Após morte de criança durante ação policial em Porto de Galinhas, Prefeitura de Ipojuca cobra providências do governo
O município cobra "providências para que a ordem pública e a segurança dos cidadãos e dos turistas seja restabelecida"
Diante do dia de terror na praia de Porto de Galinhas, no dia seguinte à morte da menina Heloysa Gabrielly, atingida por um tiro nessa quarta (30), quando o Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizou uma operação na comunidade Salinas, a prefeita de Ipojuca, Célia Sales, decidiu oficiar o governo de Pernambuco, cobrando "providências para que a ordem pública e a segurança dos cidadãos e dos turistas seja restabelecida."
Nesta tarde, os moradores da região interditaram as principais vias de acesso da área turística de Porto de Galinhas, pedindo justiça pela morte da criança. Além disso, vários comerciantes fecharam as portas em apoio ao protesto, enquanto barraqueiros, jangadeiros, bugueiros, ambulantes, mergulhadores também cruzaram os braços, se unindo à causa.
A gestão municipal informou que os principais pontos de tensão em Porto de Galinhas estão sendo observados pela Secretaria de Defesa Social do município. A Prefeitura de Ipojuca, juntamente com a Secretaria de Turismo da cidade, está disponibilizando um canal de informações para o turista através do aplicativo 153 digital, a fim de orientar sobre a situação.
"A Prefeitura do Ipojuca lamenta a morte da menina Heloysa, aguarda resposta da investigação e espera que os dias de paz voltem a reinar no maior destino turístico do Estado", diz trecho da nota.
Leia a íntegra da nota
A prefeita do Ipojuca, Célia Sales, reuniu o Comitê de Crise, nesta quinta-feira (31), para tratar sobre o falecimento da menina Heloysa Gabrielly, vítima de arma de fogo no dia de ontem, quando o BOPE realizou uma operação na Comunidade Salinas, localizada em Porto de Galinhas. A prefeita, junto com o Comitê, decidiu oficiar o Governo do Estado cobrando providências para que a ordem pública e a segurança dos cidadãos e dos turistas, desestabilizada pelo fato, seja restabelecida.
Uma série de protsstos com fechamento de vias públicas e pedidos de justiça foram realizados nesta quinta-feira pela comunidade e os serviços turísticos principais, oferecidos pela associação dos barraqueiros, jangadeiros, bugueiros, ambulantes, mergulhadores, entre outros, se uniram à causa e cruzaram os braços. A Prefeitura, por meio da Secretaria de Turismo do Ipojuca, um canal de informações para o turista através do aplicativo 153 digital. A Prefeitura do Ipojuca lamenta a morte da menina Heloysa, aguarda resposta da investigação e espera que os dias de paz voltem a reinar no maior destino turístico do Estado.
Prefeitura do Ipojuca
Comércio fechou as portas em Porto de Galinhas
O comércio e os serviços de Porto de Galinhas amanheceram fechados após a morte de Heloysa.
No Centro do principal destino turístico do Estado, placas pedindo "justiça por Heloysa" estampam as vitrines das lojas. Protestos também foram realizados no distrito nesta manhã, com populares fechando vias e ateando fogo em plantas na estrada.
criou-se um clima de medo. Comerciantes e moradores afirmam que o fechamento foi determinado por traficantes locais. Circulam áudios e vídeos dos supostos traficantes exigindo uma apuração do caso.
"Mandaram ninguém abrir por três dias, até sábado. Disseram que quem descumprir vai ter problemas. Está todo mundo com medo e revoltado pelo que fizeram com a criança", disse um comerciante local.
Por nota, a Polícia Militar de Pernambuco disse desconhecer "essa ordem do tráfico. As equipes permanecem maciçamente realizando o policiamento ostensivo na região."
Nas redes sociais, pessoas relatam que o balneário está "um caos". "Pagamos caro para chegar aqui e tudo está fechado por que os policiais atiraram em uma criança! Cadê o prefeito dessa cidade para averiguar? Cadê a policia para proteger os visitantes e moradores?", questiona uma turista.
A reportagem entrou em contato com uma das pousadas da região, que informou estar fazendo um esquema para atender aos hóspedes, já que estão impedidos de sair do local por não ter estabelecimentos abertos no município.
"Estamos trazendo comida para eles, fazendo o possível para tornar a estadia melhor. Mas, de fato, não tem nada funcionando, nem jangadeiros, buggies, restaurantes ou lojas."
Morte de criança em Porto de Galinhas
Heloysa Gabrielly estava na frente de casa, na Comunidade Salinas, brincando quando foi atingida por disparos de arma de fogo no peito. A Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) informou que a fatalidade aconteceu durante uma troca de tiros com traficantes, mas testemunhas negam.
O pai da criança contou, em entrevista à TV Jornal, que os policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) já “desceram atirando”, e que não viu outro grupo revidar.
“Minha menina brincava de bicicleta na rua, e eles já desceram atirando. A vizinha disse que ela foi atingida. Peguei minha menina no braço, que já estava virando os olhos, e disse [ao policial] ‘seu filho da p***, você matou minha filha. Me jogaram na viatura para socorre-la para o hospital, e diziam: ‘vocês não viram que eles atiraram?’, e eu dizia que não vi nada”, disse o homem, abalado.
O tio também estava no local e disse que, aparentemente, a polícia estava seguindo um homem que passava de moto, mas que ele não atirou contra o BOPE. “O menino não atirou em polícia nenhuma, ela que chegou atirando, amedrontando a população. A ação foi desnecessária. Naquela rua só tem criança brincando e pai e mãe assistindo televisão o dia todo”, afirmou.
Os PMs que participaram da ocorrência que resultou na morte da menina chegaram ao Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), no Recife, com a viatura cravejada de balas. Eles entregaram três armas, que serão periciadas. Em depoimento, contaram ter atirado contra um suspeito que estaria armado em uma motocicleta e efetuado disparos contra a guarnição.
O caso é investigado pela Polícia Civil de Pernambuco que informou estar apurando "as circunstâncias da morte de uma criança, na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, onde há uma operação da PMPE para combater associações criminosas com atuação no tráfico de drogas", e que é "prematuro, neste momento, fazer afirmativas.