ÁGUAS

'Chuvas beneficiaram quase todas as barragens do Grande Recife', afirma diretor da Compesa à Rádio Jornal

A declaração foi dada pelo diretor técnico de engenharia da estatal, Flávio Figueiredo, na manhã desta sexta-feira (14), em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal

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Marcelo Aprígio

Publicado em 14/05/2021 às 10:56 | Atualizado em 14/05/2021 às 13:35
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O nível dos reservatórios da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) na Região Metropolitana do Recife (RMR) subiu por causa das fortes chuvas que caem sobre a RMR desde a tarde da quarta-feira (12). A informação foi revelada pelo diretor técnico de engenharia da estatal, Flávio Figueiredo, na manhã desta sexta-feira (14), em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.

"As chuvas já estão apresentando reflexos na acumulação das barragens da Região Metropolitana do Recife. [A barragem de] Botafogo, na manhã desta sexta-feira, já estava com 25% da sua capacidade, que é um aumento significativo, se levarmos em conta que, há alguns meses, estávamos com ela praticamente em colapso", afirmou Figueiredo. "Essas chuvas beneficiaram quase todas as barragens do Grande Recife. Os reservatórios do Sistema Suape, como a barragem de Bita, já está sangrando desde essa quinta-feira", emendou.

O diretor da Compesa também comentou sobre o índice de precipitação no Agreste de Pernambuco. De acordo com Flávio Figueiredo, apesar da quantidade chuvas na região, elas não foram significativas para diminuir o racionamento de água em alguns municípios.  

"No Agreste, as chuvas foram menos intensas que aqui no Grande Recife, mas tivemos precipitação em algumas bacias do interior, e algumas barragens, provavelmente depois de amanhã (sábado, 14), vão começar a apresentar uma recuperação. Mas as chuvas no Agreste não foram tão significativas para nos dar uma maior tranquilidade em relação à diminuição do racionamento de água em algumas cidades", disse. 

Onde mais choveu em Pernambuco

Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), em muitas localidades da Região Metropolitana o acumulado pluviométrico ultrapassa os 200 milímetros. Em Maria Farinha, localizada no município de Paulista, o índice pluviométrico marca 251,90 mm só nas últimas 24 horas. O número assusta quando levamos em conta que a quantidade de chuva registrada em Paulista em todo o mês de maio de 2020 foi de 308,6 mm. Ou seja, a cidade acumulou, em 24 horas, quase 82% do que havia acumulado em todo o mês de maio do ano passado.

O centro de Ipojuca também registrou bastante água, com 209,12 mm nas últimas horas. O número equivale a mais de 92% do que choveu no mês inteiro em 2020, que foi 226,1 mm. No Recife, o maior índice pluviométrico foi no bairro da Imbiribeira, na Zona Sul, com 197,28 mm, quase 76% do máximo registrado no ano passado, que foi 260,6 mm.

Jaboatão dos Guararapes e Igarassu também contabilizaram um índice muito alto de chuva nas últimas horas. Tamandaré, no Litoral, quase chegou aos 200 mm. Os números são da Apac e foram atualizados às 7h10 desta sexta, podendo sofrer alterações ao decorrer do dia.

Veja onde mais choveu nas últimas 24 horas:

Maria Farinha, Paulista - 251,90mm
Centro, Ipojuca - 209,12mm
Janga, Paulista - 207,08mm
Muribeca, Jaboatão dos Guararapes - 198,42mm
Imbiribeira, Recife - 197,28mm
Cruz de Rebouças, Igarassu - 197,20mm
Ibura, Recife - 197,16mm
Tamandaré - 196,41mm
Piedade, Jaboatão dos Guararapes - 196,09mm
Areias, Recife - 193,20mm

De acordo com a Apac, as últimas chuvas estão ligadas à atuação de um sistema meteorológico chamado Distúrbio Ondulatório de Leste (DOL), considerado comum para os meses de abril a julho, que se desloca desde o Rio Grande do Norte, passando pela Paraíba e chegando até Pernambuco.

"Da mesma forma que há ondas no oceano, também têm na atmosfera. O fluido se desloca e vem em forma de ondas. Quando essas ondas se intensificam, ocorre ainda uma intensificação das nuvens nessas regiões", explicou a meteorologista Aparecida Fernandes.

As chamadas "ondas de leste" foram intensificadas, de acordo com a especialista, por um aquecimento de causas desconhecidas no Oceano Atlântico. "O Oceano Atlântico Sul teve uma parte mais aquecida do que o normal e isso faz com que gere mais vapor de água, que alimenta as nuvens, e com que os sistemas meteorológicos fiquem mais intensos", disse.

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