Porto de Galinhas: o desespero dos turistas que ainda não conseguem sair de Ipojuca
Os viajantes mobilizaram-se em um grupo no WhatsApp e também utilizaram as redes sociais para relatar o caos que tomou conta da área e pedir de ajuda para sair da cidade
Protestos pela morte de Heloysa Gabrielly, de 6 anos, durante uma ação policial interditaram as vias de acesso a Porto de Galinhas, em Ipojuca, Grande Recife, nesta quinta-feira (31), deixando 'presos' muitos turistas que aproveitavam dias de folga em um dos principais destinos de Pernambuco. Os viajantes mobilizaram-se em um grupo no WhatsApp e também utilizaram as redes sociais para relatar o caos que tomou conta da área e pedir de ajuda para sair da cidade.
A engenheira de software paulista Letícia Paiva, 28 anos, está hospedada em uma das pousadas do Centro de Porto desde o dia 26 de março, acompanhada do namorado. Os planos de ficar na praia até a próxima semana foram interrompidos episódio violento, e agora ela tenta ir para o Recife ou para Maragogi, em Alagoas.
"Estou esperando alguma brecha para conseguir ir e ficar até o dia 4 de abril, que foi para quando consegui remarcar a passagem. Não pretendo voltar a Porto, mesmo perdendo os dias de estadia e passeios pagos", disse.
Para Letícia, a sensação é de que os turistas, que escolheram o destino pela bela paisagem, estão desamparados.
"Escolhemos Porto de Galinhas pela praia e pela fama de segurança, mas chegando aqui percebemos que não é bem assim. Entendemos o desespero da população e a gravidade do ocorrido. Eles têm o direito de protestar, sem o vandalismo, claro, mas é dever do governo dar apoio e manter a ordem, a calma. O turista tem que ser informado e amparado", completou.
No Twitter, em mensagem ao JC, o turista Diego Viegas expressou opinião semelhante.
"Estou preso em Maracaípe, junto a muitos outros turistas. Precisamos de ajuda. A prefeitura e o Estado não estão ajudando em nada. Somos solidários à tristeza do assassinato da menina Heloysa e apoiamos os protestos, mas só queremos ir embora", escreveu.
Reforço da segurança em Porto de Galinhas
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, determinou o reforço da segurança em Porto de Galinhas, na noite desta quinta-feira (31). Cerca de 250 homens das polícias Militar e Civil se concentraram na sede da PM, no Derby, área central do Recife, para seguir em comboio ao Litoral Sul. Porto de Galinhas foi tomada por protestos por causa da morte de uma criança de 6 anos durante ação policial na comunidade Salinas, na quarta-feira (30).
Segundo a gestão estadual, Paulo Câmara monitorou os protestos em Porto de Galinhas durante todo o dia, ao lado do secretário estadual de Defesa Social, Humberto Freire, e do comandante da PMPE, coronel Roberto Santana.
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"Quero expressar minha solidariedade à família da menina Heloysa e assegurar que o caso será apurado com o máximo rigor. Estamos trabalhando de forma integrada com nossas forças operativas e reforçando o efetivo para restabelecer a tranquilidade no litoral sul”, afirmou o governador.
Após morte de menina, protestos e medo tomam conta de Porto de Galinhas
O clima desta quinta-feira (31) em Porto de Galinhas foi de medo, protestos, comércios fechados e questionamentos à ação dos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Imagens de câmeras de segurança revelaram que, momentos antes da criança ser atingida por um tiro no peito, duas viaturas policiais perseguiam uma moto. Só havia um homem nela, diferente da versão informada pela Polícia Militar de que havia dois suspeitos de tráfico de drogas fugindo. A investigação segue para descobrir de que arma partiu o tiro que matou Heloysa.
Perto das 20h, quando uma equipe da TV Jornal deixava a cidade em direção ao Recife, foi orientada pela polícia, assim como outros profissionais da imprensa, a esperar mais um tempo até seguir viagem, pois homens armados estariam abordando carros nas proximidades do acesso à Nossa Senhora do Ó. No local, havia também um ônibus incendiado.