Pernambuco tem recorde de divórcios durante a pandemia da covid-19; veja quantos foram
De acordo com a Defensoria Pública do Estado, o número é considerado um recorde histórico
Com o isolamento social por causa da covid-19, muitos casamentos chegaram ao fim em Pernambuco. Já foram 11.868 divórcios ao longo do período pandêmico, um recorde histórico, de acordo com a Defensoria Pública do Estado.
No ano passado, a Defensoria registrou 1.113 ações no Recife e 7.242 nos municípios do interior. Já em 2021, são 352 ações na capital pernambucana e 3.161 nas cidades interioranas. Esse total é considerado recorde histórico pela Defensoria.
Dados do Colégio Notarial do Brasil apontam que no ano passado houve um acréscimo de 15% na taxa de desuniões. Ao todo, foram contabilizados 43,8 mil divórcios. Entre maio e junho, os casos chegaram ao total de 5.306. Em Pernambuco, nesse mesmo período, a taxa atingiu 80%. Já nos cinco primeiros meses de 2021, o País já somou 29.985 separações.
Tudo pela internet
Em maio do ano passado, a Corregedoria Nacional de Justiça editou a Portaria nº 100 e autorizou que os atos ocorressem de forma remota. A edição incluia os divórcios, contanto que o processo não incluísse pendências em questões de guarda, nem entraves relacionados à visitas ou alimentação dos filhos.
“Notamos que durante a pandemia, com o teleatendimento, os assistidos entendem que dessa forma vão resolver mais rápido suas questões, pondo fim àquela relação,” afirmou Jeovana Colaço, subdefensora cívil do Recife.
No âmbito da Defensoria Pública, devido ao regime de trabalho remoto, a triagem tem início no sistema de Callcenter. Em possibilidade de concordância, é executado o encaminhamento ao Núcleo de Mediação, com a Coordenação executada pela Defensora Pública Lúcia Autran.
“Como Defensoria, temos o dever de tentar efetuar a mediação ou conciliação. Nós chamamos os assistidos para estabelecer um acordo. Se não tiver êxito, entra em litígio,” disse.
As demandas que não se enquadram na esfera litigiosa são direcionadas ao Núcleo de Família, cuja coordenadora é a Defensora Pública Carol Barreto. Sem a consensualidade, há a marcação de audiência. E o juiz passa a decidir pelas partes envolvidas.
“A maior procura é o litigioso. Na verdade, as pessoas, principalmente quando procuram a justiça, elas, em um primeiro momento, tendem a estar inclinadas a resolver de maneira menos harmônica. Mas muitos, nós conseguimos transformar em um divórcio consensual, explicando que é melhor do que esperar um ou dois anos na justiça,” conclui.
Motivação
Os motivos para um número tão alto, segundo Jeovana Colaço, subdefensora cívil do Recife, seria o excesso de contato durante a pandemia. "As pessoas trabalhavam muito, tinham atividades extras e isso fazia com que elas evitassem enfrentar os problemas da relação. Com o lockdown, a convivência se tornou insuportável para muitos casais que já tinham discordâncias dentro do relacionamento", opinou. A realização das audiências online também facilitou o aumento dessas separações.