Como agroflorestas vêm recuperando nascentes de rio em Pernambuco
Reflorestamento beneficia os mais de 106 mil habitantes dos quatro municípios banhados pelo Rio Goitá
Dez nascentes do Rio Goitá são focos de projeto que pretende recuperar áreas ribeirinhas da Zona da Mata de Pernambuco através de agroflorestas. Para isso, são implantados viveiros de mudas de árvores nativas para reflorestamento de zonas degradadas, com apoio de estudantes capacitados em educação ambiental.
A ação é promovida pela Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha (Semas-PE) em parceria com o Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta) desde 2021.
Além da natureza, a tecnologia utilizada fortalece a agricultura familiar, beneficiando diretamente pequenos agricultores dos municípios de Glória do Goitá, Feira Nova, Lagoa de Itaenga e Pombos, todos situados na zona da mata.
O projeto promove o plantio de mudas de espécies nativas da região para revitalizar as áreas próximas às nascentes. Com a restauração delas, as famílias dos municípios impactados podem utilizar a água advinda dessas nascentes para a irrigação e produção da agricultura local, essencial para a manutenção dessas famílias por serem a única fonte de renda.
Robenita de Souza, agricultora familiar da região de Glória do Goitá, falou sobre os impactos do projeto na vida das famílias beneficiadas.
"Essa ação veio para ajudar o pessoal do campo, principalmente com essa nascente, já que nós precisamos dessa água", disse. Ela faz parte de uma das famílias inclusas no programa e utiliza uma das nascentes para a irrigação da plantação familiar que possui.
Com a idealização e execução do projeto, foi estimado que os mais de 106 mil habitantes dos quatro municípios foram beneficiados com a recuperação das nascentes, que melhoraram consideravelmente a qualidade da água da bacia do Rio Goitá.
SOBRE O PROJETO
O projeto “Nascentes do Rio Goitá - Mobilização e Ação por meio de Sistemas Florestais Agroecológicos” está contemplado no edital 01/2021 do Fundo Estadual de Meio Ambiente (Fema) e estabeleceu seis grandes metas.
Primeiro, realizou o mapeamento e cadastramento de nascentes presentes em áreas de agricultura familiar na bacia do Rio Goitá e de pessoas beneficiárias das ações de recuperação de nascentes. No total, 10 nascentes e 100 pessoas foram mapeadas e cadastradas.
Em seguida, elaborou 10 planos de recuperação através de um mapeamento colaborativo e implantou um viveiro para engorda de mudas e 10 Sistemas Agroflorestais. O viveiro, localizado na sede do Sertas, tem capacidade para o cultivo de 10 mil mudas ao ano.
Atualmente, conta com cerca de 4 mil, abrangendo mais de 22 espécies nativas, como Jacarandá, Pau-Brasil, Ipê, Mulungo, entre outras. O projeto ainda realiza a formação de cerca de 100 pessoas na área de Educação Ambiental e prática dos Saf´s. No total, o projeto beneficia 100 famílias de forma direta e 400 de forma indireta.
O consultor ambiental do projeto e colaborador do Serta, Adilson Barbosa, falou sobre a mudança na forma como as famílias passaram a enxergar a interação entre o ser humano e o meio ambiente.
"A partir desse projeto, a gente tem identificado algumas mudanças de comportamento nas pessoas, que é o olhar diferenciado para a parte ambiental. Também é um olhar de que eles não estão perdendo esse espaço para a plantação de espécies nativas, porque, a partir desse projeto, eles vão ter água de nascente para gerações futuras", enfatizou.
Adilson ainda destacou a importância financeira do projeto. Segundo ele, a produção e o cultivo das mudas ajudam a trazer uma renda extra para os agricultores, garantindo o sustento das famílias.