Governo de Pernambuco está em 'alerta' e vê aumento de casos no Estado todo
Na avaliação do secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, o Agreste do Estado é que está no seu pior momento
A situação da pandemia da covid-19 no Agreste de Pernambuco tem sido avaliada com alerta pelo governo estadual diante dos índices de ocupação dos leitos na região. Ainda assim, a Região Metropolitana do Recife (RMR) e a Zona da Mata também está no radar do Estado, assim como em menor grau, o sertão pernambucano.
A 2ª macrorregião de Pernambuco, que contempla as 4ª e 5ª Geres, com sedes em Caruaru e Garanhuns, respectivamente, teve um aumento de 35% nas solicitações de leitos de UTI em uma semana e de 55% no período de 15 dias. Em paralelo, considerando as mesmas solicitações em todo o estado, o aumento foi de 15% em uma semana e 18% em 15 dias.
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Sobre os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), o estado como um todo teve um aumento de 17% nas notificações em uma semana e 22,5% em 15 dias, enquanto na região agreste o aumento foi de 20% e 48% em uma semana e 15 dias, respectivamente.
Os dados foram fornecidos pelo secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, durante coletiva virtual realizada nesta quinta-feira (27). "O agreste vive hoje o seu pior momento em toda a pandemia, uma situação de extrema gravidade e nenhum sistema de saúde consegue suportar uma velocidade de crescimento de demandas como nós tivemos na região nesta última semana", disse André Longo.
Segundo ele, a pressão no sistema de saúde daquela região tem impactado, inclusive, outras áreas do estado, ocasionando em um aumento na fila de leitos. "Por isso nós estamos tendo que inclusive dar suporte a alguns municípios de insumos para atender pacientes que ficam por mais tempo nessas unidades próprias dos municípios", completou André Longo.
Os índices motivaram a adoção de medidas ainda mais restritivas nos 53 municípios do agreste (4ª e 5ª Geres) e outros 12 municípios da Zona da Mata. De acordo com o novo decreto (nº 50.752/2021), de 26 de maio a 6 de junho está proibido o funcionamento de estabelecimentos e atividades econômicas e sociais de forma presencial.
"A gente precisa frear essa alta da contaminação em 65 municípios de Pernambuco de modo especial. A partir daí, todas as atividades permanecem suspensas, com exceção daquelas que estão elencadas no nosso anexo II do decreto (atividades permitidas), que trata de atividades como supermercados, padarias, postos de gasolina, farmácia, lojas de material de informática, lojas de ração animal", explicou a secretária-executiva de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Ana Paula Vilaça, durante a coletiva nesta quinta (27).
Já na 1ª macrorregião - que abrange RMR e algumas cidades na Zona da Mata - a procura por leitos de UTI para pacientes com covid-19 também se destacou. Houve um aumento de 9% no número de solicitações em uma semana e 9,8% em 15 dias. Com relação aos casos confirmados de Srag, o aumento nas notificações foi de 15% e 16,7% em uma semana e 15 dias, respectivamente.
"O Recife, a RMR, e a 1ª macrorregião estão no nosso radar de observação para os próximos dias e semanas sim. Estamos atentos para esse cenário e analisando esses dados. Esperamos que haja uma contenção com as medidas já adotadas, mas caso sejam sejam necessárias medidas mais restritivas, no nosso entender, o comitê de enfrentamento vai adotá-las", avaliou André Longo.
A partir do novo decreto, serão implementadas novas restrições nos próximos dois finais de semana (29 e 20 de maio e 5 e 6 de junho) nesta região. Nos sábados e domingos, apenas as atividades chamadas de permitidas podem funcionar. Entre elas, estão estabelecimentos como supermercados, padarias, mercadinhos, postos de gasolina e farmácias. Os restaurantes só poderão atuar no esquema de delivery. O comércio nas praias também segue proibido nesses dias.
"O nosso entendimento é que esse pedido, esse apelo que a gente faz para que as pessoas fiquem em casa nos próximos dois finais de semana, serão suficientes e importantes para o conter o avanço da pandemia", apontou Ana Paula Vilaça.
No Sertão, por sua vez, que inclui as 3ª e 4ª macrorregiões, as atividades em geral continuam funcionando de segunda a sexta-feira até as 20h e nos finais de semana até as 18h.
A secretaria de Saúde identificou um leve aumento nos índices de alguns municípios da 10ª Geres, que contempla Afogados da Ingazeira, Brejinho, Carnaíba, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Terezinha, São José do Egito, Solidão, Tabira e Tuparetama.
"O sertão não está livre de perigo, o sertão precisa se cuidar tanto quanto todas as outras regiões do estado. Nós estamos monitorando e é bem possível que medidas restritivas precisem ser tomadas mais intensas também no sertão", disse Longo.
Variante
Durante a coletiva, o secretário André Longo reafirmou a preocupação do governo estadual com a possibilidade de circulação de uma nova variante da covid-19 no agreste, o que pode ter provocado o aumento nos índices da doença na região.
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Longo já entrou em contato com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga para alertar sobre a possível variante no estado e solicitar mais agilidade na vigilância genômica. Amostras mais recentes, ainda do mês de maio, foram disponibilizadas para a realização do sequenciamento genético para constatar se a variante está mesmo presente no estado.
O governo de Pernambuco pediu apoio não só ao governo federal, mas também ao Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) e à Fiocruz, informa o secretário.
"Se confirmada essa suspeita, solicitamos ao ministro que nos seja dispensado o mesmo tratamento para o Maranhão e Manaus, que receberam doses extras de vacinas. Também pedimos insumos, como testes rápidos de antígenos importantes para fazer o controle, a testagem, o rastreamento, do isolamento sintomático e seus contatos especialmente nessas regiões que estão mais aquecidas pela doença", explicou André Longo.
Quinta-feira (27)
Nesta quinta-feira (27), Pernambuco registrou 2.527 novos casos de Covid-19 e 71 novos óbitos. Com isso, o estado já totaliza 472.590 casos confirmados e 15.595 ocasionadas pela doença desde o início da pandemia.
O estado tem tendência de alta na média móvel dos casos pelo 13º consecutivo. A média móvel é considerada o melhor índice para mostrar um retrato mais fiel situação da pandemia em determinado território. O cálculo é feito a partir da média de novos casos registrados nos últimos sete dias (contando com o dia medido) comparada aos 14 dias anteriores. As variações acima de 15% para mais ou para menos indicam tendência de alta ou baixa, respectivamente.
A média móvel desta quinta (27) é de 2.838, que representa um aumento de 17% em relação à duas semanas atrás. A média móvel de mortes, por sua vez, está em tendência de estabilidade pelo quarto dia consecutivo. A média ficou em 58.