Caruaru não possuem aglomerações.
"Dentro das lojas temos ambiente controlado, são raras as que possuem vários compradores simultâneos, e as que possuem conseguem manter número suficiente para garantir o distanciamento necessário, a contaminação do covid-19 não está acontecendo no ambiente das empresas", disse o texto.
Medidas alternativas sugeridas pelo Sindloja
- Escala de horários para o início das atividades econômicas: indústria 6h / construção civil 7h / serviços 8h / comércio 9h, tendo no final do turno também uma hora de diferença, dessa forma reduzindo a pressão no sistema de transporte público reduzindo dessa as aglomerações costumeiras.
- Obrigar os ônibus a trafegarem com sua lotação máxima, sendo todos os passageiros sentados com máscaras e com as janelas abertas, não permitindo pessoa em pé.
- Os transportes de aplicativos e táxi só permitirem no máximo dois passageiros no banco de trás.
- Aumentar fiscalização em locais de possíveis aglomerações, como bares, festas, chácaras entre outros.
- Fazer campanha de conscientização da população, inclusive pedindo apoio na fiscalização das normas de prevenção.
Em nota, o Governo de Pernambuco reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo comércio, mas considerou que o isolamento social - especialmente com a demora da vacinação em massa - tornou-se a única saída para combater a aceleração dos indicadores, evitar hospitais lotados e mais vidas perdidas. A gestão destacou que, para combater os efeitos da covid-19 na economia, anunciou linha de crédito emergencial para micro e pequenas empresas, apresentou um programa de recuperação de crédito para empresas fora do Simples Nacional e anunciou a prorrogação do ICMS em 120 dias, para microempresas e microempreendedores. Também foi lembrado em nota o pagamento dos beneficiários do 13º do Bolsa Família Estadual e o edital de Auxílio Emergencial Ciclo Carnavalesco.
Por fim, o Governo do Estado afirmou que "todas as iniciativas foram tomadas para evitar uma nova quarentena devido a COVID-19, mas a falta de uso de máscaras e a velocidade de transmissão do vírus geraram uma nova onda de mortalidades no Estado que só pode ser contida com o isolamento social e a colaboração de todos".
Confira a nota na íntegra:
O Governo de Pernambuco, através da Secretaria do Trabalho, reitera reconhecer todas as dificuldades enfrentadas pelo comércio e relatadas pelo Sindloja neste momento de pandemia. Mas a decisão de iniciar um novo período de quarentena rígida levou em conta a sobrecarga do sistema de saúde, com cerca de 97% leitos de UTIs ocupados, e o risco de colapso da rede hospitalar com pessoas circulando nas ruas. O Estado enfrenta seu momento mais crítico. A economia estadual também sofre perdas quando uma medida dessas é adotada, mas o isolamento social - especialmente com a demora da vacinação em massa - tornou-se a única saída para combater a aceleração dos indicadores, evitar hospitais lotados e mais vidas perdidas. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) registrou, nesta quinta-feira (18/03), 2.139 casos da Covid-19.
Para combater os efeitos da COVID-19 na nossa economia, o Governo Estadual, através da Agência de Empreendedorismo de Pernambuco-AGE, anunciou linha de crédito emergencial para micro e pequenas empresas, desde o dia 15 de março. Prejudicadas pela pandemia, as micro e pequenas empresas vão poder contar com uma linha de crédito de até R$ 50 mil, parcelados em até 30 meses, com prazo máximo de seis meses de carência para começar a pagar. A redução de juros está sendo estudada. Além disso, também pretendemos lançar o CREDITUR em breve, com recurso do Ministério do Turismo, para o setor de Turismo, que inclui bares e restaurantes.
Por meio da Secretaria da Fazenda, o Estado apresentou um programa de recuperação de crédito para empresas fora do Simples Nacional e anunciou a prorrogação do ICMS em 120 dias, para microempresas e microempreendedores.
O Governo abriu um diálogo com todos os prefeitos para pedir apoio nas medidas restritivas de circulação de pessoas, com a Fecomércio, com a Fiepe, associações de shoppings centers, sindicatos de hotéis, Associação Comercial de Pernambuco e restaurantes para encontrar caminhos que possam reduzir os impactos da pandemia na economia. Campanhas de conscientização da população estão sendo feitas nas redes sociais e na televisão, como sugerido pelo Sindloja. Incentivamos nas empresas a medição de temperatura, a disponibilidade de álcool em gel para funcionários e clientes, bem com a higienização dos ambientes internos das empresas. Mas não têm sido suficientes para reduzir a onda de contágio.
Nesta quinta-feira (18), foi iniciado o pagamento dos beneficiários do 13º do Bolsa Família Estadual nascidos entre maio e agosto. Ao todo, o programa vai injetar R$ 157 milhões do tesouro estadual na economia de Pernambuco. Muitas famílias vão receber essa parcela extra para atravessar este momento difícil que estamos passando.
No dia 10 de março, pouco antes do decreto estadual, artistas e grupos culturais que mantêm a tradição do Carnaval de Pernambuco começaram a se inscrever no edital de Auxílio Emergencial Ciclo Carnavalesco. O Governo vai garantir o socorro a quem dependia da Folia de Momo. Os recursos são da ordem de R$ 3 milhões, do tesouro estadual, e a estimativa é contemplar 20 mil pessoas.
Todas as iniciativas foram tomadas para evitar uma nova quarentena devido a COVID-19, mas a falta de uso de máscaras e a velocidade de transmissão do vírus geraram uma nova onda de mortalidades no Estado que só pode ser contida com o isolamento social e a colaboração de todos. Como disse o governador Paulo Câmara, não é possível vencer a doença sozinho.