CHUVAS RECIFE HOJE: Apac emite novo ALERTA para regiões de Pernambuco. Confira
Apac diz que monitoramento tem apontado chuvas mais significativas do que as previstas
A Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) emitiu, às 10h desta terça-feira (21), um novo alerta sobre as chuvas no Estado. Isso porque, segundo a agência, o monitoramento está mostrando precipitações mais significativas, "acima do que estavam prevendo os modelos meteorológicos".
Assim, o aviso meteorológico feito no início desta manhã, que indicava "estado de observação", não é mais válido. O nível de risco subiu para laranja, que indica "estado de atenção".
São esperados acumulados de chuva de intensidade moderada a forte na Região Metropolitana do Recife, Mata Norte, Mata Sul e no Agreste, que podem ultrapassar os 50 mm em vários locais ao longo do dia.
O sistema deverá chegar também no Agreste no período da tarde. De acordo com a agência, a precipitação pode se estender até esta quarta-feira (22).
"Hoje começamos o dia com chuvas registradas em quase todo o litoral de Pernambuco. A previsão é que as chuvas continuem durante o dia, chegando até o Agreste, quando, no período da tarde, teremos chuvas mais significativas", disse Patrice Oliveira, gerente de meteorologia e mudanças climáticas da Apac.
"Atualmente, estão ocorrendo chuvas no Sertão do Estado, que também vão continuar. Ou seja, hoje a previsão é de chuva para todo o Estado", completou.
LIGUE PARA A DEFESA CIVIL
Em caso de risco, moradores de regiões afetadas pelas chuvas devem entrar em contato com a Defesa Civil do município onde residem.
A Secretaria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), do Governo de Pernambuco, mantém uma Central de Operações funcionando em esquema de plantão 24 horas por dia. Ela pode ser acionada pelos telefones 199 e (81) 3181-2490.
- Abreu e Lima: (81) 99933.6380
- Araçoiaba: (81) 3543.8983
- Cabo de Santo Agostinho: 0800.281.8531
- Camaragibe: (81) 2129.9564, (81) 99945.3015 e 153
- Igarassu: (81) 99460-9073
- Itamaracá: (81) 3181-2490 e 199
- Ipojuca: (81) 99231.8607 (telefone e WhatsApp)
- Itapissuma: (81) 98844-5216
- Jaboatão dos Guararapes: (81) 3461.3443 e (81) 99195.6655
- Moreno: (81) 98299.0974 e (81) 98128.2018
- Olinda: (81) 99266.5307 e 0800.081.0060
- Paulista: 153
- Recife: 0800.081.3400.
- São Lourenço da Mata: (81) 98338.5407
TÁBUA DE MARÉ RECIFE
Durante as chuvas, um ponto importante para os moradores do litoral é checar a Tábua das Marés, que impacta na intensidade das inundações das cidades.
Segundo a previsão do site especializado "Tábua de Marés", o nível da água no Recife estava subindo no momento da publicação desta matéria, às 10h53.
A primeira preia-mar (maré mais cheia) foi às 3h39. A segunda está prevista para às 15h54. Já a primeira baixa-mar foi às 9:42 e a seguinte baixa-mar será às 22:10.
O site também mostra que o coeficiente de marés de hoje é 109, considerado um nível muito alto). Ao meio-dia o valor do coeficiente de marés cresce até 110 para acabar o dia com um coeficiente de marés de 109
"Com este coeficiente tão alto teremos grandes marés e também as correntezas serão muito notórias", informou.
DESABRIGADOS E DESALOJADOS NO AGRESTE
Nessa segunda-feira (20), o Agreste contabilizava, pelo menos, 217 famílias desalojadas (865 pessoas que, após o desastre, seguiram para a casa de um parente) e outras 15 desabrigadas (pessoas que não podem retornar para casa) pelas chuvas.
Isso aconteceu após uma forte precipitação deixar cidades como Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, principalmente, debaixo d'água. Só em Ipubi, 37 pessoas de 12 famílias tiveram suas casas destruídas.
Os bombeiros militares também atuaram em Santa Cruz do Capibaribe, onde seis pessoas receberam socorro para sair das áreas alagadas, e em Toritama, com uma pessoa atendida. Ao todo, 40 profissionais da corporação foram empregados na operação.
A Prefeitura de Caruaru decretou estado de emergência e contabilizou, até agora, 192 famílias - em torno de 600 pessoas - que tiveram as casas afetadas nos bairros Caiucá, Divinópolis, João Mota, Nova Caruaru e Severino Afonso. Dessas, duas famílias ficaram desalojadas e estão em um ponto de acolhimento emergencial.
Os bairros foram os mais afetados, com cenas de destruição e inundações que atingiram também condomínios e as redondezas do Polo Caruaru. A ponte que o liga ao Jardim Panorama ficou parcialmente destruída. Um carro foi arrastado e ficou preso no riacho. No local, havia um ponto de mototáxi que foi levado pelas águas.
Aos prantos, a dona de casa Rosineide de Lima relatou a dor de perder tudo o que tinha. “Desmaiei subindo na escada do vizinho, nos braços do homem que me acudiu. Estou perdida no meio da rua, não tenho onde ficar. Queria entrar para lavar essa casa, não tem comida, não tem nada. Eu estou com fome”, desabafou.
A aflição também tomou Robevânia Silva, que grávida de 7 meses, viu todo o enxoval do bebê ser estragado. “Foi um momento de desespero para a gente, porque pegou a gente de repente. Não deu para salvar nada, nem o berço do bebê, só o documento”, contou.
"Começamos a fazer obras logo cedo, na manhã do domingo, desinterditando e limpando ruas e vias, limpando canais, inclusive entramos em contato com a Compesa para liberar água em pontos mais críticos, para que a população possa se organizar e sair o quanto antes dessa situação”, relatou o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB).
No sábado, choveu 92 mm em Caruaru, onde o esperado 75 mm para o mês inteiro de março; e 118 mm em Santa Cruz do Capibaribe, 71 mm. Nos demais municípios do Agreste, as chuvas ficaram abaixo de 50 mm.
Santa Cruz ainda não enviou um balanço, mas também foram registrados transtornos. Ruas ficaram alagadas, formando até correntezas. Casas e comércios também foram invadidos pelas águas - como o Moda Center Santa Cruz, o principal polo de confecções da cidade, cuja economia gira em torno do setor têxtil.
As casas da arquiteta Maria Eduarda Vieira, de 27 anos, da avó e dos pais dela foram danificadas pelas fortes chuvas. Nas três, o forro do teto desabou. “Na minha, caiu em cima de mim, foi um susto muito grande, mas não chegou a me machucar. Na casa dos meus pais alagou tudo; perderam móveis, filtro, mesa.
Nascida e criada em Santa Cruz, Eduarda afirmou nunca ter visto uma chuva provocar tantos danos quanto a desse sábado. “Não lembro de outro ano assim e moro aqui desde criança. Na minha rua, tem um lado mais alto, que não entra água, mas no outro entrou. As pessoas tiraram móveis e lama o dia inteiro”, contou.
Em Pesqueira, a precipitação mais intensa aconteceu entre as 15h e 17h do sábado, dia em que o município registrou um acúmulo de 100 milímetros. Mas, segundo o coordenador da Defesa Civil, Kleber Xucuru, não há registros de desabrigados ou desalojados até o momento.
Entrou água em algumas casas, mas como saiu logo, as pessoas não quiseram ir para casas de parentes ou entrar no aluguel social. Estamos identificando quem teve perdas materiais para passar para a assistência social e onde houve calçamentos danificados”, explicou.
OCUPAÇÃO IRREGULAR É APONTADA COMO UMA DAS CAUSAS
Ao contrário da Região Metropolitana do Recife, onde os maiores danos das chuvas são as mortes por deslizamentos de barreira, as cidades do Agreste sofrem mais com as inundações, que foram intensificadas nos últimos anos.
Segundo o Núcleo e Comitê de Direito à Cidade no Agreste (NCDCA), uma das principais causas do problema é a a ocupação irregular por famílias vulneráveis nas margens e leitos dos rios Ipojuca - em Caruaru - e Capibaribe - em Santa Cruz.
“Quando deu grande volume de chuva, a água represada em muitos lugares, o nível do riacho subiu e tomou as casas. Nessa região encontramos muitos loteamentos clandestinos, ocupados por uma população que, fruto de um processo de desigualdade, procura terra com mais acesso para compra”, eexplicou o arquiteto e urbanista Nicolas Teixeira, integrante do NCDCA.
O número, já defasado, é uma parcela do déficit habitacional do Estado, apontado em mais de 320 mil unidades. Uma das promessas de campanha da governadora Raquel Lyra (PSDB) é reduzir o número em pelo menos 50 mil em quatro anos.
Nesse domingo (19), a gestora visitou as cidades do Agreste e anunciou, na ocasião, R$ 23 milhões para reestruturar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Estado, "adquirindo equipamentos para que os trabalhadores possam garantir o socorro imediato às famílias".
"Também estamos fazendo todo o levantamento de onde precisa ter as ações que sejam de drenagem e macrodrenagem, para que as prefeituras, junto com o Estado, possam agir de maneira mais assertiva no investimento do recurso público”, concluiu Raquel.
DOE PARA FAMÍLIAS AFETADAS
Em solidariedade às vítimas das chuvas, o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) coordena uma campanha de arrecadação de alimentos, produtos de higiene pessoal e roupas para as pessoas atingidas pelas chuvas.
Os pontos de arrecadação serão na sede da TV Jornal Caruaru (Av. José Marques Fontes, 1265, Indianópolis) e na sede do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, no Recife (Rua Capitão Lima, 250, Santo Amaro, área central da capital pernambucana).
A campanha é uma parceria do Atitude Cidadã com a instituição Transforma Caruaru, que está fazendo todo o processo de distribuição de donativos aos residentes de ambas cidades.
CARUARU
A Prefeitura de Caruaru também montou pontos de arrecadação na sede do Executivo, Loja do Bem (3? piso do Shopping Difusora), Rotary Club, Lions Club, Secretaria da Mulher, Ceaca e Uninassau. Em caso de emergência ligar para a Defesa Civil de Caruaru através do número 199.
Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SDSDH) da cidade, foram 190 famílias atendidas até o momento, sendo 600 pessoas, 1.500 quentinhas distribuídas, além de 110 colchões entregues, 150 Kits de higiene, 100 fardos de água mineral e 220 lençóis. O Caic e o Posto de Saúde do Panorama são pontos de distribuição de alimentos, água, colchões e materiais de higiene.
PERNAMBUCO
Segundo o Governo de Pernambuco, a Defesa Civil Estadual enviou 200 colchões, 400 lençóis e 46 kits de limpeza para distribuir à população afetada ao longo do sábado (18) e do domingo (19). Somente em Caruaru, 800 moradores de 200 famílias tiveram que deixar suas casas e estão recebendo atendimento.