Imunização

O que se sabe até agora sobre vacinação contra covid-19 em crianças e adolescentes?

No Brasil, até o momento, só uma vacina contra covid-19 é aplicada em menores de 18 anos

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Douglas Hacknen

Publicado em 13/08/2021 às 21:52 | Atualizado em 13/08/2021 às 22:03
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O Recife, que está vacinando todos os adultos maiores de 18 anos, liberou, nesta sexta-feira (13), o cadastramento para vacinação contra a covid-19 de crianças a partir dos 2 anos. A prefeitura diz que o procedimento é "fundamental para que a gestão possa fazer o planejamento de novas aberturas para crianças e adolescentes". Ainda não há previsão para o início da imunização desse público na cidade, mas a notícia levantou o debate sobre o tema. Veja abaixo o que se sabe até agora sobre a vacinação de menores contra o coronavírus.

Em 27 de julho, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que adolescentes de 12 a 17 anos seriam incluídos no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a covid-19 após a vacinação de adultos com mais de 18 anos.

A cidade de São Luis, capital do Maranhão, foi a primeira capital a vacinar toda a sua população adulta, a partir de 18 anos, e se tornou a primeira capital a vacinar adolescentes a partir dos 12 anos, no dia 6 agosto. Em pernambuco, o município de Itacuruba, no Sertão, foi o primeiro do Estado a vacinar menores de 18 anos. Os beneficiados também são adolescentes a partir dos 12 anos, porém, somente os que tiverem comorbidade.

Até o momento, dos imunizantes aplicados no Brasil, apenas o da Pfizer/BioNTech permite aplicação em pessoas menores de 18 anos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em junho, a extensão do uso da vacina da Pfizer em crianças e adolescentes acima de 12 anos. Outras faixas etárias estão sendo estudadas pela farmacêutica, mas a pesquisa ainda não foi concluída.

No dia 30 de julho, a Anvisa recebeu uma solicitação do Instituto Butantan para ampliar a faixa etária de indicação da vacina CoronaVac, incluindo o público de crianças e adolescentes na faixa de 3 a 17 anos de idade na bula da vacina.

A China já autorizou o uso emergencial da CoronaVac em crianças acima de 3 anos. O estudo da farmacêutica, divulgado em junho, mostrou uma resposta imunológica maior nas crianças e adolescentes do que em adultos e idosos, com duas doses e intervalo de 28 dias.

“A competência para solicitar a inclusão de novas indicações na bula é do laboratório e a solicitação deve ser fundamentada em estudos que sustentem a indicação pretendida, tanto em relação aos aspectos de segurança como de eficácia. Já a decisão sobre o registro e alterações pós-registro de uma vacina ou medicamento é da área técnica. Para as vacinas em uso emergencial, essa decisão é da diretoria colegiada,” informou a Anvisa.

O laboratório Janssen recebeu autorização da agência para realizar estudos de sua vacina com menores de 18 anos. Os estudos estão em condução.

A vacina Oxford/Astrazeneca chegou a iniciar testes com crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, mas os estudos foram pausados no Reino Unido após relatos de coágulo sanguíneo em adultos.

Em outros países, a Pfizer já anunciou testes em crianças. Dados para crianças de 5 a 11 anos podem chegar em setembro deste ano, informou a CNN. Os dados para crianças de 2 a 5 anos devem chegar logo depois. Em crianças de 6 meses a 5 anos, as tentativas ainda estão na primeira fase. A pesquisa da vacina da Pfizer está avaliando mais de 4.600 crianças em três grupos de idade.

Entre os pontos que devem ser observados nesta nova pesquisa estão: são seguras para crianças? Qual deve ser a dose certa? Qual a eficácia do imunizante nas crianças?

“Eu entendo a preocupação dos pais em querer que seus filhos sejam vacinados, mas temos que nos certificar de que estamos fazendo o melhor e mais seguro para as crianças”, disse Dr. Chip Walter, pediatra da Duke University e investigador dos testes da Pfizer.

Com a chegada da variante Delta, houve ampliação na infecção de crianças em países da Europa e nos Estados Unidos. Mesmo com os números de casos graves e fatais, em menores de 18 anos, serem considerados baixos se comparado com pessoas de outras idades, o avanço da nova variante tem preocupado pais de crianças.

Entre fevereiro de 2020 e 15 de março de 2021, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), 852 crianças de até 9 anos morreram vítimas da doença. Entre elas, 518 bebês menores de até 1 ano.

A fabricante de medicamentos Moderna, que ainda não tem doses do seu imunizante aplicadas no Brasil, anunciou na última quinta-feira (12) que vai dobrar o tamanho do seu estudo pediátrico de segurança e eficácia da vacina contra a covid-19. Ela incluirá crianças a partir de seis meses. A empresa só tinha autorização para testar o imunizante em adolescentes a partir dos 12 anos, nos Estados Unidos.

O estudo da vacina da Moderna está avaliando cerca de 6.700 crianças com idades entre 6 meses e 11 anos.

"Não consigo imaginar que estaríamos em posição de sequer considerar como usar essas vacinas até o final de 2021, indo para o primeiro trimestre de 2022", disse o Dr. Buddy Creech, pediatra especialista em doenças infecciosas da Universidade de Vanderbilt e um dos principais investigadores da vacina pediátrica para covid-19 da Moderna.

Em maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu que os países ricos adiem seus planos de imunizar crianças. A entidade defende doar as vacinas ao restante de adultos do mundo. Enquanto alguns países já passaram da marca de 70% da população adulta vacinada com duas doses, o continente africano enfrenta escassez de imunizantes.


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