POLÍCIA

Por falta de policiamento, comerciantes da Feirinha de Boa Viagem, no Recife, contratam segurança particular

Feirantes procuraram a reportagem do JC para denunciar a insegurança no espaço. Segundo eles, furtos e roubos são frequentes no local, e acabam afastando os clientes

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Katarina Moraes

Publicado em 05/04/2022 às 16:37 | Atualizado em 06/04/2022 às 15:13
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Atualizada às 15h de 6 de abril de 2022

Comerciantes da Pracinha de Boa Viagem procuraram a reportagem do JC para denunciar a insegurança no espaço que é um dos principais pontos turísticos da Zona Sul do Recife. Segundo eles, a falta de segurança é tanta que precisam contratar, por si próprios, seguranças particulares para vigiar o equipamento, por um custo entre R$ 80 e R$ 100 mensal por feirante.

Um dos comerciantes, que preferiu não se identificar, informou que a guarda municipal está presente em alguns horários, mas que não tem sido suficiente para impedir os arrombamentos às barracas e os delitos contra os transeuntes. “Eu encaro esses seguranças particulares como uma ajuda, mas deveria ser dever da prefeitura e do estado em darem segurança para a gente”, reclama.

O gerente Arthur Ferraz, de 30 anos, costuma passar pela pracinha diariamente e conta como a criminalidade impera na região. “É um descaso. De vez em quando tem arrastão, sempre ouvimos casos de furtos e assaltos. Aqui deveria ter um posto policial, porque o que vemos é um ou dois policiais descerem do carro, olharem a pracinha e irem embora.”

ALEXANDRE AROEIRA/JC IMAGEM
Comerciantes reclamam da insegurança e aguardam reforma da Pracinha de Boa Viagem, Zona Sul do Recife - ALEXANDRE AROEIRA/JC IMAGEM

Outra feirante, que também não quis ter o nome divulgado, diz que a recorrência de delitos no local e a presença de pessoas morando no espaço, observada durante o agravamento da crise econômica do País, vem afastando a clientela. “O movimento vem caindo dia após dia, porque os moradores e os turistas ficam com medo de vir aqui”, disse.

Segundo o vice-presidente da Associação dos Barraqueiros da Orla da Praia de Boa Viagem, Rogney Costa, a situação vai além da feirinha. “A insegurança está na feirinha, no calçadão, em tudo. Atualmente o que mais acontece nessa área, tanto na feirinha, quanto na orla e nos quiosques, são furtos. Pessoas de motocicletas que param e furtam celulares e correntes de pessoas que estão caminhando”, disse.

Posicionamento

Quando questionada e informada sobre os relatos postos nesta matéria, a Secretaria de Defesa Social do Estado (SDS-PE) informou, por nota, que a região da Pracinha conta com policiamento 24 horas, todos os dias da semana, que é alvo de operações e de abordagens de rotina. Segundo a pasta, esse trabalho foi responsável pela redução de 31% nos crimes patrimoniais, a exemplo dos roubos e assaltos, em relação a 2021, no bairro de Boa Viagem. "As estatísticas de março, em fase de consolidação, já apontam para nova retração", disse.

Ainda, prometeu "manter e intensificar o trabalho" das forças policiais, e que, caso a população tenha informações sobre praticantes de violência na área, denuncie à Ouvidoria da SDS, com anonimato garantido ou pelo telefone 0800.081.5001 (ligação gratuita). Quem for vítima, deve prestar queixas à Polícia Civil por meio da Delegacia pela Internet ou presencialmente.

Confira nota:

"Informamos que a Pracinha de Boa Viagem, assim como toda a orla e bairro, conta com policiamento 24 horas, todos os dias da semana. A ação de presença é feita pelos policiais militares do 19º Batalhão, por meio de rondas a pé e motorizada. São guarnições táticas, equipes de contrarresposta, motocicletas, viaturas, além da atuação do Grupo de Ações Táticas Itinerante (Gati). Recentemente, foi implementada a Operação Visibilidade, que reforçou o policiamento em alguns pontos da área, a exemplo da Pracinha. Abordagens de rotina ajudam a prevenir crimes e, com a atuação investigativa da Delegacia de Boa Viagem, suspeitos de furtos nessa área foram presos.

Esse trabalho integrado e contínuo das forças de segurança se traduz em números: este ano, o bairro de Boa Viagem tem uma redução de 31% nos crimes patrimoniais, a exemplo dos roubos e assaltos, em relação a 2021. As estatísticas de março, em fase de consolidação, já apontam para nova retração.

É importante compreender que, em geral, esses crimes são praticados por usuários de drogas e pessoas em situação de rua. Por esses delitos, considerados de menor potencial ofensivo pelo nosso Código Penal, os suspeitos, quando identificados e encaminhados para o sistema de justiça criminal, retornam às ruas em pouco tempo. Mesmo diante das limitações e do contexto social complexo, as forças de segurança manterão e intensificação seu trabalho, para trazer mais tranquilidade e paz à população. E pedem a colaboração de moradores e trabalhadores da área no sentido de prestarem queixa à Polícia Civil, por meio da Delegacia pela Internet ou presencialmente. Quem tiver informações de praticantes de furtos, roubos e outros tipos de violência podem fazer denúncias à Ouvidoria da SDS, com anonimato garantido, pelo telefone 0800.081.5001 (ligação gratuita). É um serviço que funciona como disque-denúncia."

Infraestrutura

Com infraestrutura atualmente precária, a Pracinha de Boa Viagem passa, desde janeiro, por revitalização que também pode devolver parte do movimento perdido no espaço. Ao JC, nesta terça-feira (5), o Governo de Pernambuco informou que as obras devem ser concluídas em dezembro deste ano. O serviço foi iniciado em janeiro deste ano, e, até então, são feitas a troca do piso e a instalação de uma nova iluminação, que agora será embutida.

A principal demanda dos comerciantes é a implantação de banheiros masculino e feminino, inexistente no equipamento, que está prevista no projeto. A artesã Adagilza Barbosa, 61, conta que há anos os trabalhadores precisam atravessar a avenida para ir no da orla de Boa Viagem, ou em algum dos estabelecimentos próximos. “Minha irmã já foi até atropelada atravessando”, comentou.

O projeto, construído pela Prefeitura do Recife, é tocado pela Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco (Setur-PE) e vem custando R$ 840 mil advindos de uma emenda federal do deputado Felipe Carreras (PSB-PE), via Ministério do Turismo.

Segundo a Setur, a construção dos banheiros “precisou ser alterada, visto que a área é tombada, e estava sob análise técnica da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe)”. Sem dar mais detalhes, informou que o novo local foi aprovado.

No anúncio da revitalização, a gestão informou que também será instalado na pracinha um passeio específico na pracinha, seguindo normas de acessibilidade, por meio de pisos direcionais e de alerta.

ALEXANDRE AROEIRA/JC IMAGEM
Comerciantes reclamam da insegurança e aguardam reforma da Pracinha de Boa Viagem, Zona Sul do Recife - ALEXANDRE AROEIRA/JC IMAGEM
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Comerciantes reclamam da insegurança e aguardam reforma da Pracinha de Boa Viagem, Zona Sul do Recife - ALEXANDRE AROEIRA/JC IMAGEM
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Comerciantes reclamam da insegurança e aguardam reforma da Pracinha de Boa Viagem, Zona Sul do Recife - ALEXANDRE AROEIRA/JC IMAGEM
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Comerciantes reclamam da insegurança e aguardam reforma da Pracinha de Boa Viagem, Zona Sul do Recife - ALEXANDRE AROEIRA/JC IMAGEM
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Comerciantes reclamam da insegurança e aguardam reforma da Pracinha de Boa Viagem, Zona Sul do Recife - ALEXANDRE AROEIRA/JC IMAGEM

Entretanto, os problemas no ambiente parecem ir além do que o projeto contempla. Os feirantes reclamam da falta de um abrigo em caso de chuva e da necessidade da troca mobiliários, como os bancos, que atualmente se encontram quebrados.

“Vimos poucas melhorias até agora. A estrutura está precária. Eu sempre visito outros estados, e, em comparação, Recife é 0. Em Natal, Maceió e em Fortaleza você vê que os pontos turísticos têm mais investimentos”, disse um dos comerciantes, que preferiu não se identificar.

Outra vendedora da área, que também não quis ter o nome divulgado, no entanto, elogia o andamento das obras não estar atrapalhando as vendas. "Eles estão fazendo aos poucos para não termos que parar e não termos prejuízo, já que viemos de um período difícil na pandemia."

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