O Comitê Estadual para Monitoramento de Tubarões (Cemit) se reuniu na manhã desta quarta-feira (12) no Parque Estadual de Dois Irmãos, no bairro de mesmo nome da Zona Norte do Recife, para discutir novas ações de prevenção a incidentes com tubarões em Pernambuco.
Walber Santana, secretário-executivo de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha (Semas), explicou que uma das medidas a serem implementadas é a renovação das placas que indicam o risco nas praias do Estado. Atualmente, muitas delas estão danificadas.
"Vamos trabalhar na sensibilização da comunidade para que não haja vandalismo e na educação ambiental, para que haja compreensão do fenômeno e as pessoas tenham como se banhar e usar nossa orla com segurança", disse o secretário à TV Globo.
Não foi dado um prazo para a reposição das sinalizações quebradas; o secretário apenas afirmou que está sendo negociado com as prefeituras de cidades com áreas de risco para incidentes.
Além disso, de acordo com o secretário, estão em análise equipamentos para que os guarda-vidas do Corpo de Bombeiros atuem em segurança nos salvamentos. "Existem vários tipos. Alguns são utilizados utilizados em litorais com fauna diferente da nossa, então estão sendo discutidos."
Por fim, lembrou que segue aberto, até 23 de abril, um edital de ampla concorrência, para que pesquisadores apresentem projetos de pesquisa direcionados à Prevenção e Mitigação de Incidentes com Tubarões e de Invasões do Peixe Leão em Pernambuco.
As propostas aprovadas serão financiadas com recursos de capital, custeio e bolsas, no valor global estimado de R$ 500 mil do orçamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe).
O Cemit, que, apesar de continuar existindo de forma institucional, estava desmontado há anos, foi reinstalado de forma permanente após três pessoas serem mordidas por tubarão entre fevereiro e março de 2023 em Pernambuco.
O primeiro caso deste ano aconteceu em 20 de fevereiro, na Praia dos Milagres, em Olinda, com um surfista. O segundo, na altura da Igrejinha de Piedade, na Praia de Piedade, onde a vítima foi um adolescente de 14 anos. O mais recente, na Praia de Piedade, em uma área permitida para banho, mas perigosa; por se tratar de mar aberto. Uma adolescente de 15 anos perdeu o braço no incidente.
Com eles, o Estado contabiliza, agora, 77 ocorrências desde 1992, sendo 67 no continente e outras 10 no arquipélago de Fernando de Noronha.
Em março, o Cemit deixou de ser de responsabilidade da Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) para a Semas - com a intenção de analisar o problema sob o ponto de vista ambiental, não somente pelo socorro.
O novo governo de Raquel Lyra (PSDB) também anunciou a volta do monitoramento dos animais, descontinuada desde 2014.
As pesquisas acontecerão na segunda fase do Projeto Megamar - idealizado pelo engenheiro de pesquisa e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Fábio Hazin - que também liderou o extinto Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões no Estado de Pernambuco (Protuba) e faleceu em junho de 2021 pela covid-19.
O projeto teve início em julho do mesmo ano, com o objetivo de estudar a megafauna - como tubarões, botos, barracudas, raias e tartarugas. Hoje, é coordenado pelo professor da UFRPE e engenheiro de pesca José Carlos Pacheco e supervisionado por Paulo Oliveira.
Antes dos incidentes, o estudo seria feito apenas no entorno do Porto, capitaneado em R$ 1,5 milhão pelo Porto de Suape. Agora, irão até Olinda, com um acréscimo de R$ 500 mil nos investimentos, dado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, através da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe).
MONITORAMENTO DE TUBARÕES EM PERNAMBUCO
Os tubarões serão monitorados por em torno de 30 receptores acústicos que serão levados por uma embarcação até o fundo do mar nos locais mais críticos da costa. Desses, 20 foram adquiridos por Suape, e dez estão em processo de licitação, segundo a Semas.
Ao mesmo tempo, serão feitas 24 expedições para capturar, marcar e então soltar novamente animais das espécies tigre, cabeça-chata e galha preta em uma zona mais distante das praias.
Os dispositivos vão detectar quando os tubarões se aproximarem a até 500 metros no entorno. Então, de tempos em tempos, os receptores serão retirados do mar, e terão seus dados baixados e analisados pelos pesquisadores - o que servirá para entender melhor a dinâmica dos animais.
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