CARNAVAL 2023

Carnaval 2023: Prefeitura de Olinda não aceita recomendação do MPPE e mantém exclusividade de bebidas

Prefeitura Olinda não aceita recomendação do MPPE e mantém exclusividade de bebidas do patrocinador no Carnaval 2023

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Katarina Moraes

Publicado em 15/02/2023 às 9:07 | Atualizado em 15/02/2023 às 15:29
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A Prefeitura de Olinda não acatou a recomendação emitida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para barrar a exclusividade de venda das marcas patrocinadoras do Carnaval 2023 na cidade. 

Portanto, os ambulantes só vão poder comercializar as bebidas das marcas Devassa, Pitú, Coca-Cola, Scheweppes e Monster.

A proibição impactou os comerciantes, que alegaram só ter tomado conhecimento da restrição na hora de assinar o termo de responsabilidade sobre os produtos vendidos, quando já haviam feito o estoque para vendas com outras marcas.

No contrato obtido pelo Blog de Jamildo, havia uma cláusula que determinada a probição. "07. Fica terminantemente PROIBIDO a utilização de qualquer tipo de propaganda ou venda de bebida que não seja do PATROCINADOR do Carnaval 2023. Veja o documento abaixo.

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Termo de contrato de ambulantes para Carnaval de Olinda 2023 - Reprodução
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Termo de contrato de ambulantes para Carnaval de Olinda 2023 - Reprodução

Em uma publicação referente à proibição no Instagram da Prefeitura, cidadãos protestaram. "Vocês avisam em cima da hora e tão achando que a gente vai comprar a bebida hoje, é? E todo o estoque que já foi comprado, vou fazer o que? Doar? Absurdo!", disse uma vendedora.

Donos de bares e restaurantes veem a medida da prefeitura como abusiva, pois ela está regulando também os produtos oferecidos em estabelecimentos situados na rua do Sítio Histórico de Olinda. É o caso de José Baracho, que tem comércio fixo há anos na região.

"Eu sou um comerciante permanente, estou lá o ano inteiro e já sou regido por outra lei. Como eu vou comercializar no Carnaval, se dentro do meu espaço posso negociar outras marcas? Não sabemos exatamente como vamos poder agir, já que não sou ambulante", afirmou à Agência Brasil.

A reclamação também veio de foliões: "Está errado. As empresas acordaram com o Sr Lupércio (Prefeito de Olinda), não com os comerciantes nem brincantes. Bebo o que eu quiser!."

Diante disso, a 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania de Olinda pediu que o poder público substituísse a restrição de venda para a exclusividade de anúncios dos produtos aos patrocinadores.

Como se tratou apenas de uma "recomendação", que poderia ser acatada ou não pela prefeitura, agora o MPPE pode propor uma ação civil pública contra a Gestão Municipal, questionando a legalidade da medida.

Promotora de Justiça Maísa Melo considerou que a proibição da venda de outras marcas não tem respaldo legal e que "cria embaraço à livre concorrência, acarretando prejuízos ao consumidor, como o impacto que a exclusividade tem sobre o preço dos produtos e a ausência de liberdade de escolha".

Por fim, alegou que a substituição da prática de exclusividade de venda para exclusividade de anúncio dos produtos é uma boa prática concorrencial, defendida pela Secretaria Nacional de Promoção da Produtividade e Advocacia da Concorrência, órgão do Ministério da Fazenda.

Por nota, a Prefeitura de Olinda disse respeitar a recomendação, mas que "é importante garantir o patrocínio" para a promoção do Carnaval, reduzindo o custo público. Confira nota completa:

O que diz a Prefeitura de Olinda

"A Prefeitura de Olinda recebeu e respeita a recomendação do Ministério Público de Pernambuco. No entanto, o município ressalta que é importante garantir o patrocínio. O investimento privado é necessário para a promoção do Carnaval 2023, e reduz, assim, o uso de dinheiro público para a realização da folia.

Ressaltamos ainda que a prática não é nova e exclusiva de Olinda. Outros grandes eventos, de anos anteriores e em várias cidades dos estados do Brasil, foram realizados com patrocínio de empresas privadas e com exclusividade cedida ao investidor.

A Prefeitura de Olinda ressalta, ainda, que implementou um Crédito Popular Especial, voltado aos ambulantes que vão exercer atividades durante o ciclo carnavalesco 2023. A iniciativa tem como alvo os trabalhadores que, neste ano, retomam às ruas, após dois anos de paralisação, em virtude da pandemia da Covid-19.

Os recursos, que beneficiam também aos catadores de recicláveis, se destinam a aquisição de insumos para a comercialização, incluindo alimentos e bebidas, promovendo a geração de renda, movimentando a economia local e impactando no sustento de centenas de famílias. Pela medida, os cidadãos poderão contrair um empréstimo facilitado, no valor de R$ 500,00, a ser quitado em dez parcelas mensais."

Parlamentares se mobilizam contra exclusividade

O vereador de Olinda Vinicius Castello (PT) e o deputado estadual Romero Albuquerque (União) entraram com uma ação no MPPE contra a proibição de venda de outras bebidas.

"Acabo de acionar o Ministério Público de Pernambuco visando reverter a proibição ilegal de bebidas no carnaval de Olinda! A medida atentar às orientações constitucionais e legais da livre concorrência e do direito do consumidor e não respeita o prazo de 15 dias de antecedência!", escreveu Vinicius no Twitter.

"Os atos administrativos devem nortear-se sempre pelo bem comum. Essa é uma decisão que prejudica os comerciantes e o próprio Carnaval de Olinda, já que não houve tempo hábil para se adequar às medidas impostas”, alegou Romero.

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