Quarentena de 11 dias começa nesta quinta-feira (18) em Pernambuco
Dessa vez, é uma quarentena com regras um pouco mais flexíveis do que as adotadas em boa parte do Estado em maio de 2020. Mas a angústia e o medo diante dessa nova batalha contra o vírus são os mesmos
Dez meses depois, Pernambuco vive novamente um período de restrições rígidas de circulação e funcionamento das atividades econômicas em todo o Estado. Mais uma tentativa de frear a propagação da covid-19, doença que não consegue ser vencida pela humanidade e já tirou 2.687.219 vidas no mundo, 284.775 no Brasil e 11.510 em Pernambuco. Dessa vez, é uma quarentena com regras um pouco mais flexíveis do que as adotadas em boa parte do Estado em maio de 2020. Mas a angústia e o medo diante dessa nova batalha contra o vírus são os mesmos. Nesta quarentena, talvez o temor de não conseguir superar a força do coronavírus seja ainda maior do que em 2020 porque a chamada segunda onda de contaminação está ainda mais ágil e fatal. Mais destruidora. A estrutura da saúde também encontra-se ainda mais colapsada, os profissionais exaustos e a população desesperançada.
Por tudo isso, a partir desta quinta-feira (18) e até o dia 28 de março, a obediência às regras de restrições impostas pelo governo de Pernambuco é essencial. Aliás, é a nossa única esperança de reduzir a força do novo vírus enquanto o programa de vacinação não decola no País. “Sozinho, o esforço do governo de Pernambuco terá um impacto muito limitado. É preciso a compreensão de todos. Volto a fazer um apelo em nome da saúde de Pernambuco e pela da vida dos pernambucanos: seja um agente de proteção. Faça sua parte, fique em casa. A missão de cada um de nós, durante estes próximos dias, é proteger a vida e evitar que ainda mais pessoas se contaminem e morram vítimas da covid-19", apela o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, que tem demonstrado, nas coletivas de imprensa, um desespero típico de quem conhece de perto as consequências de um estrangulamento do serviço de saúde.
- Queiroga: Com medidas simples contra a covid-19, evitamos ter de parar com a economia de um país
- Pernambuco instala contêineres para abrigar leitos de UTI de covid-19 em hospital referência em Olinda
- Fiocruz entrega vacinas produzidas no Brasil contra covid-19
- Brasil registra 2.648 mortes por covid-19 em 24h, total chega a 284.775
Estão previstas medidas de repressão para quem desobedecer as regras e for flagrado pela fiscalização, mas a força do Estado nunca será suficiente se as pessoas não colaborarem. Embora a segunda quarentena tenha diferenças para o isolamento social rígido adotado por 15 dias em 2020, como a não proibição de circulação de pessoas e veículos, são muitas atividades econômicas que estarão proibidas de funcionar e hábitos individuais que terão que ser deixados de lado, o que irá testar, novamente, a capacidade de cidadania da população. Mesmo com as dificuldades econômicas que a quarentena provoca, o entendimento do governo de Pernambuco é que só assim será possível evitar o colapso total do sistema de saúde - comprometido em mais de 90%. “Vamos fazer desses 11 dias o nosso momento de virada. Será difícil para o Estado inteiro, mas precisa ser um movimento realmente coletivo, em que estaremos juntos e conscientes para vencer o vírus e trazer de volta paz, tranquilidade, esperança e ainda mais trabalho pelo futuro da nossa gente", pediu o governador Paulo Câmara.
O que não pode funcionar?
Pelo Decreto 50.433 de 15 de março de 2021, que determina a quarentena em Pernambuco, apenas o que é considerado atividade essencial poderá funcionar nos próximos 11 dias. Está proibido a partir desta quinta (18) o acesso às praias e rios, incluindo calçadões; a realização de aulas presenciais nas escolas e universidades públicas e privadas; o funcionamento de escritórios comerciais e de prestação de serviços; o acesso aos clubes sociais, esportivos e agremiações; práticas e competições esportivas(exceto jogos de futebol profissional); abertura de academias de ginástica; funcionamento de parques, praças e ciclofaixas de lazer; atendimento presencial em shoppings centers e galerias comerciais; eventos sociais e culturais; atendimento ao público nas unidades do Detran e Expresso Cidadão; e a realização de cirurgias eletivas que demandem internação hospitalar. As lojas que não estão autorizadas a realizar atendimento presencial poderão fazer entregas, já que o delivery de qualquer tipo de produto e mercadoria segue autorizado no Estado.
O que pode funcionar?
Entre as atividades que poderão funcionar durante a quarentena estão os postos de gasolina; lojas de conveniência; lojas de material e equipamentos de informática; comércio atacadista; bancos e lotéricas; cartórios; indústria e atividades relacionadas à construção civil; farmácias e estabelecimentos de venda de produtos médicos e hospitalares; consultórios médicos, clínicas, hospitais, laboratórios e demais estabelecimentos relacionados à área de saúde; clínicas, hospitais veterinários e petshops; supermercados, padarias e demais estabelecimentos voltados ao abastecimento alimentar da população; restaurantes e lanchonetes (exclusivamente via delivery ou como ponto de coleta); serviços funerários; hotéis e pousadas, incluindo restaurantes e afins, localizados em suas dependências, com atendimento restrito aos hóspedes; ciclovias e ciclofaixas permanentes do Recife; serviços de manutenção predial e prevenção de incêndio; transporte público e igrejas, templos ou outros locais apropriados apenas para a realização de atividades administrativas e de preparação, gravação e transmissão de missas, cultos e demais celebrações religiosas pela internet ou por demais meios de comunicação. Confira a lista completa AQUI.
Situação do Brasil é preocupante
O desespero dos profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à covid-19 foi reforçado com o alerta feito pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, ao afirmar nesta quarta (17) que a pandemia deve alcançar patamares "dramáticos" nas próximas semanas no Brasil, caso nada seja feito para deter a circulação do vírus. "Estamos todos cansados da pandemia, não é fácil para ninguém. Mas os dados neste momento são os mais graves de toda a pandemia, com o maior número de mortos e o maior número de casos associados a uma grande circulação de uma variante (do vírus) com possibilidade de maior transmissão. Temos que reduzir a possibilidade de circulação até aumentar o número de pessoas protegidas."
O alerta foi feito um dia depois da divulgação dos resultados de uma análise feita pela Fiocruz em oito Estados das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do País que constatou a prevalência das variantes mais preocupantes do coronavírus Sars-CoV-2 em pelo menos seis deles. E desses seis estados, somente nas amostras de Minas Gerais e Alagoas a presença da mutação ocorreu em menos da metade das amostras - respectivamente 30,3% e 42,6%. Os Estados em que elas mais aparecem são Ceará (71,9%) e Paraná (70,4%). A situação nos demais é: PE (50,8%), RJ (62,7%), RS (62,5%), SC (63,7%).