Tragédia

"Agora é só a tristeza que fica" declara filha que perdeu três irmãos e a mãe em desabamento no Janga

Conjunto Habitacional Beira-Mar, no Janga, desabou na última sexta-feira (7). Ao todo 14 pessoas morreram e sete pessoas ficaram feridas

Carol Guerra
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Carol Guerra
Publicado em 10/07/2023 às 17:27 | Atualizado em 18/07/2023 às 12:21
RENATO RAMOS/JC IMAGEM
Carla Eduarda perdeu três irmãos e a mãe após desabamento do prédio no Conjunto Habitacional Beira-Mar - FOTO: RENATO RAMOS/JC IMAGEM

"A minha mãe era dona de casa e tomava conta dos meus irmãos. Os meus três irmãos, Eloha, Deivid e Deivison, recentemente estavam realizados porque pegaram a ficha 19 e tinham terminado os estudos. Buscavam um trabalho melhor, ter uma condição melhor de vida. Recentemente, o mais novo, de 17 anos, estava muito feliz porque tinha se formado. Agora é só a tristeza que fica". 

É assim que Carla Eduarda, de 26 anos, descreve as últimas lembranças sobre os três irmãos e a mãe, que morreram após um prédio do Conjunto Habitacional Beira-Mar, no Janga, desabar na última sexta-feira (7). Ao todo 14 pessoas morreram e sete pessoas ficaram feridas. 

Carla é irmã de Eloha Soares da Silva, de 21 anos; Deivison Soares da Silva, de 19 anos; Deivid Soares da Silva, de 17 anos e filha de Maria da Conceição Mendes da Silva, de 43 anos. Segundo Carla, os familiares viviam no conjunto há nove anos. 

"Fazia nove anos que eles moravam ali porque não tinham pra onde ir. Eles tinham me dito que estavam escutando estalos no prédio, mas não tinham para onde ir. Ia completar dois meses que eles estavam procurando casa", relembra. 

A tragédia, que levou parte da família, por pouco não se transformou em uma dor ainda maior. Na noite anterior ao desabamento, Carla deixara os dois filhos sob os cuidados da mãe. Contudo, após a quebra do ventilador da casa, resolveu buscar as crianças e levá-las para casa.  

"Eu  morava perto daqui. Meus três filhos ficavam com a minha mãe. Na noite anterior ao desabamento, meus dois filhos - um de cinco anos e um de quatro meses - iam dormir com eles. Mas o ventilador quebrou, foi quando eu vim buscar as crianças. Se não fosse por isso, ao invés de estar chorando por quatro, eu estaria chorando por seis porque os meus filhos estariam no meio também", afirma.  

Sob forte comoção, mãe e filhos que morreram abraçados no desabamento do Conjunto Beira-mar são sepultados

Amigos e familiares participaram emocionados do velório de Marcela Neves dos Santos, de 42 anos, e dos seus filhos, Walace, de 10 anos, e Maria Flor, de seis anos. Eles foram sepultados na tarde deste domingo (9), no cemitério municipal do Paulista.

A mãe e os dois filhos foram encontrados abraçados numa cama de casal, já sem vida, em meio aos escombros. Foram as últimas vítimas a serem resgatadas no desabamento, ocorrido na manhã da última sexta-feira (7), por volta das 6h07.

Em entrevista a TV Jornal, Igor Lucas Moura dos Santos, de 26 anos, filho mais filho de Marcela dos Santos, disse que não morava no local, mas sempre visitava a mãe e os irmãos. Ele contou que a mãe foi uma das primeiras pessoas a ocupar o edifício, residindo no local há oito anos. Ela trabalhava como faxineira autônoma.

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