TRANSFOBIA

Restaurante onde mulher foi agredida diz que teve medo de briga generalizada e expulsou agressor

O restaurante foi duramente criticado nas redes sociais e acusado de conivência pela vítima da agressão por ter deixado o agressor sair do estabelecimento antes da chegada da polícia

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Roberta Soares

Publicado em 25/12/2023 às 16:15 | Atualizado em 25/12/2023 às 16:57
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Os proprietários do Restaurante Guaiamum Gigante, localizado no bairro do Parnamirim, na Zona Norte do Recife, negaram que tenham sido coniventes com o homem que agrediu fisicamente uma servidora pública federal por achar que tratava-se de uma mulher trans, na noite do sábado (23/12), e o protegido após a violência.

O restaurante foi duramente criticado nas redes sociais e acusado de conivência pela vítima da agressão - uma mulher de 34 anos que recebeu um soco no rosto após um episódio de transfobia -, por ter deixado o agressor sair do estabelecimento antes da chegada da polícia.

“O Guaiamum Gigante, em face dos lastimáveis fatos ocorridos na noite de sábado (23), na nossa casa, vem a público esclarecer que não procede a alegação de que teria havido proteção a um suposto agressor por parte da segurança do GG. Muito ao contrário, cuidou de promover a imediata retirada do agressor do ambiente, de modo a resguardar a integridade física e psicológica da pessoa agredida e demais clientes”, afirmou o estabelecimento em nota logo após o episódio.

O Guaiamum Gigante ainda afirmou que adotou “imediatamente” as providências cabíveis para resolver a situação, “inclusive acionando a força policial e dando todo o suporte à vítima”. O restaurante garante que “não tolera qualquer ato de violência ou discriminação e se solidariza com a vítima agredida”.

OBJETIVO FOI PROTEGER A VÍTIMA E EVITAR UMA CONFUSÃO GENERALIZADA

REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
Vítima denunciou agressão na porta de banheiro de restaurante após ser questionada sobre seu 'sexo' - REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS

Em entrevista à TV Jornal nesta segunda-feira (25/12), os proprietários do Guaiamum Gigante ainda alegaram que a retirada do agressor seguiu o protocolo Violeta, como orientação das políticas de redução de riscos e danos no caso de violência contra a mulher.

CONFIRA a entrevista na íntegra no Youtube da TV Jornal

Segundo o restaurante, a primeira informação que se teve sobre o caso era de que seria uma briga de casal. O Guaiamum alegou que o objetivo principal foi evitar uma confusão generalizada na casa, um local cercado por possíveis armas brancas, como garrafas, facas, garfos e pratos, que poderiam ser usadas em uma briga. Além disso, haveria o medo de o agressor estar armado.

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“Nós chegamos a ouvir em algum momento uma pessoa dizendo ‘joga uma garrafa nele’, no caso o agressor. Então só pensamos em evitar um dano maior, que fugisse ao controle de todos. Somos uma casa com 30 anos de funcionamento e frequentada por muitas famílias, com crianças e idosos. Por isso acionamos o protocolo Violeta e só pensamos em separar o agressor da vítima. Entendemos ser um caso de transfobia e somos totalmente contra qualquer tipo de violência”, afirmou Cristiano Falcão à TV Jornal.

POLÍCIA INVESTIGA O CASO

A Polícia Militar confirmou, em nota, que militares do 11º BPM foram enviados pela Central para a ocorrência, mas ao chegarem ao local, constataram que o suspeito havia se evadido.

"Ao entrarem em contato (os policiais) com a vítima, a mesma relatou que não conhecia o agressor, tão pouco teria algum vínculo familiar. A vítima foi orientada a seguir até a Delegacia de Polícia para registrar a queixa-crime", esclarece a PM.

Também em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que registrou, por meio da CEPLANC, uma ocorrência de Lesão Corporal. “A vítima, uma mulher de 34 anos, afirma que estava em um bar, no bairro Parnamirim, e ao sair do banheiro um homem desconhecido a teria perguntado qual o seu sexo. Ela informou que teria perguntado a ele o motivo da pergunta e o autor teria nesse momento desferido um soco em seu rosto, quebrando o óculos que usava e lhe causando lesões”, detalha a polícia.

Ainda segundo a Polícia Civil, investigações foram iniciadas e seguem até o “total esclarecimento do ocorrido”.

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