Polícia abre investigação sobre morte de bebê de 1 ano em UPA de Jaboatão dos Guararapes
A família da criança, que denuncia negligência médica, disse que, após a morte, a unidade de saúde levantou a suspeita de que ela tenha sido vítima de abuso sexual
A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) afirmou, nesta quarta-feira (24), que abriu uma investigação para apurar a causa e as circunstâncias da morte de Maria Lorena Vieira da Silva, de 1 ano e 10 meses. A família da criança, que denuncia negligência médica, disse que, após a morte, a unidade de saúde levantou a suspeita de que ela tenha sido vítima de abuso sexual.
A bebê faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, nessa segunda-feira (22). O ocorrência foi registrada como "Morte a Esclarecer". Por nota, a PCPE disse que um inquérito policial foi instaurado e outras informações poderão ser fornecidas em momento oportuno.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) também foi divulgado nesta quarta. Ele confirma o que dizia a certidão de óbito feita pela unidade hospitalar, que apontava como causa uma "infecção generalizada", chamada de septicemia. No entanto, a confirmação de se houve abuso sexual ou não só será dada entre 20 e 25 dias, segundo o IML informou à família.
A família, entretanto, acredita que a hipótese de abuso sexual foi levantada pela assistente social da UPA para desviar o foco da negligência médica. "Se isso tivesse acontecido, pode ter certeza que eu tomaria providencias com minhas próprias mãos. Eles a examinaram ainda no sábado, por que a equipe não falou isso antes?", questionou o pai.
Isso porque Lorena foi levada à UPA ainda no sábado (20), após apresentar febre e ferimentos na boca que se assemelhavam a aftas. Lá, foi medicada e mandada para casa.
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Ela teve uma melhora, mas no domingo passou mal novamente e, dessa vez, foi levada até o Hospital Infantil do Cabo de Santo Agostinho, onde o mesmo procedimento foi feito. “A médica atendeu, escutou o pulmão, olhou a boca e o ouvido. Disse que o motivo era pela inflamação das aftas. Ela tomou dipirona na perna e voltou para casa”, contou a mãe, Criatiane Félix.
No início da tarde, a criança teve outra piora. A mãe disse ter ido novamente à UPA em Barra de Jangada, mas que não estava atendendo por falta de energia elétrica. Então, foi até a da Sotave, na mesma cidade. “O médico disse que ela estava com um virus que dura de 7 a 10 dias, mas que estava bem”. Novamente, Lorena recebeu alta.
A febre, no entanto, permaneceu até essa segunda-feira (22). Ela voltou à UPA de Barra de Jangada e recebeu mais medicamentos, mas o quadro de saúde piorou e ela não resistiu.
A mãe disse ter sido surpreendida pela suspeita de que Lorena tenha sido vítima de um abuso sexual. “A assistente social me chamou pela manhã e perguntou como era a rotina dela”, relatou.
“Eu disse que ela ficava pela manhã com minha mãe, que à tarde ia para a escola na condução, que, às 17h, a levava para a casa da minha mãe novamente. Ela perguntou se eu não tinha notado algo em relação às partes de Lorena, pois estavam em situação gritante.”
A família afirma desconhecer que a criança tenha sofrido alguma violência sexual. Revoltada, Katiane Felix da Silva, a tia da criança, alegou que o atendimento oferecido na UPA foi "desumano".
“Viemos aqui três vezes e ninguém dizia nada. Não fizeram um exame de sangue. Só vieram tomar uma atitude quando chegou nessa situação. Os médicos são negligentes. Chegamos aqui à 1h e só vieram dar noticia às 4h quando a menina já estava morta. Tiraram a vida dela, ela foi embora, mas isso não vai ficar assim”, afirmou.
SES-PE diz apurar o caso
Por nota, a direção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Barra de Jangada, por meio da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), informou que está “apurando os fatos relacionados à paciente citada”.
Ainda, garantiu que “a menor recebeu toda a assistência médica necessária nos atendimentos“ e que todas as informações necessárias estão sendo repassadas à família e às autoridades competentes, como o Conselho Tutelar e a Polícia.