Recife aqueceu 0,9ºC nos últimos meses por causa das mudanças climáticas, diz estudo
Análise foi feita pela organização estadunidense Climate Central em 678 cidades do mundo
Em colaboração com a Agência Brasil
Recife foi apontada como a quarta cidade que mais foi aquecida pelas mudanças climáticas do Brasil nos últimos meses. Segundo levantamento realizado pela organização estadunidense Climate Central, os termômetros subiram em média 0,90º na capital pernambucana no período entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024.
A frente do Recife, no país, estão Vila Velha (ES), com aquecimento de 1,15ºC, Goiânia (GO), com aumento de 0,99ºC na temperatura e Campinas (SP), que registrou alta de 0,93ºC na temperatura média. A nível mundial, Minneapolis, nos Estados Unidos, foi a que mais sofreu com as mudanças, com mais 5,59ºC.
O relatório apontou que aproximadamente 80% da população mundial, 6.7 bilhões de pessoas, foram expostas a calor incomum ligado às mudanças climáticas. Ainda, que mais da metade - 4.8 bilhões de pessoas, aproximadamente 59% - experimentaram pelo menos um dia de temperaturas que seriam virtualmente impossíveis sem a influência da poluição por carbono.
Já 1.7 bilhão de pessoas em todo o mundo, as temperaturas diárias durante este período - inverno meteorológico no hemisfério norte - atingiram o nível máximo 5 no Índice de Mudança Climática (CSI) da Climate Central pelo menos 31 vezes.
O estudo traz dados detalhados sobre temperaturas anômalas e o Índice de Mudança Climática para 175 países e 678 cidades em todo o mundo.
Para fazer a análise, foram utilizados dados de temperaturas diárias e anomalias de temperatura do período, além do Índice de Mudança Climática, em níveis globais, nacionais, estaduais e municipais.
Veja ranking de municípios brasileiros
- Vila Velha: 1,15°C
- Goiânia: 0,99°C
- Campinas: 0,93°C
- Recife: 0,90°C
- Salvador: 0,84°C
- Maceió: 0,77°C
- Manaus: 0,70°C
- Belém: 0,63°C
- Curitiba: 0,60°C
- Brasília: 0,59°C
- Guarulhos: 0,56°C
- São Paulo: 0,54°C
- Rio de Janeiro: 0,47°C
- Porto Alegre: 0,46°C
- São Gonçalo: 0,17°C
MUNICÍPIOS DESPREPARADOS
Uma implicação à descoberta é o fato de apenas 22% dos gestores considerarem que 22% dos gestores seus municípios estão preparados para enfrentar as mudanças climáticas, segundo afirmou nessa terça-feira (19) a gerente de sustentabilidade da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Cláudia Lins.
A afirmação foi feita durante a Oficina Federalismo Climático: integrando estados e municípios para a adaptação no Brasil, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Desde setembro de 2023, os encontros debatem com entes federados a agenda de transformação ecológica e as diretrizes do Plano Clima apresentadas pelo governo federal.
Segundo Cláudia, a ausência de capacidade técnica e financeira seria a principal razão apontada por gestores para a falta de preparo. “Nós precisamos pensar lá na ponta a adaptação, mas precisamos agir também na prevenção. Os dados dessa pesquisa também relataram que 68% dos municípios afirmaram nunca terem recebido nenhum recurso de estados ou do governo federal para atuar na prevenção às mudanças climáticas”, disse.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (foto), reconheceu os gargalos financeiros enfrentados por municípios e disse que o governo federal está atento a essas demandas. “Eu concordo que financeiramente a gente precisa se fortalecer cada vez mais, mas eu tenho um PIB (Produto Interno Bruto) extra também, quando um outro ministério está cumprindo a agenda do desenvolvimento sustentável”, destacou.