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Porto de Galinhas: comércio amanhece mais um dia fechado na praia, mesmo com a presença da polícia. Veja últimas notícias

Nesta sexta-feira, mesmo com reforço de 250 policiais militares e civis em Porto de Galinhas, lojistas preferiram manter as portas dos estabelecimentos fechadas

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Margarida Azevedo

Publicado em 01/04/2022 às 9:49 | Atualizado em 02/04/2022 às 8:25
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Com informações da repórter Cinthia Ferreira, da TV Jornal

Mesmo com reforço do policiamento na praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Grande Recife, a maioria dos comerciantes não abriu as portas dos estabelecimentos na manhã desta sexta-feira (1º), dois dias depois que uma menina de 6 anos morreu baleada durante uma ação policial na comunidade Salinas. Poucas lojas funcionaram.

Porto de Galinhas é um dos principais destinos turísticos de Pernambuco e também do Brasil. A presença de PMs e policiais civis - o governo mandou cerca de 250 homens na última quinta-feira para aumentar a segurança no local - não foi suficiente para que os lojistas abrissem o comércio. Motoristas de buggy, barraqueiros e jangadeiros também paralisaram as atividades.

O jangadeiro Carlos Roberto da Silva, 41, participou das manifestações, mas defende que o comércio seja retomado para que quem depende dele, a maior parte da cidade, não seja mais prejudicado. “Jangadeiros são quase uma família, e quando houve o incidente com a menina a gente resolveu parar. Acho que hoje já podia estar todo mundo trabalhando, porque tem muita família que depende da praia. Tenho barraca e faço passeio de jangada, o prejuízo é grande.”

Circulam áudios em grupos de WhatsApp supostamente atribuídos a traficantes da área determinando que o comércio de Porto de Galinhas e de praias da região, como Maracaípe e Serrambi, não abra. "Cooperem aí, comparsas. Estou mandando áudio na decência para geral. Se em 10 minutos não fecharem tudo, vai descer um bonde saqueando tudo", diz uma das mensagens.

No Centro de Porto de Galinhas, no começo da manhã, a reportagem da TV Jornal só identificou duas lojas funcionando, sendo uma delas uma padaria que estava aberta com a porta pela metade. Com praticamente nenhuma opção para comprar comida, moradores fizeram fila na frente do estabelecimento.

Em outra loja, um mercadinho, a camareira Amaragilda Silva foi atrás de leite para comprar para o neto. "Ele está em casa chorando com fome. Fui em vários lugares e todos fechados", contou a camareira que mora em Porto de Galinhas.

ENTENDA

No fim da tarde da última quarta-feira, Heloysa Gabrielly estava na frente de casa, na Comunidade Salinas, brincando quando foi atingida por disparos de arma de fogo no peito. A Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) informou que a fatalidade aconteceu durante uma troca de tiros com traficantes. O caso ocorreu em um local conhecido como Praça da Televisão.

De acordo representantes do Conselho Tutelar de Porto de Galinhas e Maracaípe, a polícia entrou na comunidade já atirando e acertou a criança. A morte de Heloysa gerou bastante revolta entre os moradores da comunidade, que foram às ruas protestar contra a atitude dos policiais, inclusive, interditando a principal via de acesso à praia de Porto de Galinhas, ateando fogo em pneus colocados na pista.

A fisioterapeuta Alessandra Freitas, de 47 anos, que chegou a Porto no dia 28, viu o clima esquentar na região. “Aqui é maravilhoso, nunca tinha ouvido relatos disso. A gente chegou e estava tudo normal. No dia seguinte começaram as manifestações e o negócio ficou feio. Demos sorte de termos feito compras, mas teve gente relatando que ficou sem comida, porque os supermercados estavam fechados”, contou.

INVESTIGAÇÃO

 A morte da menina está sendo investigada pela Polícia Civil de Pernambuco. Na quinta-feira, o coronel Alexandre Tavares, diretor especializado da Polícia Militar, afirmou que os homens que atuaram na comunidade de Salinas são experientes e acostumados a atuarem nesse tipo de ocorrência.

"Os policiais do BOPE agiram da mesma forma na tentativa de cessar a atividade criminosa. Os elementos conseguiram se evadir, mas uma das armas foi deixada no local. Ela foi localizada e apreendida. Verificou-se que haviam quatro munições deflagradas na arma. A viatura, inclusive, foi atingida por disparos", declarou o coronel.

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