TRANSFOBIA

Mulher agredida em restaurante do Recife conta detalhes da agressão: "Ele estava com ódio nos olhos"

Vítima confirma que agressão foi motivada por transfobia. O agressor achou que ela era uma mulher trans e, por isso, desferiu um soco no rosto da vítima

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Roberta Soares

Publicado em 25/12/2023 às 14:16 | Atualizado em 25/12/2023 às 14:19
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“Ele tinha ódio nos olhos e se achou no direito de me agredir por achar que eu era uma mulher trans. Por pura e simples transfobia”. A frase resume o sentimento da servidora pública federal de 34 anos, agredida com um murro ao sair do banheiro no restaurante Guaiamum Gigante, no bairro do Parnamirim, na Zona Norte do Recife, na noite do sábado (23/12).

Em entrevista à TV Jornal nesta segunda-feira (25/12), a vítima ainda afirmou que teve muito medo de a agressão continuar e denunciou que o agressor saiu do restaurante após a violência com a conivência da gerência da casa.

A agressão aconteceu, na versão da vítima e confirmada por amigos que testemunharam o caso, após o agressor questionar se ela era homem ou mulher, na saída do banheiro feminino. O grupo fazia uma confraternização no restaurante.

“Ele me confundiu com uma mulher trans e ficou irritado ao me ver saindo do banheiro das mulheres. Teve uma atitude transfóbica. Quando eu saí do banheiro e estava caminhando em direção à mesa dos meus amigos, ele me abordou e perguntou se eu era homem ou mulher”, relembra.

AGRESSÃO PROVOCADA POR TRANSFOBIA

“Eu questionei a razão da pergunta e ele disse que eu estava no banheiro errado. Em seguida, já recebi um soco no rosto, que me deixou desorientada e quebrou meu óculos”, contou a servidora. 

A vítima disse que só pensou em sair correndo do local, de volta à mesa dos amigos, para se proteger. “A impressão que tive era de que se continuasse ali iria apanhar ainda mais. Aquele homem estava com ódio nos olhos. Corri na direção dos meus amigos com o rosto ensanguentado e os óculos quebrados em minhas mãos”, afirma.

E resume a razão do que acha ter provocado a agressão: “Ele se achou no direito de me bater por pura e simples transfobia. Na cabeça dele eu não era uma mulher”, diz.

APELO PARA AGRESSOR SER DETIDO PELO RESTAURANTE

A vítima também criticou a postura do restaurante Guaiamum Gigante, afirmando que o agressor saiu do local com a conivência da gerência. Logo após a agressão, inclusive, o homem também discutiu com outros clientes.

Confira toda a entrevista no Youtube da TV Jornal

“Houve uma comoção das pessoas que estavam no bar em sensibilizar a gerência para que ele fosse detido até a chegada da polícia, mas não foi o que aconteceu. Ele conseguiu sair com a convivência da gerência. Eu não pude fazer nada. Apenas esperar minha advogada chegar e relatar o caso no boletim de ocorrência na delegacia”, afirma.

O QUE DIZ O RESTAURANTE

O restaurante, por sua vez, negou que teria deixado o agressor ir embora e o protegido após a violência. “O Guaiamum Gigante, em face dos lastimáveis fatos ocorridos na noite de sábado (23/12), na nossa casa, vem a público esclarecer que não procede a alegação de que teria havido proteção a um suposto agressor por parte da segurança do GG. Muito ao contrário, cuidou de promover a imediata retirada do agressor do ambiente, de modo a resguardar a integridade física e psicológica da pessoa agredida e demais clientes”, afirma em nota.

O Guaiamum Gigante ainda diz que adotou “imediatamente” as providências cabíveis para resolver a situação, “inclusive acionando a força policial e dando todo o suporte à vítima”. O restaurante garante que “não tolera qualquer ato de violência ou discriminação e se solidariza com a vítima agredida”.

POLÍCIA INVESTIGA O CASO

A Polícia Militar confirmou, em nota, que militares do 11º BPM foram empenhados pela Central para a ocorrência, mas ao chegarem ao local, constataram que o suspeito havia se evadido.

"Ao entrarem em contato (os policiais) com a vítima, a mesma relatou que não conhecia o agressor, tão pouco teria algum vínculo familiar. A vítima foi orientada a seguir até a Delegacia de Polícia para registrar a queixa-crime", esclarece a PM.

Também em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que registrou, por meio da CEPLANC, uma ocorrência de Lesão Corporal. “A vítima, uma mulher de 34 anos, afirma que estava em um bar, no bairro Parnamirim, e ao sair do banheiro um homem desconhecido a teria perguntado qual o seu sexo. Ela informou que teria perguntado a ele o motivo da pergunta e o autor teria nesse momento desferido um soco em seu rosto, quebrando o óculos que usava e lhe causando lesões”, detalha a polícia.

Ainda segundo a Polícia Civil, investigações foram iniciadas e seguem até o “total esclarecimento do ocorrido”.

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