TRAGÉDIA

Muro do Metrô cai sobre menina de 8 anos durante festa de Dia das Crianças em comunidade do Recife; vítima está em estado grave

Criança está internada em estado grave no Hospital da Restauração

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Katarina Moraes

Publicado em 16/10/2021 às 20:48 | Atualizado em 18/10/2021 às 10:37
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Atualizada às 10h40 de 18/10.

As risadas foram substituídas por gritos de desespero na tarde deste sábado (16) na Comunidade do Coque, na Ilha de Joana Bezerra, Centro da capital pernambucana. Em meio a uma festa de comemoração pelo Dia das Crianças realizada pelo Projeto Mão Amiga, um pedaço do muro do Metrô do Recife caiu e atingiu uma menina* de 8 anos, que está, agora, internada em estado grave no Hospital da Restauração (HR).

Tudo aconteceu logo após o almoço ser servido para as crianças, segundo o organizador do evento, o enfermeiro Jonata Bruno. "As crianças estavam sentadas na calçada quando a placa se deslocou e caiu por cima dela. A gente conseguiu tirar, mas ela estava sangrando muito, pela boca, nariz e vagina. O médico disse que ela estava com hemorragia, que fraturou a bacia, o crânio e a coluna", contou.

A menina foi inicialmente levada até o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), onde recebeu os primeiros atendimentos, e depois foi para o HR, onde passou por cirurgia na bacia e na cabeça, de acordo com a família.

Abalada, a mãe* contou ao JC que estava em casa almoçando enquanto a menina brincava na rua com os amigos, quando os recebeu em casa aos gritos. Ela e o marido, então, correram para socorrê-la. "[Antes disso], ela estava alegre, tomou banho, eu ajeitei o cabelo dela, e ela levou a irmã para brincar no projeto que tem todo sábado. Ela estava brincando quando isso aconteceu."

Ainda, disse que é normal as crianças brincarem nas ruas do Coque, porque a comunidade não dispõe de equipamentos públicos que ofereçam diversão a elas. "Fazem brincadeira aqui na frente da rua, porque não tem outro lugar para brincar", afirmou.

Pelas redes sociais, o Projeto Mão Amiga pediu "respeito, segurança e cuidado com as crianças do Coque". "A comunidade exigirá da CBTU, empresa federal que administra o Metrô do Recife, tudo que puder ser exigido em decorrência desta tragédia e, além disso, exigirá as devidas medidas de manutenção e de precauções para que novas tragédias como essa não voltem a acontecer na vida das nossas crianças. Nosso grito por justiça será ouvido!", garantiu.

Em nota enviada à reportagem do JC nesta segunda-feira (18), por volta das 9h, a CBTU informou que está investigando a causa do acidente e disse ainda que "os 71 km de vias eletrificadas do Metrô do Recife possuem muros que passam por vistoria e reparos periodicamente".

 

Faltam reparos

O argumento da companhia, no entanto, é contrariado pelos moradores. Em 2015, o JC noticiava a morte de Max Mateus Antônio do Nascimento, de 10 anos, também do Coque após ser atropelado por composição do metrô. À época, a comunidade já se queixava da falta de manutenção dos muros, que frequentemente caia.  

O técnico administrativo Adelson da Silva Pereira, de 43 anos, integrante da Associação Nova Esperança do Coque, denunciou à reportagem que acidentes como esse acontecem constantemente.

"Na mesma região já houve acidentes por causa de queda de placas, de muros, faz muito tempo que não tem manutenção. Inclusive, tem uma ponte que liga a Comunidade do Coque ao bairro de Afogados por onde só passam pedestres que a escadaria está toda danificada oferecendo sérios risco de acidentes", relatou.

*Os nomes da vítima e dos familiares foram resguardados pela reportagem como forma de preservar a identidade da criança.

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