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Arco Metropolitano: Raquel Lyra dá previsão para "lenda urbana" sair do papel. Veja

Governadora de Pernambuco falou sobre obra, esperada desde 1990, em entrevista à Rádio Jornal

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Katarina Moraes

Publicado em 26/10/2023 às 15:22 | Atualizado em 26/10/2023 às 15:50
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A governadora Raquel Lyra (PSDB) deu uma nova previsão para finalmente tirar o Arco Metropolitano do papel. Em entrevista à Rádio Jornal, nesta quinta-feira (26), a gestora afirmou que o edital de licitação da primeira fase deve sair até dezembro deste ano. Ainda, disse que a expectativa é que as obras desta parte sejam concluídas até 2026.

A primeira fase corresponde ao Lote 2, que compreende 27 km ligando o Cabo de Santo Agostinho à BR-232 e até a BR-408, na altura do município de Paudalho. “Nós dividimos a obra para que ela possa sair finalmente do papel e estamos iniciando o edital que vai sair”, disse a governadora.

Nessa quarta-feira (25), a governadora se reuniu com o Ministro dos Transportes, Renan Filho, onde tratou do assunto. “A meta é que a gente já tenha essa parte do arco pronta até 2026”, afirmou. De acordo com ela, metade dos investimentos para essa etapa virá do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, e metade do governo estadual.

“O arco metropolitano vai garantir uma nova via para que as pessoas possam ter o direito de ir e vir e também para que a produção possa ser escoada, garantindo mais produtividade para os nossos produtos”, defendeu Raquel.

Este é o trecho mais fácil e menos polêmico das obras, que são discutidas desde 1990 para desafogar o trânsito de veículos pesados na BR-101 e na Região Metropolitana do Recife. O objetivo do arco viário, em resumo, é acelerar o fluxo entre o Complexo Industrial Portuário de Suape, no Litoral Sul, e o município de Goiana, na Mata Norte.

O Arco Metropolitano inteiro compreenderá uma rodovia duplicada com 65 quilômetros de extensão, ao custo total estimado em R$ 1,2 bilhão. É um projeto ainda do governo Eduardo Campos (PSB), não iniciado pelo último governador, Paulo Câmara (sem partido).

“A gente quer concluir esse projeto, que nunca foi concluído, e garantir que a próxima licitação possa ser feita já inclusive no modelo de concessão pública, garantindo investimentos privados. Esse é o nosso roteiro”, explicou.

A POLÊMICA SEGUNDA ETAPA

Os planos são de que, enquanto as obras do Lote 2 são tocadas, seja concluído o projeto do Lote 1 - que liga Paudalho a Goiana (Mata Norte do Estado). “É o tempo em que a gente consegue concluir o projeto da área norte, que é a mais crítica, porque tem uma discussão ambiental posta, por conta da mata que passa por Aldeia e de como a rodovia pode ser ambientalmente sustentável”, pontuou.

É essa etapa que sofre resistência de coletivos e ativistas ambientais. Isso porque o projeto inicial, ainda do governo Eduardo Campos (PSB), pretendia cortar ao meio a Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, que se estende por oito municípios do Grande Recife, em um território de 31.634 hectares onde se encontram 20% do que resta da Mata Atlântica no Estado de Pernambuco.

O Fórum Socioambiental de Aldeia foi uma das organizações que se opuseram ao projeto. “O Fórum não é contra o arco viário metropolitano, mas apelamos pela redução do impacto ambiental que essa obra vai trazer”, afirmou o presidente Herbert Tejo. Ele defende que ela seja construída no entorno da APA - uma das opções de um novo estudo feito em 2022 ainda no governo Paulo Câmara (sem partido).

Katarina Gonzaga de Moraes
Traçado da estrada passando no entorno da APA Aldeia Beberibe - Katarina Gonzaga de Moraes
Katarina Gonzaga de Moraes
Traçado da estrada cortando a APA Aldeia Beberibe - Katarina Gonzaga de Moraes

Isso aumentaria a distância em 20 quilômetros, o que, para o Fórum, seria recompensado pelos ganhos ambientais. "Dividir a APA em dois territórios faz com que ela praticamente desapareça. Ela quebra o fluxo dos animais, descaracteriza o ambiente e impacta a hidrografia e a impermeabilização do solo", pontuou.

Agora, ambientalistas aguardam um pronunciamento da governadora Raquel Lyra sobre qual traçado será escolhido. “Já requeremos reuniões para voltarmos a discutir o tema”, concluiu Herbert.

A reserva ambiental é administrada pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e abrange parte dos municípios Abreu e Lima (69,02%), Araçoiaba (28,71%), Camaragibe (46,69%), Igarassu (22,78%), Paudalho (10,18%), Paulista (22,24%), Recife (23,31%) e São Lourenço da Mata (2,51%).

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