A manhã do desabamento de um prédio do Conjunto Habitacional Beira-Mar, na sexta-feira (7), ainda se repete na memória daqueles que viviam no residencial. A queda da estrutura, que vitimou 14 pessoas e feriu outras sete, levou parte de uma 'família' formada ao longo dos anos pelos moradores.
O sentimento é compartilhado pelo residente Gustavo Bezerra, de 32 anos, que viu um fragmento da sua casa ruir junto à outra parte do imóvel que cedeu.
"Eu estava em casa no momento em que tudo desabou. Eu tinha acabado de acordar e fui buscar o meu telefone, que estava carregando em cima da geladeira. Quando eu peguei o meu telefone, voltei para a cama novamente e escutei o estalo do prédio. Não imaginei que o prédio estava caindo. Quando eu fui ao quarto dos meus filhos para ver se estava tudo bem, a minha esposa levantou da cama e disse que o prédio tinha caído", descreve.
O motorista de aplicativo lembra do momento de angústia que viveu ao lado da esposa e filhos, na tentativa de salvar a sua família. Gustavo contou com a ajuda dos vizinhos durante a saída da edificação.
"Na realidade ainda não tinha caído a minha ficha. Mas quando eu olhei para a janela eu vi a poeira entrando. Corri para a porta e vi um vão, o buraco. A minha esposa ficou apavorada. Os vizinhos chegaram para ajudar na parte de baixo do prédio e ajudaram a tirar os meus filhos e os filhos dos outros vizinhos", relembra.
Gustavo relata que uma corrente de solidariedade surgiu no momento em que os vizinhos perceberam que o prédio havia desabado, e que a colaboração das pessoas ajudou no resgate das primeiras vítimas.
"Na hora mesmo que desabou, a gente precisou ajudar as pessoas, feito Emilly que foi socorrida. Fomos tirar os destroços, ajudar a salvar outras vidas. Eu morava aqui há quase três anos, é como se fôssemos uma família. Agora eu estou indo morar na casa da minha sogra", finaliza.
Moradores relembram sentimento de união
A moradora Adriana Maria da Silva, de 46 anos, relembrou o sentimento de união em que viviam. Para ela, os vizinhos eram considerados uma família.
"Todo mundo se ajudava aqui, era como se a gente fosse da mesma família. A gente deu um apelido para a nossa família de João Balaio. As crianças brincavam todos os dias entre si, tinha o horário até. Das cinco da tarde até as seis, essa era a nossa rotina", relembra.
Após desabamento, aumenta número de prédios residenciais interditados em Paulista
Aumentou para sete o número de prédios interditados em Paulista, que apresentam risco de desabamento. A ação aconteceu após uma nova vistoria realizada pela Defesa Civil do município. A informação divulgada pelo órgão na manhã desta segunda-feira (10).
"Vimos que essas edificações estão com um risco 3, que é crítico. Ou seja, não tem condições de permanecer no imóvel. Estamos desocupando, colocando as interdições e pedindo para que as pessoas saiam. Todas as edificações que forem de risco 3 serão desocupadas", afirmou o engenheiro da Defesa Civil de Paulista, Ermerson Suame.