RELIGIÃO

Pernambuco parou para sepultar frei Damião, 25 anos atrás

Frei Damião morreu em maio de 1997. Mais de 150 mil pessoas foram ao velório do sacerdote, que durou três dias. Missa de corpo presente aconteceu no Estádio do Arruda

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Margarida Azevedo

Publicado em 29/05/2022 às 7:30
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Pernambuco parou para sepultar frei Damião, duas décadas e meia atrás. O coração do frade deixou de funcionar na noite de 31 de maio de 1997, mas cinco dias antes, em 27 de maio, ele tinha tido morte cerebral. Durante os 26 dias em que ficou internado no Hospital Português, no Recife, devotos e romeiros fizeram plantão em frente à unidade de saúde, rezando, cantando e prestando homenagens. A imprensa acompanhou de perto os últimos dias do frei.

O velório de frei Damião durou três dias (1, 2 e 3 de junho de 1997) e foi realizado na Basílica da Penha, no Bairro de São José, Centro da capital. Os capuchinhos escolheram a basílica como local para velá-lo por uma questão simbólica: o Convento da Penha foi a primeira morada do religioso, no início de sua peregrinação pelo Nordeste, em 1931.

Durante 35 anos frei Damião usou como dormitório um quarto no segundo andar do prédio. O sacerdote pertenceu ao Convento de Nossa Senhora da Penha até 1966, quando houve a separação entre os capuchinhos italianos e brasileiros. Foi quando ele se transferiu para o Convento do Pina, onde viveu até morrer.

MULTIDÃO

O presidente da República na época, Fernando Henrique Cardoso, decretou luto oficial por três dias. O mesmo fizeram o governo de Pernambuco e as prefeituras de Recife e Olinda. Funcionários públicos foram dispensados do trabalho no dia 4 de junho de 1997, data do sepultamento, para acompanhar a missa de corpo presente, realizada no Estádio do Arruda.

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Velório na Basílica da Penha durou três dias - PEDRO LUIZ / ACERVO JORNAL DO COMMERCIO
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Devotos passaram horas em longas filas para participar do velório - PEDRO LUIZ / ACERVO JORNAL DO COMMERCIO
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Fiéis fizeram vigílias em frente ao Hospital Português, onde frei Damião ficou internado por 26 dias - ARNALDO CARVALHO / ACERVO JORNAL DO COMMERCIO

Mais de 150 mil pessoas comparecerem ao velório na Penha, segundo a Polícia Militar. Romeiros esperaram mais de cinco horas em longas filas, algumas com cinco quilômetros de extensão. Muitos chegaram a madrugar em frente ao santuário para dar o último adeus a frei Damião, levando fotos e flores.

O ex-presidente Fernando Collor compareceu. Pedro de Lara, que era jurado do programa de Silvio Santos, no SBT, também foi ao velório. Disse que era devoto do frade desde jovem. E que devia o seu sucesso à intercessão de frei Damião.

CORTEJO

Depois do velório, o corpo do frade seguiu em carro aberto do Corpo de Bombeiros até o Estádio do Arruda. No cortejo que durou três horas, católicos acompanharam a pé e de carro, enquanto um público de cerca de 35 mil pessoas esperava o frei no estádio para assistir à missa. A celebração, conduzida pelo arcebispo de Olinda e Recife da época, dom José Cardoso, contou com a presença de 217 sacerdotes do Brasil.

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Mais de 200 sacerdotes participaram da missa no Estádio do Arruda - RICARDO BORBA / ACERVO JORNAL DO COMMERCIO
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Sepultamento no Convento São Félix Cantalice teve a presença do ex-presidente Fernando Collor (ao fundo) - CELSO AVILA / ACERVO JORNAL DO COMMERCIO
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Frei Fernando foi companheiro de sacerdócio de frei Damião por décadas - GILVAN BARRETO / ACERVO JORNAL DO COMMERCIO
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Mirra no Arruda reuniu 35 mil pessoas - PIO FIGUEIREO / ACERVO JORNAL DO COMMERCIO

O enterro foi no Convento São Félix Cantalice, no Pina, e foi restrito a religiosos, autoridades e à imprensa. O corpo de frei Damião foi levado de helicóptero. Logo depois de encerrado o sepultamento, que pode ser acompanhado pelos fieis por meio de telões, abriu-se a visitação ao túmulo.

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